O Consórcio Nordeste e a mudança climática: entre paradiplomacia e capitalismo verde
DOI :
https://doi.org/10.51359/2317-5427.2025.264349Mots-clés :
aquecimento global, Consórcio Nordeste, ecologia política, mudança climática, paradiplomaciaRésumé
O Consórcio Nordeste é uma organização política criada em 2019 para promover a gestão integrada dos estados da região Nordeste do Brasil. Este artigo tem como objetivo analisar sua atuação em relação à mudança global do clima e à proteção ambiental no período de 2019 a 2022. A pesquisa fundamenta-se na Ecopolítica Crítica Internacional, investigando se as ações do Consórcio representam um avanço real na mitigação climática ou se permanecem dentro da lógica do capitalismo verde. Os resultados indicam que, apesar de iniciativas como a criação da Câmara Temática do Meio Ambiente e parcerias internacionais, como a cooperação com a França para investimentos em energias renováveis, saneamento e agricultura sustentável, sua atuação ainda se alinha a estratégias mercantilistas. A organização adota práticas paradiplomáticas progressistas, promovendo projetos de sustentabilidade e monetização de ativos ambientais, mas sem desafiar as bases do modelo econômico vigente.
Références
ACSELRAD, Henri. As práticas espaciais e o campo dos conflitos ambientais. In: ACSELRAD, Henri (org.). Conflitos ambientais no Brasil. Rio de Janeiro: Relume Dumará, Fundação Heinrich Boll, 2004.
BAMBIRRA, Vânia. O Capitalismo Dependente Latino-Americano. Florianópolis: Insular, 2012 [1978].
CLEMENTINO, Maria do Livramento Miranda. A atualidade e o ineditismo do Consórcio Nordeste. Boletim regional, urbano e ambiental. Ipea, jul-dez., p. 165-174, 2019.
CORDEIRO, Manuela Souza Siqueira; NOVAES, Roberta Brandão; BARCELLOS, Sérgio Botton. A questão ambiental e o governo Bolsonaro: entre conflitos ambientais e ideias conspiratórias. Raízes: Revista de Ciências Sociais e Econômicas, v. 42, n. 2, p. 263-276, 2022.
ECKERSLEY, Robyn. Green Theory. In: DUNNE, Tim, et. al (eds.). International Relations Theories: Discipline and Diversity. Oxford: Oxford University Press, 2013.
FEARNSIDE, Philip Martin. Desmatamento ilegal zero, mais uma distorção do Bolsonaro. Amazônia Real, v. 26, 2021.
FEARNSIDE, Philip Martin. Desmatamento na Amazônia: O Governo ataca o mensageiro. Amazônia Real, v. 5, 2019.
FERNANDES, Sabrina. Ecosocialism from the Margins. NACLA Report on the Americas, v. 52, n. 2, p. 137-143, 2020.
FRANK, Andre Gunder. Capitalism and Underdevelopment in Latin America: Historical Studies of Chile and Brazil. New York and London: Monthly Review Press, 1967.
JIMÉNEZ, A. M.; Justicia ambiental: del concepto a la aplicación en planificación y análisis de políticas territoriales. Scripta Nova, v. XIV, n. 316, 2010.
LEIS, Héctor Ricardo. A modernidade insustentável: as críticas do ambientalismo à sociedade contemporânea. Petrópolis (RJ), Santa Catarina: Vozes; Editora UFSC, 1999.
MARANHÃO (Estado). Câmara de Gestão Pública e Inovação do Consórcio Nordeste planeja ações para 2022. Agência de Notícias. 2022. Disponível em: https://www.ma.gov.br/noticias/camara-de-gestao-publica-e-inovacao-do-consorcio-nordeste-planeja-acoes-para-2022. Acesso em: 16 jan. 2023.
MARTINEZ-ALIER, Joan. O ecologismo dos pobres: conflitos ambientais e linguagens de valoração. São Paulo: Contexto, 2007.
MASTINI, Riccardo; KALLIS, Giorgos; HICKEL, Jason. A green new deal without growth?. Ecological Economics, v. 179, p. 106832, 2021.
NOGUEIRA, Silvia Garcia; MELO, Filipe Reis; GALDINO, Amanda Caroline. A imagem ambiental do Brasil no governo Bolsonaro: análise de uma percepção latino-americana. Sul Global, v. 1, n. 2, p. 31-63, 2020.
O’CONNOR, James. Es posible el capitalismo sostenible?. In: ALIMODA, Hector; ARAMOUNI, Alberto (comp.). Ecologia Politica, Naturaleza, Sociedad y Utopia. Buenos Aires: Clacso, p. 27-52, 2002.
OLIVEIRA, Francisco de. A Economia da Dependência Imperfeita. 4. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1984.
OLIVEIRA, Pedro Carvalho. O Nordeste Brasileiro Entra na Guerra Fria: Poder e Fragmentação Política Nas Relações Brasil-Estados Unidos Diante da Aliança Para o Progresso (1961-1964). História e Cultura, v. 9, n. 2, p. 447463-447463, 2020.
PAIM, Isla. CONSÓRCIO NORDESTE. INSTITUCIONAL. 2023. Disponível em: http://www.consorcionordeste-ne.com.br/institucional/. Acesso em: 16 jan. 2023.
PATERSON, Matthew. Green Politics. In: BURCHILL, Scott et al (eds.). Theories of International Relations. Basingstoke, New York: Palgrave Macmillian, p. 235-57, 2005.
PATERSON, Matthew. Understanding Global Environmental Politics: Domination, Accumulation, Resistance. New York: ST. MARTIN’S PRESS, INC, 2000.
ROSSI, Rinaldo de Castilho; SILVA, Simone Affonso da. O Consórcio do Nordeste e o federalismo brasileiro em tempos de Covid-19. Espaço e Economia. Revista brasileira de geografia econômica, n. 18, 2020.
SACHS, Wolfgang (ed). The Development Dictionary: A Guide to Knowledge as Power. London: Zed, 1992.
SANT’ANNA, Fernanda Mello; MOREIRA, Helena Margarido. Ecologia política e relações internacionais: os desafios da Ecopolítica Crítica Internacional. Revista Brasileira de Ciência Política, p. 205-248, 2016.
SAURIN, Julian. Global environmental degradation, modernity and environmental knowledge. Environmental Politics, v. 2, n. 4, p. 46-64, 1993.
SAURIN, Julian. Globalisation, poverty, and the promises of modernity. Millennium, v. 25, n. 3, p. 657-680, 1996.
SCANTIMBURGO, André. O desmonte da agenda ambiental no governo Bolsonaro. Perspectivas: Revista de Ciências Sociais, v. 52, 2018.
SOLDATOS, Panayotis. An Explanatory Framework for the Study of Federated States as Foreign-policy Actors. In: MICHELMANN, Hans J.; SOLDATOS, Panayotis. Federalism and International Relations: the role of subnational units. New York: Oxford University Press, 1990.
WAPNER, Paul. The importance of critical environmental studies in the new environmentalism. Global Environmental Politics, v. 8, n. 1, p. 6-13, 2008.
WILLIAMS, Marc. International political economy and global environmental change. In: VOGLER, John; IMBER, Mark F.; (eds.). The Environment and International Relations. London, New York: Routledge, 1996.
Documentos:
BEZERRA, Fátima. “Consórcio Nordeste e França assinam carta de cooperação na área ambiental!...” 19 nov. 2019. Twitter: @fatimabezerra. Disponível em: https://twitter.com/fatimabezerra/status/1196832929378373632. Acesso em: 17 jan. 2023.
CONSÓRCIO NORDESTE. CONSÓRCIO INTERESTADUAL DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO NORDESTE. 2019. Estatuto do Consórcio Interestadual Desenvolvimento Sustentável do Nordeste – Consórcio Nordeste. Estado da Bahia: Salvador, [publicado em 11 de julho de 2019].
