Apresentação, lista de pareceristas e sumário

Abstract

Este número da revista Perspectiva Filosófica reúne artigos que orbitam a temática racial de diferentes pontos de vista. Nesse sentido, em “Cotas de um presente passado: raça e religião como categorias na elaboração de cotas para imigrantes pelo Estado brasileiro”, Camila Belarmino analisa que as narrativas que enaltecem a relação entre a imigração europeia e a prosperidade contribuem para a incompreensão do reconhecimento do ideal civilizatório da branquitude na sociedade brasileira.

Em “Metafísica da Raça”, Elzahra Mohamed Radwan Omar Osman analisa como a metafísica se constituiu em um discurso sobre o identitarismo branco que relega a ideia de relação a uma categoria menor relativamente aos modos como o pensamento da outridade e da alteridade se constituíram no Ocidente.

No artigo “Entre geobioethotipias y paradoja: La raza como categoría de análisis filosófico”, Fabrizio Fallas-Vargas trata da raça enquanto categoria analítica para a compreensão da alteridade nas matrizes da sociabilidade enquanto afetadas pela dominação.

Em “A estrutura racialmente enviesada da percepção espacial da branquitude”, Felipe Nogueira de Carvalho defende que a percepção do espaço é racialmente enviesada.

Em “Raça e Política: críticas brasileiras ao ativismo negro”, Flávio Williges discute as críticas de Antônio Risério e Francisco Bosco ao caráter particularista da política identitária, ao autoritarismo discursivo e à retórica vitimista e agressiva dos ativistas do movimento negro.

Gabriel Silveira de Andrade Antunes, em “Para que não se possa e para que se possa fazer filosofia: notas sobre racialização, colonização e descolonização institucional”, sustenta que as práticas de formação sob a racialização e a colonização preservam uma geopolítica econômica segundo a qual as teorias devem ser importadas da metrópole. Consequentemente, filósofos negros são descartados.

Em “Notas sobre o corpo em Frantz Fanon: a epidermização do racismo antinegro”, Glauber Franco de Oliveira, Guilbert Kallyan da Silva Araújo e Pedro Henrique Ciucci da Silva discutem o conceito de corpo na teoria de Frantz Fanon.

No artigo “Colonialismo digital e modernidade: as reconfigurações do racismo na contemporaneidade virtualizada”, Guilbert Kallyan da Silva Araújo, Jefferson Silva de Santana, Lassana Danfá, analisam as novas configurações do colonialismo na era da web 4.0.

Ialley Lopes da Silva, em “Pactos Ecoicos do Racismo”, analisa o conceito de pactos ecoicos no racismo.

No artigo “Do Genocídio do Negro ao Quilombismo: A Filosofia Política de Abdias do Nascimento sobre o racismo brasileiro (1978–1980)”, Juan Michel Montezuma dos Santos analisa a filosofia política de Abdias do Nascimento relativamente ao racismo brasileiro na escola.

Manuel Alves de Sousa Junior, em “Racismo de Estado, educação eugênica, mestiçagem e indícios da produção da branquitude no Brasil”, analisa como as teorias raciais modernas e a eugenia contribuíram para a constituição da branquitude no Brasil.

No artigo “Em defesa de um modelo argumentativo crítico-comparativo intercultural: um estudo a partir dos ritos de individuação dos candomblés nagô”, Marcos Aurélio Pensabem Ribeiro Filho e André Luiz Moreira, analisam alguns ritos e mitos nagô do Candomblé baiano a fim de mostrarem os vínculos entre o Brasil e África.

Em “A experiência vivida do negro: Fanon e uma Fenomenologia Negra”, Pedro João da Silva Bisneto formula uma fenomenologia negra para criticar o cânone.

No último artigo deste número, “Inscrição da escala racial negra no arquivo colonial português”, Pollyane Belo analisa a gradação racial negra em Chronica do descobrimento e a conquista da Guiné, de Gomes Eannes Azurara.

O número fecha com a resenha de Rogério Saucedo Corrêa sobre a tradução para o português brasileiro do livro “O contrato racial”, de Charles W. Mills.

Desejamos a todos e todas uma ótima leitura!