LEI 11 645/08: UMA ANÁLISE DAS PRÁTICAS CURRICULARES EM UMA ESCOLA MUNICIPAL DO RECIFE DESDE O MITO DE MALUNGUINHO
Resumo
Nossa pesquisa decorre de questões que se fazem frequentes em debates e discussões sobre o racismo com professores e colegas de profissão. Desta feita, nos preocupávamos sobre que outros discursos poderiam dialogar com o currículo escolar numa tentativa de romper com a hierarquia de saberes, contribuindo para a formação de “novas” subjetividades. Ao pensar em um currículo que esteja atento ao que escapa da lógica hegemônica, percebemos que sempre existirá algo que ele não irá abarcar e que está fora. E nesse caso, esse “está fora” é o que nos chama atenção atualmente para se pensar no potencial educativo do Mito. Há uma grande possibilidade de se forjar "novas" subjetividades através da abertura para novos campos discursivos, e essa possibilidade nos chama a atenção quando tratamos aqui de tais fenômenos. O mito traz consigo o potencial de inaugurar novas lógicas narrativas, e mesmo sendo ele tendencialmente hegemônico, articula como princípio de leitura a construção de novas formações discursivas dentro de um campo discursivo. Desta forma, lançamos o seguinte questionamento: Que princípios pedagógicos poderiam favorecer uma educação para as relações étnico-raciais que considerassem, efetivamente, os valores das matrizes civilizacionais africanas e indígenas? Nessa esteira, percebendo a necessidade de romper com as lógicas hegemônicas (Laclau, 2000) constitutivas de certa forma escolar (Canário, 2005), com o objetivo de sugerir princípios geradores de práticas curriculares que ampliem os horizontes de aplicabilidade da lei 11.645/08 desde os valores das matrizes civilizacionais supracitadas. Nesse sentido, consideramos que este é um diálogo fecundo e criativo, para nós educadores que, ao pensar na educação das relações étnico-raciais, podemos nos basear na experiência africana e indígena ressignificada no "Brasil" e, desde o Brasil colônia promover aos povos da mata e afro descendentes uma conexão outra com um mundo descolonizado.Referências
LACLAU, Ernesto. Emancipação e diferença. Rio de janeiro: UERJ, 2011.
___________, Ernesto. Hegemonía y estrategia socialista: Hacia uma radicalización dela democracia. Madrid: Siglo XXI,1985.
MACEDO, E. LOPES, A. C. Currículos: Debates contemporâneos. São Paulo: Cortez, 2010.
MAINGUENEAU, Dominique. Discurso e análise do discurso. In: SIGNORINI, Inês (Org). [Re] discutir texto, gênero e discurso. São Paulo: Parábola Editorial, 2008 d.p. 135-156.