Aspectos estilísticos da tradução de "Corpo fechado", de Guimarães Rosa, para o inglês

Autores

  • Luana Ferreira de Freitas Universidade Federal do Ceará (UFC)
  • Kamila Moreira de Oliveira Universidade Federal do Ceará (UFC)

DOI:

https://doi.org/10.51359/1982-6850.2019.238253

Palavras-chave:

tradução, Guimarães Rosa, recepção

Resumo

A tradução das obras de Guimarães Rosa teve início ainda durante a vida do autor, que, em muitos casos, ajudava seus tradutores em cartas detalhadas com sugestões e discussões sobre seu processo criativo. Nos Estados Unidos, em particular, a tradução de Rosa para o inglês acontece no contexto da aproximação dos Estados Unidos com a América do Sul entre as décadas de 1940 e 60, embora os efeitos desta iniciativa de tradução de obras latino-americanas não atinjam o Brasil com tanta força (BARBOSA, 1994; LEVINE, 2006; KRAUSE, 2010). Neste artigo, busca-se analisar como as escolhas da tradutora Harriet de Onís podem ter influenciado a recepção da obra de Guimarães Rosa em inglês. Por meio do cotejo do conto “Corpo fechado” (Sagarana, 1946) e sua tradução, “Bulletproof” (Sagarana, 1966), concluiu-se que de Onís tende a domesticar (VENUTI, 1995) o texto de Rosa, naturalizando seu estilo não-convencional e, portanto, negando aos leitores o acesso ao seu projeto estético. Sugerimos, por fim, ser possível que um novo projeto tradutório para Rosa receba mais atenção do público falante de língua inglesa do que a tentativa anterior, ao tornar o texto desafiador para o leitor, sem negar a identidade do texto de partida. 

Biografia do Autor

Luana Ferreira de Freitas, Universidade Federal do Ceará (UFC)

Professora da UFC. Membro permanente dos programas de pós-graduação em Estudos da Tradução POET/UFC e PGET/UFSC. E-mail: luanafreitas.luana@gmail.com

 

Kamila Moreira de Oliveira, Universidade Federal do Ceará (UFC)

Graduada em Letras Inglês pela Universidade Federal do Ceará. Participante do grupo de pesquisa Estudos Literários da Tradução (CNPq). E-mail: kamilamdeoliveira@gmail.com

 

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Publicado

2019-11-21

Edição

Seção

Estudos da Tradução