A organização do trabalho e a busca por autonomia das famílias produtoras de queijo de coalho artesanal do Agreste Pernambucano
DOI:
https://doi.org/10.51359/2317-5427.2024.261469Schlagworte:
Agreste Pernambucano, modernização da agricultura, qualidade dos alimentos, produtores de queijo artesanal, trabalho ruralAbstract
Esta pesquisa aborda os processos de modernização no campo, indagando como esses meios de controle interferem na produção e comercialização de queijo de coalho artesanal no Agreste Pernambucano. No estado pernambucano, constata-se que, independentemente da grande importância socioeconômica do queijo de coalho artesanal, muitos produtores familiares estão, segundo as normas, na “clandestinidade” e vivem sob constante ameaça de apreensão porque suas mercadorias passam a ser consideradas ilegais pela vigilância sanitária. As situações vividas pelos produtores familiares para a elaboração e comercialização desses alimentos foram analisadas com base nas contribuições de teóricos que há décadas estudam o campesinato (Brandão, 1999; Woortmann, 1990), como objeto legítimo das Ciências Sociais. Levando em consideração o contexto pandêmico da Covid-19, investigou-se como tais atores sociais, sobretudo dos municípios de São Bento e Capoeiras, em sua luta por autonomia, por fim constatando que eles mobilizam diferentes estratégias para lidar com a dinâmica técnico-industrializante como meio de organizar o seu modo de vida, para permanecerem em suas atividades produtivas.
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