Normatividade ontológica e eurocentrismo na teoria de Axel Honneth: Um déficit crítico?
DOI:
https://doi.org/10.51359/2317-5427.2018.243411Palavras-chave:
teoria do reconhecimento, Axel Honneth, ontologia, normatividade, eurocentrismoResumo
Em primeiro lugar, este artigo tenta mostrar que há uma confusão entre o que pode ser considerado normativo e o que pode ser visto como pressuposto ontológico na teoria honnethiana. A ideia é que, na construção de sua crítica a Habermas, o suposto fundamento normativo para o qual a Teoria Crítica deveria voltar sua atenção e seus esforços científicos, filosóficos e políticos já é parte da teoria, por assim dizer, e não necessariamente um dado imanente da realidade social. Dessa problemática, surgem dois pontos derivados. O primeiro é demonstrar que, a despeito do projeto honnethiano empiricamente fundamentado, aquela normatividade ontológica é construída, teórica e politicamente, dentro de um escopo histórico-valorativo fortemente eurocêntrico com pretensões universalistas. O segundo ponto é mostrar que Honneth pagará um preço alto ao não levar em conta que, legitimadas ou não, as instituições modernas identificadas por ele como condicionantes da liberdade social têm importâncias e efeitos distintos a depender do contexto sócio-histórico. Isto, defendo, teria enfraquecido o potencial crítico da teoria do reconhecimento honnethiana.
Referências
ALEXANDER, Jeffrey C.; LARA, Maria Pia. 1996. Honneth's new critical theory of recognition. New Left Review, London, n. 220, p. 126-136.
ALLEN, Amy. 2010. Recognizing domination: recognition and power in Honneth’s critical theory. In: Journal of Power, v. 3, n. 1, pp. 21–32.
ALLEN, Amy. 2015. The end of progress: decolonizing the normative foundations of Critical Theory. Columbia University Press, New York.
BASAURE, Mauro. 2011. The grammar of an ambivalence: on the legacy of Pierre Bourdieu in the Critical Theory of Axel Honneth. In: Simon Susen; Bryan S. Turner (Editores): The Legacy of Pierre Bourdieu – Critical Essays, Anthem Press, UK.
BOWIE, Andrew. 2003. Introduction to German Philosophy: from Kant to Habermas. Polity Press, Cambridge.
BUCHWALTER, Andrew. 2016. The Concept of Normative Reconstruction: Honneth, Hegel, and the Aims of Critical Social Theory. In: Reconstructing Social Theory, History and Practice, p. 57-88.
CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. 2011. Cidade de muros: crime, segregação e cidadania em São Paulo. 3ª edição, Ed. 34; São Paulo: EdUsp,
CAMPELLO, Filipe. 2014. O Hegel de Honneth. Pólemos, Brasília, vol. 3, n. 6, p. 97-123. Disponível em: http://periodicos.unb.br/index.php/polemos/article/view/14948
CAMPELLO, Filipe. 2017. Axel Honneth e a virada afetiva na Teoria Crítica. Conjectura: Filos. Educ., Caxias do Sul, v. 22, n. especial, p. 104-126. Disponível em: http://www.ucs.br/etc/revistas/index.php/conjectura/article/view/4856
FRASER, Nancy; HONNETH, Axel. 2003. Redistribution or recognition?: a political-philosophical exchange. London: Verso.
HABERMAS, Jurgen. 2002. O discurso filosófico da modernidade: doze lições. São Paulo, Martins Fontes.
HABERMAS, Jurgen. 2012. Teoria do Agir Comunicativo: racionalidade da ação e racionalização do social. São Paulo: WMF Martins Fontes.
HONNETH, Axel; JOAS, Hans. [1980] (1988). Social action and human nature. Cambridge, Cambridge University Press.
HONNETH, Axel. 1991. The critique of power: reflective stages in a critical social theory. Massachusets: MIT Press.
HONNETH, Axel. 1999. Teoria Crítica. In: Giddens, A.; Turner, J. (Orgs): Teoria social hoje. Editora Unesp.
HONNETH, Axel. 2001a. Invisibility: on the epistemology of recognition. In: Aristotelian Society Supplementary Volume, vol. 75, n. 1, pp. 111–126.
