A proteção de dados genéticos no Brasil a partir do escândalo da apropriação do sangue ianomâmi

Autores

DOI:

https://doi.org/10.51359/2448-2307.2024.257772

Palavras-chave:

biotecnologia, dados genéticos, ianomâmis, povos originários, proteção de dados.

Resumo

O artigo busca analisar como o caso da apropriação do sangue dos índios ianomâmis pode contribuir para o estudo, desenvolvimento e regulamentação da proteção de dados genéticos no Brasil. Os avanços da biotecnologia, aliada ao contexto da sociedade da informação e da vigilância, tem demonstrado alguns riscos para assegurar os direitos fundamentais decorrentes da proteção dos dados pessoais ultrassensíveis. Para tanto, a pesquisa irá analisar o caso da apropriação não consentida de dados genéticos no sangue ianomâmi por pesquisadores norte-americanos, nas décadas de 60 e 70, sob o contexto da evolução biotecnológica. A análise do caso servirá para o estudo do direito à proteção de dados sensíveis no Brasil. Por meio do método indutivo e da técnica de pesquisa bibliográfica, percebeu-se que a regulamentação da proteção de dados no Brasil tem sido de grande relevância para a garantia do direito fundamental à privacidade, bem como para a necessária proteção de dados genéticos, sobretudo de populações originárias.

 

Biografia do Autor

William Andrade, Atitus Educação

Mestrando em Direito pelo Programa de Pós-Graduação em Direito – Atitus Educação. Bolsista Prosup/Capes, na modalidade taxa. Membro do Grupo de Pesquisa Direitos Fundamentais, Democracia e Desigualdades, vinculado ao CNPq, e do Grupo de Estudos em Desenvolvimento, Inovação e Propriedade Intelectual. Advogado especialista em Direito Ambiental e Urbanístico. E-mail: andradewadv@gmail.com. Lattes: http://lattes.cnpq.br/2243021290770258

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Publicado

2024-07-10