Educação sexual e promoção dos direitos humanos: uma análise comparada
DOI:
https://doi.org/10.51359/2448-2307.2022.249071Keywords:
Direitos Fundamentais, Direitos Humanos, Educação Sexual, Gênero.Abstract
Considerando-se que a temática da eficácia dos direitos fundamentais tem sido desenvolvida e aprofundada pela doutrina e pela jurisprudência alemã, bem como sua crescente influência no ordenamento jurídico pátrio, estabeleceu-se a seguinte problemática de pesquisa, mais especificamente, em que medida é possível verificar que a proibição da educação sobre gênero e das aulas de educação sexual nas escolas acarreta em violação a direitos fundamentais, a partir da análise de decisão proferida pelo Tribunal Federal Constitucional alemão, pela Corte Europeia de Direitos Humanos e pelo Supremo Tribunal Federal sobre tal temática, dentro de uma perspectiva comparada na análise dos direitos fundamentais, entre o contexto europeu e o contexto brasileiro? A fim de responder este questionamento principal, este artigo foi desenvolvido a partir de um objetivo geral, qual seja, analisar a jurisprudência envolvendo a temática dos direitos fundamentais de forma comparada e dentro de uma perspectiva integrativa entre o contexto europeu e o contexto brasileiro, através das decisões proferidas pelo Tribunal Constitucional Federal alemão, pela Corte Europeia de Direitos Humanos e pelo Supremo Tribunal Federal; e um objetivo específico, qual seja, elucidar os principais pontos das decisões destas Cortes. Utilizando-se da metodologia hipotético-dedutiva, concluiu-se que a proibição da discussão de gênero nas instituições de ensino causa grave violação a direitos fundamentais, como, por exemplo, o direito à educação, o direito à liberdade de ensinar e aprender, e o direito da criança, adolescente e jovem de ser colocado a salvo de toda forma de discriminação e violência.References
ALAMINO, Felipe Nicolau Pimentel; DEL VECCHIO, Victor Antonio. Os Princípios de Yogyakarta e a proteção de direitos fundamentais das minorias de orientação sexual e de identidade de gênero. Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, v. 113, p. 645-668, 2018.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 09 out. 2019.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l9394.htm. Acesso em: 09 out. 2019.
BRASIL. Ministério Público Federal. Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão. Nota Técnica nº 2/2017. Disponível em: http://pfdc.pgr.mpf.mp.br/informativos/edicoes-2017/marco/170317-2. Acesso em: 20 nov. 2019.
BRASIL. Senado Federal. Expectativa de vida de transexuais é de 35 anos, metade da média nacional. 20 jun. 2017. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/especial-cidadania/expectativa-de-vida-de-transexuais-e-de-35-anos-metade-da-media-nacional/expectativa-de-vida-de-transexuais-e-de-35-anos-metade-da-media-nacional. Acesso em: 20 nov. 2019.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 461/DF – Distrito Federal. Relator: Min. Luis Roberto Barroso, 19 de junho de 2017. Disponível em: http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5204906. Acesso em: 20 out. 2019.
CASSERES, Lívia Miranda Müller Drumond. Discurso mitológico sobre gênero e educação: uma análise do julgamento da representação de inconstitucionalidade contra a Lei Municipal n˚. 5165/2015 de Volta Redonda. Cadernos da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, São Paulo, v. 3, n. 8, p. 20-32, 2018.
COMISSÃO INTERAMERICA DE DIREITOS HUMANOS. Violência contra pessoas lésbicas, gays, bissexuais, trans e intersexo nas Américas. 2015. Disponível em: http://www.oas.org/pt/cidh/docs/pdf/ViolenciaPessoasLGBTI.pdf. Acesso em: 09 out. 2019.
CONNELL, Raewyn; PEARSE, Rebecca. Gênero: uma perspectiva global. São Paulo: nVersos, 2015.
CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS. Resolução nº 7, de 23 de agosto de 2017. Disponível em: https://www.mdh.gov.br/informacao-ao-cidadao/participacao-social/old/cndh/resolucoes/Resoluon07escolasempartido_APROVADA.pdf. Acesso em: 09 out. 2019.
DUQUE, Marcelo Schenk. Curso de Direitos Fundamentais: teoria e prática. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.
EUROPEAN COURT OF HUMAN RIGHTS. Guide on Article 2 of Protocol No. 1 to the European Convention on Human Rights.Disponível em: https://www.echr.coe.int/Documents/Guide_Art_2_Protocol_1_ENG.pdf. Acesso em: 09 out. 2019.
EUROPEAN COURT OF HUMAN RIGHTS. Case of Kjeldsen, Busk Madsen and Pedersen v. Denmark. 7 dec. 1976. Disponível em: https://hudoc.echr.coe.int/eng#{%22itemid%22:[%22001-57509%22. Acesso em: 09 out. 2019.
HORNUNG ,Gerrit; SCHNABEL, Christoph. Data protection in Germany I: The population census decision and the right to informational self-determination. Computer Law & Security Report, v. 25, p. 84-88, 2009.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
MIGALHAS. Tribunal Constitucional Alemão admite a existência de um terceiro gênero. 2 de janeiro de 2018. Disponível em: https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI271741,71043-Tribunal+Constitucional+Alemao+admite+a+existencia+de+um+terceiro. Acesso em: 20 nov. 2019.
PEREIRA, Ana Clara Toscano Aranha; NORMANTON, Anna Catharina Machado; STEMPLIUK, Pâmela de Andrade. A inconstitucionalidade da proibição da educação sobre gênero. Cadernos da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, São Paulo, v. 3, n.8, p. 8-19, 2018.
POWELL , Fernando Méndez. Prohibition of Indoctrination in Education: A Look at the Case Law of the European Court of Human Rights. Brigham Young University Education and Law Journal, n. 2, 2015. Disponível em: https://digitalcommons.law.byu.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1376&context=elj. Acesso em: 09 out. 2019.
PRADO, Marco Aurélio Máximo;JUNQUEIRA, Rogério Diniz. Homofobia, hierarquização e humilhação social. In: BOKANY, Vilma; VENTURI, Gustavo. (org.) Diversidade sexual e homofobia no Brasil. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2011. p. 51-72.
RIGHT TO EDUCATION PROJECT. Case-Law. Case of Kjeldsen, Busk Madsen and Pedersen v. Denmark. Disponível em: https://www.right-to-education.org/sites/righttoeducation.org/files/resourceattachments/Kjeldsen%2C%20Busk%20Madsen%20and%20Pedersen%20v.%20Denmark%20_1976_En.pdf. Acesso em: 09 out. 2019.
RIOS, Roger Raupp. A homossexualidade no direito. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2001.
RODRIGUES, Julian. Direitos humanos e diversidade sexual: uma agenda em construção. In: BOKANY, Vilma; VENTURI, Gustavo. (org.) Diversidade sexual e homofobia no Brasil. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2011. p. 23-38.
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos direitos fundamentais na perspectiva constitucional. 10. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010.
SCHWABE, Jürgen. Cinquenta anos de jurisprudência do Tribunal Constitucional Federal Alemão. Montevideo: Konrad-Adenauer-Stiftung, 2005.
UNESCO. UNESCO no Brasil se posiciona sobre questões de violência de gênero.07 de junho de 2016. Disponível em: http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/about-this-office/single-view/news/unesco_in_brazil_stands_against_gender_violence_issues/. Acesso em: 10 out. 2019.
Downloads
Published
Issue
Section
License
Authors who publish with the Academic Journal of Recife Law School ("RAFDR") agree to the following terms:
- Authors retain copyright and grant the RAFDR right of first publication with the work simultaneously licensed under a Creative Commons Attribution License that allows others to share the work with an acknowledgement of the work's authorship and initial publication in this journal.
- Authors are able to enter into separate, additional contractual arrangements for the non-exclusive distribution of the journal's published version of the work (e.g., post it to an institutional repository or publish it in a book), with an acknowledgement of its initial publication in this journal.
- Authors are permitted and encouraged to post their work online (e.g., in institutional repositories or on their website) after the publication of the article in the RAFDR, as it can lead to productive exchanges, as well as earlier and greater citation of published work (See The Effect of Open Access).
Additional information:
Articles published by the Academic Journal of Recife Law School are licensed under CC-BY: