O Anjo e o serafim. Neoplatonismo na legenda maior de Boaventura

Autores

DOI:

https://doi.org/10.51359/2357-9986.2022.253148

Palavras-chave:

Neoplatonismo medieval, Boaventura, Joaquim de Fiore, Franciscanos, Dionísio Pseudo-Areopagita

Resumo

A Legenda maior de Boaventura de Bagnoregio (1221-1274) é considerada a narrativa oficial da vida de Francisco de Assis (1182-1226) pelos meios eclesiásticos, especialmente os franciscanos. O texto foi escrito logo após Boaventura assumir como Ministro Geral da Ordem Franciscana, em meio às disputas polarizadas entre os conventuais e os espirituais, o clero secular e as novas ordens monásticas. Para a literatura crítica, a Legenda maior toma o partido dos franciscanos conventuais e a figura histórica e política de Francisco cede lugar à do místico contemplativo. Nossa hipótese é que a Legenda maior incorpora duas tendências do neoplatonismo, as quais direcionam a narrativa da vida de Francisco e a definição da missão de sua ordem recém-criada. A tendência do neoplatonismo incorporado por Joaquim de Fiore (1135-1202) embasa o franciscanismo profético e político dos espirituais, voltado para a realização histórica da figura de Francisco como o Anjo que traz o selo de Deus vivo. A outra tendência afirma o neoplatonismo de Dionísio Pseudo-Areopagita (s. VI), em que o Francisco místico ascende ao mais alto degrau das esferas angélicas, transformado em um Serafim alado.

Biografia do Autor

Noeli Dutra Rossatto, Universidade Federal de Santa Maria

Doutor em Filosofia. Professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Santa Maria.

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Publicado

2022-02-11

Edição

Seção

Número especial sobre Neoplatonismo - Fontes e Diálogos