Racismo de Estado, educação eugênica, mestiçagem e indícios da produção da branquitude no Brasil

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.51359/2357-9986.2024.260103

Palabras clave:

racismo de estado, eugenia, branquitude, mestiçagem

Resumen

O racismo de Estado é um conceito foucaultiano que demonstra o racismo como uma estratégia política e um instrumento de dominação. A eugenia atuou no Brasil na primeira metade do século XX sobretudo com a educação eugênica e pode ser definida como uma ciência ou método de seleção humana baseado principalmente em premissas biológicas e não relacionado com incompreensão religiosa ou com embates de um sistema de dominação político-econômica. O objetivo dessa pesquisa foi analisar na perspectiva do racismo de Estado, se existem indícios de como as teorias raciais modernas e a eugenia desdobrada dessas teorias, sobretudo a partir da educação eugênica, contribuíram para a constituição da branquitude no Brasil em um contexto marcado pela construção das narrativas identitárias nacionais. Foi realizado um levantamento de fontes históricas e bibliografia sobre o tema. Racismo de Estado, educação eugênica, mestiçagem, mito da democracia racial e branquitude são alguns temas que precisaram ser tensionados para esta pesquisa. A educação eugênica, aliada ao racismo de Estado, pode ser entendida como presente nas fontes históricas ao longo deste texto.

Biografía del autor/a

Manuel Alves de Sousa Junior, IFBA / UNISC -Universidade de Santa Cruz do Sul

Doutorando em educação pela UNISC, historiador, biólogo, especialista em Confluências africanas e afro-brasileiras e as relações étnico-raciais na educação, MBA em história da arte. Professor do IFBA campus Lauro de Freitas, membro do grupo de pesquisa Identidade e diferença na educação. Bolsista CAPES/PROSUC modalidade 2.

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Publicado

2024-11-21

Número

Sección

Numero especial: Filosofia da Raça