Sentido e verdade: revisitando o problema dos enunciados existenciais negativos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.51359/2357-9986.2020.248943

Palavras-chave:

nomes vazios, enunciados existenciais negativos, Wittgenstein. Kripke, proposições fulcrais

Resumo

Este artigo revisita o clássico problema dos nomes próprios vazios, ou ainda, problema dos enunciados existenciais singulares negativos. Partindo de um parentesco deste problema com o problema (ou paradoxo) do falso, o artigo mostra, em um primeiro momento, como Aristóteles introduz uma distinção entre “nome” e “declaração” com o intuito de separar as condições de sentido das condições de verdade de um enunciado, abrindo assim a possibilidade para que um discurso seja falso sem ser, por isso, destituído de sentido. Em seguida, o artigo mostra como a ideia de que o sentido é anterior à verdade é radicalizada no Tractatus de Wittgenstein, radicalização que tem, como uma de suas consequências, a necessidade de se distinguir entre nomes próprios ordinários (que serão tratados como equivalentes a descrições) e nomes próprios logicamente genuínos, para os quais sequer se coloca a questão da existência ou não-existência. Em um terceiro momento, a atenção se volta à obra de Kripke a fim de mostrar como este, ao negar que os nomes próprios da linguagem ordinária sejam equivalentes a descrições, vai chegar, em sua análise dos enunciados existenciais negativos, à recusa daquilo que Aristóteles e Wittgenstein punham como pressuposto, a saber, a anterioridade do sentido de um enunciado em relação à sua verdade ou falsidade. A partir disso, algumas conclusões um tanto quanto paradoxais são extraídas da análise de Kripke para estes enunciados. Por fim, o artigo busca fornecer uma via para entendê-las por meio de uma comparação, ainda que bastante breve, desses enunciados com aquilo que Wittgenstein chama, na sua última obra, de proposições fulcrais (hinge propositions).

Biografia do Autor

Anderson Luis Nakano, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)

Doutor em Filosofia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

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Publicado

2020-11-27

Edição

Seção

Número Especial sobre Filosofia da Lógica