Tocar, interpretar, escutar: praticar a música ou fazê-la agir?

Autores

  • Antoine Hennion

DOI:

https://doi.org/10.51359/2317-5427.2019.243761

Palavras-chave:

performance, música, jogo, amador, participação, público

Resumo

Neste artigo, Antoine Hennion retoma de forma magistral as questões da mediação sociológica. Socorrendo-se das particularidades da música, defende que esta fornece um modelo de abordagem das obras de arte que funciona numa dupla entrada: de um lado, a música é objeto de uma performance necessária da obra; mas do outro, a música assume-se como uma performance ativa de quem a aprecia (amador) no amplo sentido. Para existir, uma obra musical deve ser executada e (re)vivida. Indo mais além, Hennion argumenta que ler música não é a mesma coisa que ler um romance e tem ainda menos a ver com a ideia de ler um quadro. Sem falar na necessidade de interposição de um intérprete ou de uma orquestra entre o ouvinte comum e a partitura. Mesmo no caso de uma leitura mental, a operação é muito diferente: “ler” música supõe que a executemos na cabeça, que sejamos seu próprio intérprete, o que demanda uma ação, uma competência e uma habilidade altamente treinadas, de modo incomensurável à simples leitura de uma obra escrita, uma competência que – do contrário – é ordinária e transparente. Não estamos mais diante de uma oposição dual entre obra e recepção, mas envoltos em camadas superpostas de presença, passagens que tornam mais denso o acontecimento e intensificam as coisas de forma oblíqua.

Biografia do Autor

Antoine Hennion

Sociólogo, professor e Diretor de Pesquisas no Centro de Sociologia da Inovação, École des Mines ParisTech, Paris, França.

Referências

BUTLER, Judith. 1997. Excitable speech: a politics of the performative. New York: Routledge.

DANTO, Arthur. 1989. La transfiguration du banal. Paris: Seuil.

DENORA, Tia. 2000. Music in everyday life. Cambridge: Cambridge University Press.

ECO, Umberto. 1971 [1962]. L’œuvre ouverte. Paris: Seuil.

ECO, Umberto. 1985 [1979]. Lector in fabula. Paris: Grasset.

FOURMENTRAUX, Jean-Paul. 2005. Art et Internet. Les nouvelles figures de la création. Paris: CNRS Éditions.

FRIED, Michael. 1990 [1980]. La place du spectateur. Paris: Gallimard.

GELL, Alfred. 2009 [998]. L’art et ses agents. Paris: Les Presses du Réel.

GENETTE, Gérard. 1994. L’œuvre de l’art. Immanence et transcendance. Paris: Seuil.

GOODMAN, Nelson. 1990 [1968]. Langages de l’art. Paris: Jacqueline Chambon.

HENNION, Antoine. 2007 [1993]. La passion musicale. Paris: Métailié.

HENNION, Antoine. 2009. Réflexivités. L’activité de l’amateur. Réseaux, n° 153. p. 55-78.

HENNION, Antoine. 2010. Vous avez dit attachements?... In: AKRICH et al (éd.). Débordements...Mélanges en l’honneur de Michel Callon. Paris: Presses de l’École des Mines. p. 179-190.

HENNION, Antoine. 2011. “Aussi vite que possible...” La virtuosité, une vérité de la performance musicale? Ateliers du LESC, 32.

HENNION, Antoine. 20012. Jouer, interpréter, écouter – Pratiquer la musique, ou la faire agir? In: FOURMENTRAUX, J-P. (dir.). L’ère post-média. Humanités digitales et cultures numériques, Paris: Hermann, p. 87-102.

ISER, Wolfgang. 1985 [1976]. L’acte de lecture. Bruxelles: Mardaga.

JAMES, William. 2005 [1912]. Essais d’empirisme radical. Marseille: Agone.

JAUSS, Hans R. 1978 [1975] Pour une esthétique de la réception. Paris: Gallimard.

JOHNSON, James H. 1995. Listening in Paris. A cultural history. Berkeley: University of California Press.

KEMP, Wolfgang. 1985. Der Betrachter ist im Bild. Köln: DuMont.

LEENHARDT, Jacques; JOZSA, Pierre. 1982. Lire la lecture. Paris: Le Sycomore.

MARIN, Louis. 1989. Opacité de la peinture. Paris: Usher. PASSERON, Jean-Claude; PEDLER, Emmanuel. 1991. Le temps donné aux tableaux.

CERCOM/IMEREC. PECQUEUX, Anthony; ROUEFF, Olivier (dir.). 2009. Écologie sociale de l’oreille. Paris: Éditions de l’ÉHÉSS.

SHAPIRO, Roberta. 2004. Qu’est-ce que l’artification?. XVIIe Congrès de l’AISLF. Tours: AISLF.

SOURIAU, Étienne. 2009 [1943-1956]. Les différents modes d’existence. Suivi de "L’œuvre à faire". Paris: PUF.

Downloads

Publicado

19-12-2019