Narrativas do corpo e alianças políticas nos espaços públicos: escuta de vozes silenciadas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.51359/2357-9986.2021.249301

Palavras-chave:

Judith Butler, ação política, performance, lugar de fala

Resumo

O corpo e sua ação é o lugar primordial da filosofia, é nele que a força política resiste hoje por meio das assembleias, reuniões e performances realizadas por mulheres e corpos dissidentes. Diferentes narrativas são capazes de construir alianças políticas afetivas poderosas com o propósito de reverter aos diferentes tipos de silenciamentos que somos sumetidas. Butler propõe compreender não apenas o discurso como performatividade, mas incluir a ação que emerge entre os corpos. Ações que se apresentam como gestos, movimentos, persistência e também contempla possíveis violências que são capazes de reconfigurar o espaço da política e o que podemos considerar público nele. Sendo assim, o objetivo é trazer as anotações de Butler para pensar a potência deste corpo que pensa e fala, quais são as narrativas que ele constrói e estratégias de luta se criam pelo seu uso. Sendo assim, o objetivo é trazer as anotações de Butler para pensar a potência deste corpo que pensa e fala, quais são as narrativas que ele constrói e estratégias de luta se criam pelo seu uso. O artigo está dividido em três partes. Primeiro, atualização do conceito de ação política de Arendt como performance, por Butler. Segundo, performatividade não é apenas discurso, seja escrito ou falado, mas também se atualiza em ações corporais, em assembleias e nas ruas. Terceiro, as estratégias de luta pela palavra, o reconhecimento de outras vozes e escritas do corpo.

Biografia do Autor

Caroline Izidoro Marim, Universidade Federal de Pernambuco

Filósofa e bailarina contemporânea, pesquisadora nômade, desenvolve pesquisas nas áreas de ética, estética e epistemologia social feminista entrelaçando suas escritas corporais a partir do feminismo decolonial, da circulação ética e política das emoções, nomadismo e performance. Doutora pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atualmente é professora substituta na Universidade Federal de Pernambuco. Foi professora colaboradora do PPG em Filosofia PUCRS. Coordenadora do Grupo de Pesquisa Epistemologias, Narrativas e Políticas Afetivas Feministas – CNPq/PURS. Membra do GT Filosofia e Gênero da ANPOF e do Grupo em Pesquisas Decoloniais Carolina Maria de Jesus – CNPq/UFRJ.

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Publicado

2021-11-01

Edição

Seção

Dossiê temático Filósofas no Nordeste