“A experiência vivida do negro"
Fanon e uma Fenomenologia Negra
DOI:
https://doi.org/10.51359/2357-9986.2024.260234Palavras-chave:
Merleau-Ponty, fenomenologia, cânone, filosofia decolonialResumo
A história da filosofia europeia/ocidental é marcada pela defesa inconcebível do seu cânone e de seus respectivos autores, demarcando a valorização de uma identificação das temáticas e objetos a serem recepcionados como aceitáveis a ela, considerando que a mesma desempenha um papel de validação da racionalidade e de tudo aquilo que se considera filosofia. Partindo disso, vê-se como imprescindível a análise da filosofia contemporânea como possibilitadora de uma crítica profunda ao cânone filosófico e aos seus autores mais tradicionais. Umas das linhas mais badaladas nessa concepção é identificada na vertente fenomenológica, especialmente na abordagem crítica que Merleau-Ponty confere a perspectiva cartesiana em sua abordagem ao corpo, principalmente por permitir uma visão mais abrangente da corporeidade e, consequentemente, uma aceitação mais profunda do corpo como objeto da consciência. Contudo, percebe-se que apesar da crítica, o autor da Fenomenologia da Percepção não parece ter interesse em se distanciar tanto do cânone, de modo que sua Fenomenologia parece limitada aos mesmos eixos e objetos já abordados, o que demonstra a necessidade de uma dupla crítica, em resposta à primeira, que parte da racialidade como proposição de um novo objeto. Dito isso, tomamos como objetivo deste trabalho a formulação de uma fenomenologia negra (ou colonial) como proposição crítica ao cânone, partindo da estruturação do pensamento de Frantz Fanon para construir uma derrubada dos preceitos da percepção branca/europeia/colonial a partir do destrinchar das significações do corpo negro.
Referências
AHMED, Sara, A Phenomenology of Whiteness. Sage Publications. London, Los Angeles, Singapure, and New Delhi. 2007, p. 149-168 (20 p).
ALVARENGA, Rodrigo. Esquema Corporal e Intencionalidade em Merleau-Ponty. Anais do Congresso de Fenomenologia da região Centro-Oeste, p. 241-250 (10 pp.), 2011
ALVES, Érika Cristina Silva. Moreira, Wagner Wey. Corpo/Corporeidade do negro. Dialogia, São Paulo, n38, p. 1-14, e20450, maio/ago. 2021.
AL-SAJI, Alia. To Lato: Racialized Time and the Closure of the past. Insights: Institute of Advanced Study at Durham University, 2013.
AL-SAJI, Alia. A Phenomenology of Hesitations: Interrupting Racializing Habits of Seeind. In: LEE, Emily S. Living Alterities: Phenomenology, Embodiment and Race. New York: SUNNY Series, 2014, p. 133-172 [40p.].
ANDRADE, E. A opacidade do Iluminismo. Kriterion,vol. 58, n. 137, p. 291-309, 2017. [19 pp.]
AZEVEDO, Denis de Souza. CAMINHA, Iraquitan de Oliveira. Ser no Mundo, Mundo Vivido e o Corpo Próprio Segundo Merleau-Ponty. Dialektiké, Natal, Vol 1, n.2, p. 15-37, 2015 [22 pp].
BALDWIN, James. Notas de Um Filho Nativo. 1º Edição. Companhia das Letras, São Paulo. 2020.
BANTOUHAMI, Hourya. L’emprise du corps: Fanon à l’une de la phenoménologie de Merleau Ponty. Cahier Philosophiques, 2014/3 (nº 138), p. 34 à 46. Editions Réseau Canopé,
BONNICI, Thomas. O pós-colonialismo e a literatura: estratégias de leitura. 2. Ed. Maringá, PR: Eduem, 2012. 375 p. ISBN: 9788576284277.
CRUZ, Rafaela dos Santos. A experiência corpórea do sujeito preto na obra Pele Negra, Máscaras Brancas, de Frantz Fanon. Dissertação (Mestrado em Psicologia) Faculdade de Ciências e Letras, UNESP. Assis, p. 84. 2023.
DELEUZE, G. GUATTARI, F. O que é a Filosofia? Trad. Bento Prado Júnior e Alberto Alonso Munoz. SãoPaulo: Editora 34, 2010.
DESCARTES: Meditações metafísicas. Col. Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
DESCARTES. Regras para a direção do espirito. Lisboa: Estampa, 1971.
DESCARTES. Princípios da filosofia. Trad. Alberto Ferreira. Lisboa: Guimaries, 1984.
DESCARTES. Discurso do método. Trad. J. Guinsburg e Bento Prado Junior. Coleção Os Pensadores, São Paulo: Abril, 1973..
FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Trad. Maria Adriana da Silva Caldas. Salvador: Livraria Fator, 1983.
FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Trad. Sebastião Nascimento. São Pualo: UBU editora, 2020.
FANON, Frantz. Os Condenados da Terra. Trad. Serafim Ferreira. Lisboa: Editora Ulisseia, 1961.
FAUSTINO, D. Por que Fanon, por que agora?: Frantz Fanon e os fanonismos no Brasil. São Carlos, SP. Tese de Doutorado. Universidade Federal de São Carlos, p. 252. 2015.
FERREIRA DA SILVA, D. Toward a Global Idea of Race. Minneapolis/London: University of Minnesota Press, 2008.
FERREIRA DA SILVA, D. Ninguém: direito, racialidade e violência. Belo Horizonte: Meritum, 2014.
FERREIRA DA SILVA, D. A dívida impagável. São Paulo: 2019.
FERREIRA DA SILVA, Denise. Blacklight. In: MOLLOY, Clare; PIROTTE, Philipe; SCHÖNEICH, Fabian (ed.). Otobong Nkanga: luster and lucre. Berlin: Sternberg Press, 2017.
FERREIRA DA SILVA, D. Unpayable Debt. London: 2022.
FERREIRA DA SILVA, Denise. Toward a black feminist poethics: the quest(ion) of blackness towards the end of the world. The Black Scholar, Brookline, v. 44, n. 2, p. 81-97, 2014.
GORDON, L. Prefácio. In: FANON, F. Pele Negra, Máscaras Brancas. Salvador. EdUfba, 2008.
GUENTHER, Lisa. Abolish the word as we know it: Notas for a praxis of phenomenology beyond critique. Journal of Critical Phenomenology, 2022, Vol. 5.2. Queens University.
GUSMÃO, Manuel. O texto da Filosofia e a experiência literária. Scripta: Linguística e Literatura. Belo Horizonte, v. 7, n. 12, jan.-jul. 2003, p. 235-257.
JUDY, Ronald A. T. Fanon’s Body of Black Experience. In: Fanon: A Critical Reader, eds Lewis R. Gordon, T. Denean Sharpley-Whiting, And Renéee T. White. Cambridge, MA: Blackwell Publishers, 1996, p. 53-73 (21p).
KHALFA, Jean. My body, this skin, this fire: Fanon on Flesh. Routledge, 2008, Trinity College, Cambridge.
KHALFA, Jean. “Corps Perdu”: a note on Fanon’s Cogito. Fórum of Modern Language Studies, 2004, Vol. nº 4, Cambridge.
KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. 1. Ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
LECLERC, André. Intencionalidade. In: Racionalidade, Intencionalidade e Semântica. BRITO, E. O.; Amaral, L.A.D. (Orgs.). 1ed. Guarapuava: Apolodoro Virtual Edições, 2023, v. 1, p. 21-49.
LUKÁCS, George. A teoria do romance. São Paulo: 34, 2000.
MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da Percepção. Trad. Carlos Alberto Ribeiro de Moura. 3º edição. São Paulo: Martins Fontes, 2006
PLATÃO. Apologia de Sócrates.
ROCHA, Emerson Ferreira. Os códigos da raça: uma perspectiva teórica sobre o racismo. Dissertação (Mestrado em Ciência Sociais). Instituto de Ciência Humanas. Universidade Federal de Juiz de Fora. Juiz de Fora, p. 182. 2010.
TAIWO, O. Of Problem Moderns and Excluded Moderns On the Essential Hybridity of Modernity. In: Taylor, P.; Alcoff, L.; Anderson, L. (Orgs.). The Routledge Companion to Philosophy of Race. London/New York: Routledge, 2018,p. 14-27 [13p.]
VERÍSSIMO, Danilo Saretta. A noção de esquema corporal na filosofia de Merleau-Ponty: análises em torno da fenomenologia da percepção. Estudos e Pesquisas em Psicologia, Rio de Janeiro. Volume 12, n.1, p. 205-225. (20 pp.) 2012.
VERÍSSIMO, Danilo Saretta. No limiar do mundo visível: a noção de esquema corporal nos curso de Merleau-Ponty na Sorbonne. Psicologia USP, São Paulo. Volume 23, n.2, p. 367-393. (27 pp.) 2012.
WEISS, Gail. Phenomenology and Race (Or Racializing Phenomenology). In: Taylor, P.; Alcoff, L.; Anderson, L. (Orgs.). The Routledge Companion to Philosophy of Race. London/New York: Routledge, 2018,p. 233-244 [12p.]
WEST, C A Genealogy of Modern Racism. In: Essed, P.; Goldberg, T. (Orgs.). Race Critical Theories. Text and Context. Malden: Blackwell, 2002, p. 90-112 [23 pp.]
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Pedro João da Silva Bisneto

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License. A Revista Perspectiva Filosófica orienta seus procedimentos de gestão de artigos conforme as diretrizes básicas formuladas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). http://www.cnpq.br/web/guest/diretrizes
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Os autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt_BR que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista, com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista (Consultar http://opcit.eprints.org/oacitation-biblio.html).

Esta revista está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.