Editorial
Resumen
Nesta edição apresentamos oito artigos e uma resenha. O primeiro artigo de Silvio Simione traz em tela um ensaio teórico que tem no espaço amazônico as referências da formação territorial acreana. Apresenta a discussão campo-cidade para além da dicotomia redutiva, ao contrário, propõe uma perspectiva complementar e complexa mobilizando o par dialético unidade – diversidade para compreender o espaço geográfico amazônico em sua totalidade. O belíssimo estudo de Pageú & Sobrinho revisita a obra “Elegia para uma re(li)gião” de Francisco de Oliveira e provoca o leitor na idéia de superação de Nordeste como “região problema”. Na verdade, traz ao primeiro plano da Geografia o poeta-filosofo Belchior que também problematiza a região Nordeste através da canção “Conheço meu lugar”. O cantador que trata das “coisas do porão” faz coro com Oliveira quando traz as contradições econômicas como uma construção social que reforça o imaginário geográfico da dominação sobre “os esquecidos e os condenados”. Ambos apontam em seus trabalhos com a veemência necessária a apropriação do discurso da região Nordeste única e exclusivamente para a obtenção de vantagens traduzidas em expropriação e concentração de riqueza causadoras do desenvolvimento desigual e combinado do capital. Na seqüência temos o inovador trabalho: “Os pressupostos da Geografia Agrária libertária na geograficidade de Manuel Correia de Andrade”, de Junior & Alves. Nele são apresentadas algumas dimensões de Manuel Correia de Andrade pouco tratada na Geografia Agrária brasileira e que tem relação com a influencia exercida por Reclus e sua Geografia libertária. A analise propõe examinar as ordens vigentes dos objetos no espaço através de categorias discutidas por Élisée Reclus e também identificadas na obra de Andrade. As categorias selecionadas foram: progresso, luta de classe, autonomia da sociedade, trabalho e avanço do capitalismo. O artigo é um convite as novas gerações a conhecerem a Geografia libertária e seus autores e uma justa homenagem a Manuel Correia de Andrade que completou um centenário de seu nascimento. No trio de artigos adiante temos em tela a temática do campesinato negro e mais especificamente, nas palavras de Sousa & Gomes, o denominado movimento descolonial de aquilombamento na comunidade acadêmica da Geografia brasileira. Tais autores realizaram um sistemático levantamento da presença quilombola no discurso geográfico e constataram interessantes evidências. As publicações dos periódicos geográficos apontaram maior preocupação com a questão da identificação quilombola e do território, principalmente a partir do ano de 2006. Foi por volta desse período que as publicações que discutiam o tema quilombola passaram a ter mais relevância, culminando num pico de publicações sobre o tema em 2020. Desta forma o artigo de Reges & Moreira retrata por meio da comunidade e das relações de gênero aspectos simbólicos e políticos fundamentais na relação dos Kalunga com o Cerrado, e como tais processos são preponderantes na constituição da identidade territorial. Por sua vez Oliveira discorre sobre a história do Quilombo de Catucá e da comunidade Quilombola de São Lourenço em Goiana, Pernambuco, descrevendo suas trajetórias, enfretamentos e resistências ao longo do tempo, por meio de uma pesquisa bibliográfica e análise historiográfica qualitativa dos dados. Os dois últimos artigos trazem importantes experiências no campo da educação e que foram desenvolvidas no estado do Ceará. Silva & Ribeiro apoiados na metodologia de ensino por instalações geográficas demonstram como as aulas de geografia podem se tornar mais atrativas e criativas. Suas balizas nesta análise bem estruturadas são os resultados das contribuições do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) na formação de professores. Por seu turno, Silva nos brinda com reflexões sobre o Patrimônio Imaterial Brasileiro e os processos da salvaguarda da Capoeira e o desenvolvimento de um aplicativo para smartphones e similares na plataforma andróid. Por fim temos a resenha de Pertuz & Feliciano que nos convidam a leitura da obra de Simone de Beauvoir. O texto sobre a parte II do livro o segundo sexo nos projeta para uma leitura e interpretação a partir da América Latina com suas contradições e graves problemas resultantes da predominância do patriarcado e da propriedade privada como sistema de controle e dominação dos corpos femininos. Um debate atual e necessário para a Geografia Agrária insubordinada.
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