CONSÓRCIO NORDESTE. Consórcio Nordeste projeta novas ações conjuntas para 2020. Notícias. 2020. Disponível em: http://www.consorcionordeste-ne.com.br/consorcio-nordeste-projeta-novas-acoes-conjuntas-para-2020/. Acesso em: 18 jan. 2023.
CONSÓRCIO NORDESTE. MEIO AMBIENTE – NORDESTE: BOAS PRÁTICAS EM POLÍTICAS PÚBLICAS. Manual, 2022. Disponível em: http://www.consorcionordeste-ne.com.br/wp-content/uploads/2022/12/manual-bppp-v3.pdf. Acesso em: 18 jan. 2023.
CONSÓRCIO NORDESTE. NORDESTE PELA AÇÃO CLIMÁTICA. Carta, 2021. Disponível em: https://cidadeverde.com/assets/uploads/files/carta%20clima%20consorcio_1618930316.pdf. Acesso em: 18 jan. 2023.
FÓRUM DE GOVERNADORES DO NORDESTE. Carta dos Governadores do Nordeste. 2019. Disponível em: https://www.ma.gov.br/agenciadenoticias/wp-content/uploads/2019/03/Carta-dos-Governadores-do-Nordeste-14.03.19.pdf. Acesso em: 26 set. 2021.
LEITE, Roberto. Assembleia Geral do Consórcio Nordeste institui Comitê Científico de Mudanças Climáticas. 2024. GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ. Disponível em: https://www.ceara.gov.br/2024/02/01/assembleia-geral-do-consorcio-nordeste-institui-comite-cientifico-de-mudancas-climaticas/. Acesso em: 06 abr. 2024.
PIAUÍ (Estado). ENCONTRO COMEMORATIVO DE COOPERAÇÃO. Declaração conjunta dos estados do Nordeste e da Embaixada da França no Brasil, 2021b. Disponível em: https://www.pi.gov.br/wp-content/uploads/2021/07/AS-061-21-oficio-Encontro-Comemorativo-A4_.pdf. Acesso em: 16 jan. 2023.
PIAUÍ (Estado). PORTARIA Nº 04/CIDSNE/PRES, DE 04 DE MARÇO DE 2021. Diário Oficial Teresina (PI), 4 mar. 2021a, Nº 44, Piauí. Disponível em: http://www.consorcionordeste-ne.com.br/wp-content/uploads/2021/03/Portaria-n%C2%BA-04-2021-C%C3%A2mara-Tem%C3%A1tica-Meio-Ambiente-DOE.pdf. Acesso em: 16 jan. 2023.
PIAUÍ (Estado). Wellington Dias apresentará Edital PRO Verde na COP26. Notícia. 2021c. Disponível em: https://www.pi.gov.br/noticias/wellington-dias-apresentara-edital-pro-verde-na-cop26/. Acesso em: 16 jan. 2023.
PROJETO TURISMO SUSTENTÁVEL. ENCONTROS FRANCO-BRASILEIROS DO TURISMO SUSTENTÁVEL: UMA DAS RESPOSTAS À CRISE DA COVID-19. Turismo Sustentável: França - Brasil, s.d. Disponível em: https://projetoturismosustentavel.com.br/wp-content/uploads/2021/04/ENCONTROS-FRANCO-BRASILEIROS-DO-TURISMO-SUSTENTA%CC%81VEL_-UMA-DAS-RESPOSTAS-A%CC%80-CRISE-DA-COVID-19_PROGRAMA_22-04-21.pdf. Acesso em: 16 jan. 2023.
PT. Consórcio Nordeste e França assinam carta de cooperação na área ambiental. Notícias do PT, 2019. Disponível em: https://pt.org.br/consorcio-nordeste-e-franca-assinam-carta-de-cooperacao-na-area-ambiental/. Acesso em: 16 jan. 2023.
Téléchargements
Publié-e
Numéro
Rubrique
Licence
© Kelvin Araújo da Nóbrega Dias 2025

Cette œuvre est sous licence Creative Commons Attribution 4.0 International.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado