Negociações dialógicas nas identidades de cuidadoras de pessoas idosas: uma reflexão sobre um trabalho de quase
DOI:
https://doi.org/10.51359/2317-5427.2024.261648Parole chiave:
trabalho de cuidado, self dialógico, trabalho doméstico, trabalho na saúde, trajetória profissionalAbstract
O presente artigo versa sobre as identidades profissionais construídas e transformadas por cuidadoras de pessoas idosas. O estudo se baseia em metodologia qualitativa, tendo como participantes oito mulheres que atuam como cuidadoras na cidade de Porto Alegre e região. Foram realizadas entrevistas abertas e de formato virtual, objetivando alcançar narrações autobiográficas sobre suas trajetórias de vida e ocupacionais. As entrevistas foram gravadas, transcritas e, posteriormente, analisadas mediante preceitos da Análise Crítica do Discurso (ACD), que apreendeu a emergência de categorias de análise. Inicialmente, realizamos uma contextualização sobre o mercado de trabalho da profissão cuidadora, discutindo sobre vagas, agenciamento e rede de indicações. Posteriormente, discutimos os borramentos de fronteiras da profissão cuidadora, em específico com a atuação das empregadas domésticas e de profissões associadas à enfermagem. Compreendeu-se a existência de tensões, rearranjos e acordos subjetivos, evidenciando a mutiplicidade de posições de si (self) para dar conta das demandas técnicas, afetivas e relacionais acionadas pelo trabalho de cuidado.
Riferimenti bibliografici
ARAUJO, A. B. Gênero, reciprocidade e mercado no cuidado de idosos. Estudos Feministas, v. 27, n.1, p. 1-13, 2019.
ARAUJO, A. B.; MONTICELLI, T. A.; ACCIARI, L. Trabalho doméstico e de cuidado: um campo de debate. Tempo Social, v. 33, n.1, p. 145-167, 2021.
BATISTA, A. S.; ARAÚJO, A. B. Intimidade e mercado: o cuidado de idosos em instituições de longa permanência. Sociedade e Estado, v. 26, n. 1, p. 175–195, 2011.
BONEZ, M. C.; BRITES, J. G. O trabalho de cuidado no sindicato das trabalhadoras domésticas de Pelotas, RS. Século XXI: Revista de Ciências Sociais, v. 9, n. 3, p. 854–875, 2020.
BRITES, J. Afeto e desigualdade: gênero, geração e classe entre empregadas domésticas e seus empregadores. Cadernos Pagu, n. 29, p. 91–109, 2007.
BRITES, J.; FONSECA, C. Cuidados profesionales en el espacio doméstico: algunas reflexiones desde Brasil. Íconos - Revista de Ciencias Sociales, v. 18, n. 50, p. 163, 2014.
BRITES, J.; PICANÇO, F. O emprego doméstico no Brasil em números, tensões e contradições: alguns achados de pesquisas. Revista Latino-americana de estudos do trabalho, n. 31, p. 131-158, 2014.
BRITO, F. Demographic transitions and social inequalities in Brazil. Revista Brasileira de Estudos de População, v. 25, p. 5–26, 2008.
BRITTO DA MOTTA, A. Emprego doméstico: revendo o Novo. Caderno CRH, v. 5, n. 16, 2007.
CARRASCO, C.; BORDERIAS, C.; TORNS, T. Introducción. El trabajo de cuidados: antecedentes históricos y debates actuales. Em: CARRASCO, C.; BORDERÍAS, C.; TORNS, T. (Ed.). El trabajo de cuidados: historia, teorías y política. Madrid: Catarata, 2011.
CRESWELL, J. W. Projeto de Pesquisa: Métodos Qualitativo, Quantitativo e Misto. Porto Alegre: Artmed, 2010.
DEBERT, G. G.; OLIVEIRA, A. M. A profissionalização da atividade de cuidar de idosos no Brasil. Revista Brasileira de Ciência Política, p. 07-41, 2015.
DEBERT, G. G.; PULHEZ, M. M. Desafios do cuidado: gênero, velhice e deficiência. 2 ed. Campinas: UNICAMP/IFCH, 2019.
FEDERICI, S. O ponto zero da revolução. São Paulo: Editora Elefant, 2019.
FREIRE, S. F. DE C. D.; BRANCO, A. U. A Teoria do Self Dialógico em Perspectiva. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 32, n. 1, p. 25–33, 2016.
FREITAS, M. T. DE A. A abordagem sócio-histórica como orientadora da pesquisa qualitativa. Cadernos de Pesquisa, n. 116, p. 21–39, 2002.
FURTADO, O.; CARVALHO, M. G.; SANTOS, W. N. Quase da família: perspectivas intersecionais do emprego doméstico. Revista Psicologia Política, v. 20, n. 48, p. 355–369, 202.
GEORGES, I. O “cuidado” como “quase-conceito”: por que está pegando? Notas sobre a resiliência de uma categoria emergente. In: DEBERT, G. G.; PULHEZ, M. M. (Org.). Desafios do cuidado: gênero, velhice e deficiência. 2. Ed., p. 125-151. Campinas: IFCH-Unicamp, 2019.
GERMANO, I.; BESSA, L. L. Pesquisas narrativo-dialógicas no contexto de conflito com a lei: considerações sobre uma entrevista com jovem autora de infração. Revista Mal Estar e Subjetividade, v. 10, n. 3, p. 995–1033, 2010.
GONZÁLEZ REY, F. Pesquisa Qualitativa em Psicologia: Caminhos e Desafios. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.
GUIMARÃES, N. A. A Emergência do Cuidado: nomear, reconhecer, obscurecer. In: GUIMARÃES, N. A.; HIRATA, H. S. (orgs.) O Gênero do Cuidado: desigualdades, significações e identidades. Cotia: Ateliê Editorial, 2020.
GUIMARÃES, N. A.; HIRATA, H. S. O cuidado e o emprego doméstico: interseccionando desigualdades e fronteiras. In: GUIMARÃES, N. A.; HIRATA, H. S. (orgs.) O Gênero do Cuidado: desigualdades, significações e identidades. Cotia: Ateliê Editorial, 2020.
HAMANN, C.; BARCINSKI, M.; PIZZINATO, A. Regulamentação do trabalho doméstico remunerado: implicações psicossociais para trabalhadoras no Brasil. Barbarói, v. 1, n. 51, p. 248–268, 2019.
HERMANS, H. J. M. Voicing the self: From information processing to dialogical interchange. Psychological bulletin, v. 119, n. 1, p. 31, 1996.
HIRATA, H. O trabalho de cuidado. Sur Rev Int Direitos Human, v. 13, p. 53-64, 2016.
HIRATA, H. Comparando relações de cuidado: Brasil, França, Japão. Estudos Avançados, v. 34, n. 98, p. 25–40, 2020.
HIRATA, H.; KERGOAT, D. Novas configurações da divisão sexual do trabalho. Cadernos de pesquisa, v. 37, p. 595-609, 2007.
HOFFMANN-HOROCHOVSKI, M. T. et al. O cuidado como objeto de pesquisa na produção de conhecimento sobre políticas públicas para o envelhecimento. Século XXI: Revista de Ciências Sociais, 2019.
IBGE. Síntese de Indicadores Sociais: uma análise da condição de vida da população brasileira. Estudos & Pesquisas. Rio de Janeiro: IBGE, 2008.
LIMA, S. C. C. O trabalho do cuidado: uma análise psicodinâmica. Revista Psicologia Organizações e Trabalho, v. 12, n. 2, p. 203–215, 2012.
LOPES, L. C. A luta pelo reconhecimento do trabalho doméstico no Brasil: gênero, raça, classe e colonialidade, 2011. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE, Brasil. Disponível em: http://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/60289/1/2021_dis_lclopes.pdf.
LOPES DE OLIVEIRA, M. C. S. The Bakhtinian self and beyond: towards a dialogical phenomenology of the self. Culture & Psychology, v. 19, n. 2, p. 259-272, 2013.
MOLINIER, P. Ética e trabalho do care. In: Hirata, H. & Guimarães, N. A. (orgs.) Cuidado e cuidadoras: as várias faces do trabalho do care. São Paulo: Atlas, p. 29-43, 2012.
NADASEN, P. Rethinking Care Work: (Dis)Affection and the Politics of Caring. Feminist Formations, v. 33, n. 1, p. 165–188, 2021.
OLIVEIRA, A. M. A invenção do cuidado: entre o dom e a profissão, 2015. Tese (Doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP. Recuperado de: http://repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/281151.
PINEDA DUQUE, J. A. Trabajo de cuidado de la vejez en una sociedad en envejecimiento. La Manzana de la Discordia, v. 9, n. 1, p. 53, 31 mar. 2016.
PRECARIAS A LA DERIVA. A la deriva, por los circuitos de la precariedad femenina, Madrid: Traficantes de Sueños, 2004.
SAHRAOUI, N. Racialised Workers and European Older-Age Care. Springer: International Publishing, 2019.
SANTOS, M. A. D.; GOMES, W. B. Self dialógico: teoria e pesquisa. Psicologia em Estudo, v. 15, p. 353–361, 2010.
SOARES, A. As emoções do care. In: Hirata, H. & Guimarães, N. A. (orgs.) Cuidado e cuidadoras: as várias faces do trabalho do care. São Paulo: Atlas, p. 29-43, 2012.
TOKARSKI, C. P.; PINHEIRO, L. S. Trabalho doméstico remunerado e covid-19: aprofundamento das vulnerabilidades em uma ocupação precarizada. Boletim de Análise Político-Institucional. Brasília: Ipea, 2021.
VAN DIJK, T. A. Análisis Crítico del Discurso. Revista Austral de Ciencias Sociales, n. 30, p. 203–222, 2016.
Pubblicato
Fascicolo
Sezione
Licenza
Copyright (c) 2024 Ana Luisa Campos Moro, Adolfo Pizzinato

TQuesto lavoro è fornito con la licenza Creative Commons Attribuzione 4.0 Internazionale.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado