Elementos para uma moral de inspiração bergsoniana
DOI:
https://doi.org/10.51359/2357-9986.2021.249038Palavras-chave:
Henri Bergson, moral, sociedadeResumo
Partindo de uma compreensão específica do processo evolutivo, poderíamos constatar que o desenvolvimento da vida humana pela via da racionalidade nos direcionou a uma lógica exploratória e egoísta face à qual nos encontramos hoje. Tal argumento encontra eco no pensamento do filósofo francês Henri Bergson (1859-1941) que, no final da vida, dedicou-se a pensar os fundamentos morais e religiosos da sociedade, cujo caráter fechado serviria de base a todas as formas de opressão e negação da diversidade humana. No entanto, a leitura do primeiro capítulo da obra As duas fontes da moral e da religião (1932), de Bergson, nos deixa antever um aparente paradoxo, qual seja: a fim de recriarmos nossos valores, a fim de transpormos o comportamento social fundado na lógica da inteligência, no individualismo, no confronto com o diferente, na exploração desenfreada das fontes naturais de vida e subsistência, na exploração animal, seria necessário não um retorno à natureza, mas sua superação. Afinal, segundo a ótica bergsoniana, a moral social se constituiu biologicamente pela via do fechamento e não da abertura, de modo que, a fim de repensarmos nossos hábitos ditos civilizados, uma mudança seria imprescindível, uma transposição daquela moral naturalmente fechada para outra em vias de alargar-se, tal como vislumbrada pelo filósofo na obra de 1932.
Referências
BERGSON, H. A evolução criadora [1907]. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
BERGSON, H. As duas fontes da moral e da religião [1932]. Coimbra: Almedina, 2005.
BERGSON, H. Duração e simultaneidade [1922]. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
BERGSON, H. O pensamento e o movente [1934]. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
CAEYMAEX, F. “À propos de l’émotion créatrice. Vie, institution et histoire dans Les deux sources”. In: FRANÇOIS et RIQUIER. Annalles bergsoniennes VIII. Bergson, La morale, les émotion. Paris: PUF, 2017.
CRUTZEN, P. J. “Geology of mankind”. Nature, v. 415, n. 6867, 2002, p.23.
DESCARTES, R. Meditações. São Paulo: Nova Cultural, 1988. (Coleção Os pensadores).
DIAGNE, S. B. Bergson pós-colonial: o elã vital no pensamento de Léopold Sédar Senghor e Muhammad Iqbal, Florianópolis: Cultura e Barbárie, 2018.
FRANÇOIS, A. “Sensibilité et émotion chez Bergson et Hume”. In: FRANÇOIS, A.; RIQUIER, C. Annalles bergsoniennes VIII. Bergson, La morale, les émotion. Paris: PUF, 2017.
HUME, D. Tratado da natureza humana. São Paulo: Ed. UNESP, 2009.
KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. São Paulo: Discurso editorial (Bacarolla), 2009.
LANDIM, M. L. Ética e natureza. Rio de Janeiro: Uapê, 2001.
PLATÃO. A república. São Paulo: Nova Cultural, 2004 (Coleção Os pensadores).
SCHICK, J. F. M. “Intuition et émotion: une relation méconnue”. In: FRANÇOIS, A.; RIQUIER, C. Annalles bergsoniennes VIII. Bergson, La morale, les émotion. Paris: PUF, 2017.
SIBERTAIN BLANC, G. “Le rire comme fait social total (éléments de sociologie bergsonienne)”. In: WORMS, F.; RIQUIER, C. Lire Bergson. Paris: PUF, 2011.
SINGER, P. Ética prática. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
SINGER, P. Libertação animal. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
SITE DA PLATAFORMA INTERGOVERNAMENTAL DE POLÍTICAS CIENTÍFICAS SOBRE SERVIÇOS DE BIODIVERSIDADE E ECOSSISTEMAS. Disponível em: https://ipbes.net/global-assessment-report-biodiversity-ecosystem-services. Acesso em: 27 jan. 2020.
SITE DO PAINEL INTERGOVERNAMENTAL SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS. Disponível em: https://www.ipcc.ch/sr15/. Acesso em: 27 jan. 2020.
VIEILLARD-BARON , J.L. “Le rôle de l’Allemagne dans l’interprétation des émotions par Bergson”. In: FRANÇOIS, A.; RIQUIER, C. Annalles bergsoniennes VIII. Bergson, La morale, les émotion. Paris: PUF, 2017
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
A Revista Perspectiva Filosófica orienta seus procedimentos de gestão de artigos conforme as diretrizes básicas formuladas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). http://www.cnpq.br/web/guest/diretrizesAutores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Os autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt_BR que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista, com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista (Consultar http://opcit.eprints.org/oacitation-biblio.html).

Esta revista está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.