Uma Câmara só para carimbar? Produção legislativa do Senado brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.51359/1808-8708.2021.255992Palavras-chave:
Bicameralismo, Senado Federal, Produção Legislativa.Resumo
O bicameralismo pressupõe dois locus de atuação no Poder Legislativo. No entanto, o Senado Federal é frequentemente deixado de lado pela literatura. A revisão sistemática da literatura demonstra que nos poucos estudos existentes há apenas menção ao aspecto reativo ou ao perfil dos membros da casa, esquecendo-se que senadores também são propositores de leis. O artigo procura responder se deputados propõem e aprovam, proporcionalmente, um número maior de leis ordinárias do que senadores. A partir da análise dos dados de produção e aprovação legislativa das duas câmaras entre 1991 e 2018, demonstramos o inverso: são os senadores que apresentam e aprovam, proporcionalmente, um número maior de projetos de leis, repelindo, assim, o apelido do Senado de uma simples "casa revisora". Desta forma, a contribuição deste trabalho consiste em (re)colocar o Senado Federal no centro das atenções do estudo das relações entre executivo e legislativo no Brasil.
Referências
Albala, A. (2017a). Bicameralism and Coalition Cabinets in Presidential Polities: A configurational analysis of the coalition formation and duration processes. The British Journal of Politics and International Relations, 19(4), 735–754. Recuperado de https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/1369148117727440
Albala, A. (2017b). Coalition Presidentialism in Bicameral Congresses: How does the Control of a Bicameral Majority Affect Coalition Survival? Brazilian Political Science Review, 11(2). Recuperado de: https://doi.org/10.1590/1981-3821201700020002
Amorim, O., Neto & Santos, F. (2002). A produção legislativa do Congresso: entre a paróquia e a nação. In: L. W. Viana (Org.), A democracia e os três poderes no Brasil (Cap. X, pp. 91-139). Belo Horizonte, MG: Universidade Federal de Minas Gerais/Rio de Janeiro, RJ: Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro.
Amorim, O., Neto & Santos, F. (2003). O segredo ineficiente revisto: o que propõem e o que aprovam os deputados brasileiros. Dados, 46(4), 661–698. Recuperado de http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0011-52582003000400002
Araújo, P. M. (2010). Câmara alta e bicameralismo no Brasil: análise da produção legislativa a partir do senado federal (1989-2004). Revista de informação legislativa, 47(187), 245-268. Recuperado de https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/198705/000897831.pdf?sequence=1&isAllowed=y
Araújo, P. M. (2012). O bicameralismo no Brasil: argumentos sobre a importância do Senado na análise do processo decisório federal. Política & Sociedade, 11(21), 83-135. Recuperado de https://periodicos.ufsc.br/index.php/politica/article/view/2175-7984.2012v11n21p83/22663
Araújo, P. M. (2014). Bicameralismo e Poder Executivo no Brasil: revisão de projetos presidenciais entre 1989-2010. Opinião Pública, 20(1), 67–95. Recuperado de http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-62762014000100004
Benz, A. (2018). Shared Rule vs Self-Rule? Bicameralism, Power-Sharing and the ‘Joint Decision Trap’. Perspectives on Federalism, 10(2), 30–48. Recuperado de http://archive.sciendo.com/POF/pof.2018.10.issue-2/pof-2018-0015/pof-2018-0015.pdf
Carroll, R. & Pachón, M. (2016). The Unrealized Potential of Presidential Coalitions in Colombia. In E. Alemán & G. Tsebelis (Org.), Legislative Institutions and Lawmaking in Latin America (Cap. X, pp. 122-147). Oxford, Reino Unido: Oxford University Press.
Congressbr. (2017). Congressbr: An R Package for Analysing Data from Brazil's Chamber of Deputies and Federal Senate. Recuperado de https://osf.io/n5jd8.
Diermeier, D., Eraslan, H. & Merlo, A. M. (2007). Bicameralism and Government Formation. Quarterly Journal of Political Science, 2(3), 227-252. Recuperado de https://www.cambridge.org/core/journals/european-political-science-review/article/abs/bicameralism-and-government-formation-does-bicameral-incongruence-affect-bargaining-delays/B4B4D962BEF477C8301DE96A74177677
Druckman, J. F. & Thies, M. (2002). The importance of concurrence: the impact of bicameralism on government formation and duration. American Journal of Political Science, 46(4), 760-771. Recuperado de https://www.jstor.org/stable/3088432?seq=1#metadata_info_tab_contents
Druckman, J. N., Martin, L. W. & Thies, M. F. (2005). Influence without Confidence: Upper Chambers and Government Formation. Legislative Studies Quarterly, 30(4), 529–548. Recuperado de https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.3162/036298005X201662
Agência DIAP. (2018, 08 de outubro). Eleições 2018: Câmara Federal tem renovação de 52%. Recuperado de https://www.diap.org.br/index.php/noticias/agencia-diap/88889-eleicoes-2018-camara-dos-deputados-tem-renovacao-de-52
Eppner, S. & Ganghof, S. (2015). Do (weak) upper houses matter for cabinet formation? A replication and correction. Research & Politics, 2(1), 1–5. Recuperado de https://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/2053168015577969
Eppner, S. & Ganghof, S. (2017). Institutional veto players and cabinet formation: The veto control hypothesis reconsidered. European Journal of Political Research, 56(1), 169–186. Recuperado de https://ejpr.onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/1475-6765.12172
Fermandois, A. (1997). El senado en el derecho comparado. Revista Chilena de Derecho, 24(2), 277-313. Recuperado de https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/2650007.pdf
Figueiredo, A. & Limongi, F. (1999). Executivo e Legislativo na Nova Ordem Constitucional. Rio de Janeiro RJ: Editora FGV.
Gamper, A. (2018). Legislative Functions of Second Chambers in Federal Systems. Perspectives on Federalism, 10(2), 117–133. Recuperado de http://archive.sciendo.com/POF/pof.2018.10.issue-2/pof-2018-0019/pof-2018-0019.pdf
Giannetti, D., Pedrazzani, A. & Pinto, L. (2017). Bicameral incongruence and the duration of the government formation process in European democracies. In 7th Annual General Conference of the European Political Science Association, Milan, Spain.
Hamilton, A., Madison, J. & Jay, J. (2003). O Federalista. Belo Horizonte, MG: Editora Líder.
Heller, W. B. (2007). Divided Politics: Bicameralism, Parties, and Policy in Democratic Legislatures. Annual Review of Political Science, 10(1), 245–269. Recuperado de https://www.annualreviews.org/doi/full/10.1146/annurev.polisci.10.071105.112758
Hiroi, T. (2008). The Dynamics of Lawmaking in a Bicameral Legislature: The Case of Brazil. Comparative Political Studies, 41(12), 1583–1606. Recuperado de https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/0010414007308536
Hiroi, T. & Neiva, P. (2013). Malapportionment and Geographical Bases of Electoral Support in the Brazilian Senate. Journal of Politics in Latin America, 5(1), 127–150. Recuperado de https://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/1866802X1300500106
Izumi, M. Y. (2016). Governo e Oposição no Senado Brasileiro (1989-2010). Dados, 59(1), 91–138. Recuperado de https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0011-52582016000100091&script=sci_abstract&tlng=pt
Kalandrakis, T. (2004). Bicameral Winning Coalitions and Equilibrium Federal Legislatures. Legislative Studies Quarterly, 29(1), 49–79. Recuperado de https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.3162/036298004X201096
Klenke, J. (2015). Bicameral Oversized Coalitions – Unnecessarily Large Coalitions? (Tese de Bacharelado). Scholl-Institut für Politikwissenschaf, München.
Lemos, L. B. de S. (2001). O Congresso Brasileiro e a distribuição de benefícios sociais no período 1988-1994: uma análise distributivista. Dados, 44(3), 561–630. Recuperado de http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0011-52582001000300004
Lemos, L. B. de S. & Ranincheski, S. (2002). O perfil sociopolítico dos senadores brasileiros. Revista Senatus, 2(1), 33-39. Recuperado de https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/70297/0657232%20O%20perfil%20sociopol%c3%adtico.pdf?sequence=3&isAllowed=y
Lijphart, A. (1999). Patterns of democracy: government forms and performance in thirty-six countries. Yale, United States: Yale University.
Llanos, M. (2003). El bicameralism en América Latina. In. J. Woischnik (Ed.), Anuario de derecho constitucional latinoamericano (pp. 347-378). Montevideo, Uruguay: KAS.
Llanos, M. & Nolte, D. (2003). Bicameralism in the Americas: around the extremes of symmetry and incongruence. The Journal of Legislative Studies, 9(3), 54-86. Recuperado de https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/1357233042000246864
Llanos, M. & Sánchez, F. (2006a). Bicameralismo em perspectiva comparada. In L. Avritzer & F. Anastasia (Ed.), Reforma Política no Brasil (pp. 159-164). Belo Horizonte, MG: PNUD/Editora UFMG.
Llanos, M. & Sanchez, F. (2006b). Council of Elders? The Senate and Its Members in the Southern Cone. Latin American Research Review, 41(1), 133–152. Recuperado de https://www.researchgate.net/publication/236811938_Council_of_Elders_The_Senate_and_Its_Members_in_the_Southern_Cone
Melo, R. C. (2011). Dinâmica Intercameral e processo legislativo no Brasil 1990-2006 (Tese de Mestrado). Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
Mendonça, M. de S. (2015). Leis nacionais e partidos menos clientelistas? O caso do Senado brasileiro. Teoria e Pesquisa, 24(1). 78–95. Recuperado de http://www.teoriaepesquisa.ufscar.br/index.php/tp/article/view/430/283
Neiva, P. R. P. (2006). Os determinantes da existência e dos poderes das câmaras altas: federalismo ou presidencialismo. Dados, 49(2), 269–299. Recuperado de http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0011-52582006000200002
Neiva, P. R. P. (2011). Coesão e disciplina partidária no Senado Federal. Dados, 54(2), 289-318. Recuperado de https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0011-52582011000200003
Neiva, P. R. P. & Soares, M. M. (2013). Senado brasileiro: casa federativa ou partidária? Revista Brasileira de Ciências Sociais, 28(81), 97–115. Recuperado de http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69092013000100007
Nikonova, L. I., Markhgeym, M. V., Novikova, A. E., Minasyan, A. A. & Kurova, N. N. (2017). Constitutional Spheres and Forms of Interaction among Chamber in Modern Parliaments. Journal of Politics and Law, 10(4), 201-2016. Recuperado de http://www.ccsenet.org/journal/index.php/jpl/article/view/70328
Palermo, F. (2018). Beyond Second Chambers: Alternative Representation of Territorial Interests and Their Reasons. Perspectives on Federalism, 10(2), 49–70. Recuperado de https://doi.org/10.2478/pof-2018-0016
Parameswaran, G. (2018). Bargaining and Bicameralism: Bargaining and Bicameralism. Legislative Studies Quarterly, 43(1), 101–139. Recuperado de https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/lsq.12179
Passaglia, P. (2018). Unicameralism, Bicameralism, Multicameralism: Evolution and Trends in Europe. Perspectives on Federalism, 10(2), 1–29. Recuperado de https://doi.org/10.2478/pof-2018-0014
Reynoso, D. (2002). ¿Es tan malo el malapportionment? Sobrerrepresentación distrital, bicameralismo y heterogeneidad. Republicana Política y Sociedad, 1(1), 55-64. Recuperado de http://148.202.18.157/sitios/publicacionesite/pperiod/republicana/pdf/ActaRep01/articulos55.pdf
Reynoso, D. (2010). La diversidad institucional del bicameralismo en América Latina. Perfiles Latinoamericanos, 18(35), 105-144. Recuperado de http://www.scielo.org.mx/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0188-76532010000100005
Ricci, P. (2003). O conteúdo da produção legislativa brasileira: leis nacionais ou políticas paroquiais? Dados, 46(4), 699–734. Recuperado de http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0011-52582003000400003
Ricci, P. (2008). A produção legislativa de iniciativa parlamentar no Congresso brasileiro: diferenças e similaridades entre a Câmara dos Deputados e o Senado Federal. In L. Lemos (Ed.), O Senado Federal brasileiro no pós-constituinte (pp. 237-272). Brasília, CF: Senado Federal.
Rubiatti, B. de C. (2017). Sistema de resolução de conflitos e o papel do Senado como Câmara revisora no bicameralismo brasileiro. Revista Brasileira de Ciência Política, 23, 35-74. Recuperado de https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-33522017000200035&lng=pt&tlng=pt
Rubiatti, B. de C. & Almeida, P. A. P. (2018). O Destino das Emendas dos Deputados Federais aos Projetos do Senado. Revista FSA, 5(4), 64–81. Recuperado de http://www4.unifsa.com.br/revista/index.php/fsa/article/view/1570
Russell, M. (2013). Rethinking Bicameral Strength: A Three-Dimensional Approach. The Journal of Legislative Studies, 19(3), 370–391. Recuperado de https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/13572334.2013.773639
Sáez, M. A., Montero, M. G. & López, F. S. (2005). El poder legislativo en América Latina a través de sus normas (1a ed.). Salamanca, Espanha: Ediciones Universidad de Salamanca.
Sampaio, J. A. L. (2018). Os poderes da câmara alta nos Estados federais. Revista da Faculdade de Direito UFPR, 63(1), 41-63. Recuperado de https://revistas.ufpr.br/direito/article/view/54021
Samuels, D. & Snyder, R. (2001). The Value of a Vote: Malapportionment in Comparative Perspective. British Journal of Political Science, 31(4), 651–671. Recuperado de https://www.jstor.org/stable/3593296?seq=1#metadata_info_tab_contents
Sánchez, F., Nolte, D. & Llanos, M. (2005). Bicameralismo, Senados y senadores en el Cono Sur latinoamericano. Barcelona, Espanha: Parlament de Catalunya/Institut de Ciències Polítiques i Socials.
Shell, D. R. (1998). The second chamber question. The Journal of Legislative Studies, 4(2), 17-32. Recuperado de https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/13572339808420551
Shepsle, K. A., Houweling, R. P. V., Abrams, S. J. & Hanson, P. C. (2009). The Senate Electoral Cycle and Bicameral Appropriations Politics. American Journal of Political Science, 53(2), 343–359. Recuperado de https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/19543433/
Shugart, M. & Carey, J. M. (1992). Presidents and Assemblies. New York, United States: Cambridge University Press.
Simoni, S., Jr., Dardaque, R. M. & Mingardi, L. M. (2016). A elite parlamentar brasileira de 1995 a 2010: até que ponto vai a popularização da classe política? Colombia Internacional, 87, 109–143. Recuperado de http://www.scielo.org.co/scielo.php?pid=S0121-56122016000200006&script=sci_abstract&tlng=pt
Stepan, A. (1999). Para uma nova análise comparativa do federalismo e da democracia: federações que restringem ou ampliam o poder do Demos. Dados, 42(2), 197–251. Recuperado de https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0011-52581999000200001
Tsebelis, G. & Money, J. (1997). Bicameralism. Cambridge, United States: Cambridge University Press.
Tsebelis, G. (2017). The Role of the Senate after the Italian Constitutional Reform. Italian Political Science Review, 47(1), 87-104. Recuperado de https://doi.org/10.1017/ipo.2016.21
Volden, C. & Wiseman, A. E. (2018). Legislative Effectiveness in the United States Senate. The Journal of Politics, 80(2), 731–735. Recuperado de https://www.journals.uchicago.edu/doi/abs/10.1086/697121
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Adrián Albala, Lucas Couto, Amanda Lopes, Bernardo Livramento

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License. href="http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm">Lei de Direito Autoral n. 9610/98, a Lei nº 5.805/72, bem como os Acordos e Tratados Internacionais de Direito Autoral em vigor no Brasil, quais sejam: Convenção de Berna para a Proteção de Obras Literárias e Artísticas (Decreto Nº 75.699, DE 6 DE MAIO DE 1975), Convenção Universal sobre o Direito de Autor (Decreto Nº 76.905, de 24 DE DEZEMBRO DE 1975), e a Convenção Interamericana sobre os Direitos de Autor em Obras Literárias, Científicas e Artísticas (Decreto Nº 26.675, DE 18 DE MAIO DE 1949).
(2) Os direitos sobre as publicações nesta revista eletrônica pertencem ao(s) autor(es), com direitos de primeira publicação cedidos à Revista Política Hoje. Em virtude do caráter eletrônico da revista, os artigos são de uso gratuito em aplicações educacionais, sem fins comerciais e disponibilizados na Internet no site da revista.