A gramática nas escolas hoje: como agem e como pensam os professores
DOI:
https://doi.org/10.51359/1982-6850.2019.241934Palavras-chave:
ensino de gramática, formação de professores, Base Nacional Comum CurricularResumo
Há mais de vinte anos, os documentos oficiais recomendam um ensino de gramática contextualizada (BRASIL, 1998; BRASIL, 2000; BRASIL, 2018). Data do mesmo período a infinidade de trabalhos que discutem a questão do ensino de língua portuguesa e de gramática (POSSENTI, 1996; TRAVAGLIA, 1996; NEVES, 1990; 2003; VIEIRA, S.R.; BRANDÃO, S.F., 2007). Recentemente, a Base Nacional Comum Curricular acrescentou ao nome “análise linguística” - como passou a ser chamado o ensino de gramática nos Parâmetros Curriculares Nacionais, para destacar a necessidade de se partir do texto - o nome “semiótica”, para abranger a análise de textos multimodais. Nosso objetivo neste trabalho é mostrar que, apesar do avanço nas pesquisas e das recomendações nos documentos oficiais a prática do ensino de gramática nas escolas ainda não alcança a desejada integração texto e gramática. Para tanto, analisamos quali-quantitativamente, com base em Neves (2002), as respostas a um questionário com perguntas abertas e fechadas aplicado a 171 sujeitos, 88 professores de língua portuguesa ainda em formação e 83 professores em atividade. Os resultados mostram que, embora reconheçam teoricamente a validade de uma gramática atrelada aos textos, os professores em formação e em atividade têm dificuldade em aplicar os conhecimentos de linguística e as recomendações oficiais na prática do ensino de gramática. Tal resultado indicia que os cursos de formação de professores de língua precisam enfrentar esta questão, seja reformulando a grade para incluir disciplinas que deem conta de um ensino produtivo para além das disciplinas teóricas, seja inserindo, nas disciplinas já existentes unidades de aplicação dos conteúdos teóricos.
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