Ideologia e Partidos no Brasil: reflexão e prática a partir dos programas de governo
DOI:
https://doi.org/10.51359/1808-8708.2021.246797Palavras-chave:
Análise automatizada de texto, Ideologia, Partidos, Programas de governo, WordfishResumo
O objetivo deste artigo é discutir a classificação ideológica dos partidos brasileiros a partir de seus programas de governo. Para isso, organizo a exposição a partir de dois eixos. O primeiro, de caráter teórico, debate se e de que maneira esses documentos podem ser utilizados como objetos de mensuração de posições ideológicas, sobretudo a partir das contribuições da teoria da saliência da competição partidária. Nesse âmbito, apresento uma síntese das classificações já elaboradas para o caso brasileiro por meio dos programas de governo. Os limites dessas categorizações dão origem ao segundo eixo da discussão proposta, de caráter metodológico, e se volta para a apresentação de técnicas de análise automatizada de texto, alternativas ao esquema de codificação manual elaborado pelo Manifesto Project/MARPOR. Dando corpo às questões levantadas ao longo do artigo, realizo um exercício de análise de 889 plataformas eleitorais registradas por candidatos a cargos executivos no Brasil nos três níveis de disputa desde 2010. Para isso, utilizo a técnica de escalonamento, wordfish, concluindo que, embora haja casos nas diversas arenas em que a competição programática é organizada ideologicamente, há outras dimensões que podem estruturar essas disputas.Referências
ALDRICH, John. (1983), “A downsian spatial model with party activism”. American Political Science Review, vol. 77, no. 4: 974–990.
ALESINA, Alberto. (1988), “Credibility and policy convergence in a two-party system with rational voters”. The American Economic Review, vol. 78, no. 4: 796–805.
ALLAN, James; SCRUGGS, Lyle. (2004), “Political partisanship and welfare state reform in advanced industrial societies”. American Journal of Political Science, vol. 48, no. 3: 496-512.
AUTOR, XXXX
AUTOR, XXXX
BABIRESKI, Flávia. (2014), “As diferenças entre a direita do Brasil, Chile e Uruguai: análise dos programas e manifestos partidários”. Paraná Eleitoral, vol. 3, no. 1: 171–198.
BENOIT, Kenneth; LAVER, Michael. (2006), Party Policy in Modern Democracies. New York, Routledge.
BOBBIO, Norberto. (1995). Direita e esquerda: razões e significados de uma distinção política. São Paulo, Ed. UNESP.
BUDGE, Ian; FARLIE, Dennis. (1983), Explaining and predicting elections: issue effects and party strategies in twenty-three democracies. London/Boston, Unwin Hyman.
CHAPPELL JR., Henry.; KEECH, William. (1986), “Policy motivation and party differences in a dynamic spatial model of party competition”. American Political Science Review, vol. 80, no. 3: 881–899.
CODATO, Adriano; BERLATTO, Fábia; BOLOGNESI, Bruno. (2018), “Tipologia dos políticos de direita no Brasil: uma classificação empírica”. Análise Social, no. 229: 870-897.
DE SIO, Lorenzo; WEBER, Till. (2014) “Issue yield: A model of party strategy in multidimensional space”. American Political Science Review, vol. 108, no. 4: 870–885.
DOWNS, Anthony. (1957), An economic theory of democracy. New York, Harper.
GRIMMER, Justin; STEWART, Brandon. (2013), “Text as data: the promise and pitfalls of automatic content analysis methods for political texts”. Political Analysis, vol. 21, no. 3: 267–297.
GROFMAN, Bernard. (2004), “Downs and two-party convergence”. Annual Review of Political Science, vol. 7: 25-46.
HOPKINS, Daniel; KING, Gary. (2010), “A method of automated nonparametric content analysis for social science”. American Journal of Political Science, vol. 54, no. 1: 229-247.
IZUMI, Maurício; MOREIRA, Davi. (2018), “O texto como dado: desafios e oportunidade para as ciências sociais”. BIB, vol. 2, no. 86: 138-174.
JORGE, Vladimyr; SILVA, Mayra; FARIA, Alessandra; FERREIRA, Ana Rita. (2018), “Análise dos programas eleitorais dos candidatos a presidente em 2014: o posicionamento ideológico do PT e do PSDB”. Revista de Sociologia e Política, vol. 26, no. 67: 1–20.
KLINGEMANN, Hans-Dieter; VOLKENS, Andrea; BUDGE, Ian; BARA, Judith; MCDONALD, Michael. (2006), Mapping Policy Preferences II: Estimates for Parties, Electors,
and Governments in Eastern Europe, European Union, and OECD 1990-2003. Oxford, Oxford
University Press.
LAVER, Michael; BUDGE, Ian. (1992), Party policy and coalition policy in Europe. London, Macmillan.
LAVER, Michael; BENOIT, Kenneth; GARRY, John. (2003), “Extracting policy positions from political texts using word as data”. Political Science Review, vol. 97, no. 2: 311–331.
LEHMANN, Pola; MATTHIEß, Theres; MERZ, Nicolas; REGEL, Sven; WERNER, Annika. (2019), Manifesto Corpus. Version: 2019b. Berlin: WZB Berlin Social Science Center.
LOWE, Will. (2016), “Scaling things we can count”. Working paper, American Political Science Association meeting.
MADEIRA, Rafael; VIEIRA, Soraia; TAROUCO, Gabriela. (2017), “Agendas, preferências e competição: PT e PSDB em disputas presidenciais”. Caderno CRH, vol. 30, no. 80: 257–273.
MONROE, Burt; COLARESI, Michael; QUINN, Kevin. (2008), “Fightin'words: Lexical feature selection and evaluation for identifying the content of political conflict”. Political Analysis, vol. 16, no. 4: 372-403.
MONROE, Burt; SCHRODT, Philip. (2008), “Introduction to the special issue: The statistical analysis of political text”. Political Analysis, vol. 16, no. 4: 351–355.
OLIVEIRA, Augusto. (2011), “Os discursos programáticos dos partidos políticos na América Latina: identidade de classe e política econômica”. Mediações, vol. 16, no. 1: 201–221.
OLIVEIRA, Augusto. (2014), Representação Programática em 16 Democracias Presidencialistas: América Latina, 2000-2010. 226 p. Tese (Doutorado em Ciência Política) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
PETROCIK, John. (1996), “Issue ownership in presidential elections, with a 1980 case study”. American Journal of Political Science, vol. 40, no. 3: 825–850.
REPASS, David. (1971), “Issue salience and party choice”. American Political Science Review, vol. 65, no. 2: 389–400.
RIKER, William. (1982), “The two-party system and Duverger’s Law: An essay on the history of political science.” American Political Science Review, vol. 76, no. 4: 753–766.
ROBERTSON, David. (1976), A Theory of Party Competition. New York, Wiley.
ROEMER, John. (2001), Political competition: theory and applications. Cambridge, Harvard University Press.
SARTORI, Giovanni. (1976), Parties and Party Systems: a framework for analysis. Colchester: ECPR Press.
SCHMITTER, Philippe; KARL, Terry. (1991), “What democracy is... and is not”. Journal of Democracy, vol. 3, no. 2: 75–88.
SLAPIN, Jonathan; PROKSCH, Sven-Oliver. (2008), “A scaling model for estimating time-series party positions from texts”. American Journal of Political Science, vol. 52, no. 3: 705-722.
STOKES, Donald. (1963), “Spatial models of party competition”. American Journal of Political Science, vol. 34, no. 2: 565–598.
TAROUCO, Gabriela. (2011), “Brazilian parties according to their manifestos: Political identity and programmatic emphases”. Brazilian Political Science Review, vol. 5, no. 1: 54–76.
TAROUCO, Gabriela; MADEIRA, Rafael. (2013), “Partidos, programas e o debate sobre esquerda e direita no Brasil”. Revista de Sociologia e Política, vol. 21, no. 45: 149–165.
VOLKENS, Andrea; LEHMANN, Pola; MATTHIEß, Theres; MERZ, Nicolas; REGEL, Sven; WERNER, Annika. (2016), The Manifesto Project Dataset - Codebook. Manifesto Project
(MRG/CMP/MARPOR). Version 2016a. Berlin: Wissenschaftszentrum Berlin für Sozialforschung (WZB).
WITTMAN, Donald. (1983), “Candidate motivation: a synthesis of alternative theories”. American Political Science Review, vol. 77, no. 1: 142–157.
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Nara Salles

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License. href="http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm">Lei de Direito Autoral n. 9610/98, a Lei nº 5.805/72, bem como os Acordos e Tratados Internacionais de Direito Autoral em vigor no Brasil, quais sejam: Convenção de Berna para a Proteção de Obras Literárias e Artísticas (Decreto Nº 75.699, DE 6 DE MAIO DE 1975), Convenção Universal sobre o Direito de Autor (Decreto Nº 76.905, de 24 DE DEZEMBRO DE 1975), e a Convenção Interamericana sobre os Direitos de Autor em Obras Literárias, Científicas e Artísticas (Decreto Nº 26.675, DE 18 DE MAIO DE 1949).
(2) Os direitos sobre as publicações nesta revista eletrônica pertencem ao(s) autor(es), com direitos de primeira publicação cedidos à Revista Política Hoje. Em virtude do caráter eletrônico da revista, os artigos são de uso gratuito em aplicações educacionais, sem fins comerciais e disponibilizados na Internet no site da revista.