HONNETH, Axel. 2001b. Recognition or Redistribution? Changing Perspectives on the Moral Order of Society. In: Theory, Culture & Society, v. 18, n. 2-3, pp. 43-55.
HONNETH, Axel. 2004. Recognition and Justice: outline of a Plural Theory of Justice. In: Acta Sociologica, v. 47, n. 4, pp. 351-364.
HONNETH, Axel. 2007d. Sofrimento de indeterminação: uma reatualização da Filosofia do Direito de Hegel. São Paulo: Editora Singular, Esfera Pública.
HONNETH, Axel. 2008. Reification: A New Look at an Old Idea. Oxford University Press.
HONNETH, Axel. 2003a. Luta por reconhecimento: a gramática moral dos conflitos sociais. São Paulo: Ed. 34.
HONNETH, Axel. 2003b. Patologias da liberdade individual: o diagnóstico hegeliano de época e o presente. Novos Estudos CEBRAP, n. 66, p. 77-90.
HONNETH, Axel. 2007a. The social dynamics of disrespect: on the location of critical theory today. In:HONNETH, Axel. Disrespect: the normative foundations of Critical Theory. Cambridge UK, Polity Press.
HONNETH, Axel. 2007b. The Other of Justice: Habermas and the ethical challenge of Postmodernism. In: HONNETH, Axel. Disrespect: the normative foundations of Critical Theory. Cambridge UK, Polity Press.
HONNETH, Axel. 2007c. Recognition as ideology. In:VAN DEN BRINK, Bert; OWEN, David (editores): Recognition and Power. Cambridge University Press: UK/New York.
HONNETH, Axel. 2014a. Freedom’s right: The social foundations of democratic life. New York, NY: Columbia University Press.
HONNETH, Axel. 2014b. The Normativity of Ethical Life. Philosophy and Social Criticism, v. 40, no. 8, p. 817–826
HONNETH, Axel. 2015. O direito da liberdade. São Paulo: Martins Fontes.
LYSAKER, Odin; JACOBSEN, Jonas. 2010. Social Critique between Anthropology and Reconstruction:An Interview with Axel Honneth. In: Norsk Filosofisk Tidsskrift, n. 3, pp. 162-174.
MENDONÇA, Ricardo F. 2009. Dimensão intersubjetiva da auto-realização: em defesa da teoria do reconhecimento. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, vol. 24, n. 70, p. 143-154. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69092009000200009
McNAY, Lois. 2008. Against recognition. Cambridge: Polity Press.
NOBRE, Marcos. 2013. Reconstrução em dois níveis: um aspecto do modelo crítico de Axel Honneth. In: MELO, Rúrion (coord.): A teoria crítica de Axel Honneth: reconhecimento, liberdade e justiça. Editora Saraiva.
PACHECO, Mariana Pimentel Fisher. 2016. Honneth e a pulsão: sobre as razões e as consequências para a crítica social da rejeição honnethiana à pulsão de morte freudiana. In: Psicologia USP, São Paulo, v. 27, n.1, pp. 78-85. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/psicousp/article/view/114755
PETHERBRIDGE, Danielle. 2011. Introduction: Axel Honneth’s projec of Critical Theory. In: PETHERBRIDGE, D. (Ed): Axel Honneth: Critical Essays. With a reply by Axel Honneth. Leiden/Boston: Brill.
REPA, Luiz. 2017. Compreensões de reConstrução: sobre a noção de CrítiCa reConstrutiva em Habermas e Celikates. In: Trans/Form/Ação, Marília, v. 40, n. 3, pp. 9-28
SOUZA, Jessé. 2009. Ralé brasileira: quem é e como vive. Belo Horizonte, Editora UFMG.
TILLY, Charles. 1998. Durable inequality. California, University of California Press.
YOUNG, Iris Marion.2007. Recognition of love’s labor: considering Axel Honneth’s feminism. In: VAN DEN BRINK, B.; OWEN, D. (Eds) Recognition and power: Axel Honneth and the tradition of critical social theory. Cambridge: Cambridge University Press, pp. 189–212.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2018 Estudos de Sociologia - ISSN: 2317-5427

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License. Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado