Teoria do discurso como semiótica dos fluxos

Autores

  • Ronaldo Laurentino de Sales Júnior Universidade Federal de Campina Grande
  • Clóvis Alberto Vieira de Melo Universidade Federal de Campina Grande

Palavras-chave:

teoria do discurso, semiótica, modelo, sistema, fluxo

Resumo

Este ensaio busca desenvolver, introdutoriamente, um modelo para uma Teoria do Discurso como teoria qualitativa (topológica) de relações quantitativas (distribuições estatísticas) associadas a efeitos de sentido (semióticos). Empregaremos a noção de “modelo” como obra de ficção, cujas propriedades podem ser reais, mas que são, via de regra, propriedades de conveniência, que ajudam a dar consistência ao modelo e a aplicar a teoria, mas não são necessariamente encontradas em situações reais. Nesse modelo, a compreensão dos campos de discursividade como campos de vetores estruturalmente estáveis, sua caracterização em termos de elementos constitutivos de um campo (pontos de equilíbrio, trajetórias) constitui ponto de partida para o estudo de mudanças estruturais (bifurcações), onde decisões desempenham papel estratégico na estabilidade das formações discursivas, sistemas regulados de dispersão. Tomaremos como fenômenos sociais delimitados para essa análise o sistema jurídico e o fluxo de justiça. O sistema jurídico é um dos lugares privilegiados para o estudo dos conflitos sociais como relações de poder que conduzem a uma formalização parcial dos fluxos de justiça. O fluxo de justiça atravessa todo campo social, articulando ações legais, extralegais ou contralegais (desobediência civil, revolução, insurreição, guerra civil...), convergindo (judicialização do conflito) ou não para o sistema jurídico, subvertendo-o ou transformando-o.

Biografia do Autor

Ronaldo Laurentino de Sales Júnior, Universidade Federal de Campina Grande

Ronaldo Laurentino de Sales Júnior é doutor em Sociologia e Professor da Unidade Acadêmica de Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de Campina Grande. Pesquisa o discurso jurídico, raça e justiça. Tem desenvolvido estudos sobre relações étnico-raciais e ações afirmativas e políticas sociais, assim como na área de metodologia científica, especialmente análise de discurso. Publicou Raça e justiça: o mito da democracia racial e o racismo institucional no fluxo da justiça, Recife, Massangana, 2009.

Clóvis Alberto Vieira de Melo, Universidade Federal de Campina Grande

Clóvis Alberto Vieira de Melo é professor da Universidade Federal de Campina Grande. Suas áreas de interesse são instituições políticas e políticas públicas. Pesquisa os problemas que envolvem a corrupção no setor público, em especial seu efeito no nível de eficiência das políticas públicas de educação. Possui trabalhos sobre o uso de indicadores no processo de agenda setting, o efeito das coligações partidária no sucesso eleitoral, distritos informais, e execução de emendas parlamentares. É editor da Revista Estudos de Política (REPOL).

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