O Sertão e as relações sociais de produção em A terra e o homem no Nordeste

Abstract

Manuel Correia de Andrade (1922 - 2007) figura como um dos mais importantes geógrafos brasileiros do século XX. Suas diversas obras são marcadas pela questão agrária como temática central, aliada também às relações sociais de produção e aos movimentos sociais. Com a publicação em 1963 do livro “A terra e o homem no Nordeste”, Andrade marcou o debate geográfico da questão agrária analisar as distintas paisagens nordestinas referentes às sub-regiões da Zona da Mata, do Agreste, do Sertão e do Meio-Norte. Além disso, se propôs a apontar alternativas para uma possível reforma agrária em meio a um contexto político e de renovação do pensamento geográfico nacional. Dessa forma, o presente trabalho buscou analisar sua obra, procurando compreender as interpretações do autor acerca das relações sociais de produção e do espaço sertanejo nordestino. Para tal, buscou-se realizar uma análise de conteúdo categorial (Sampaio; Lycarião, 2021), abarcando trechos da obra que explicitassem as visões do autor sobre o sertão, além de analisar as relações sociais de produção do espaço sertanejo. Através dos resultados, foi possível reafirmar o teor do livro enquanto uma obra focada nas relações de produção e propriedade, além de compreender a sua construção sobre o sertão, caracterizado como o espaço de extensos latifúndios e relações de produção predominantemente não-capitalistas. Com isso, Andrade reafirma a importância do seu livro não apenas para compreender dinâmicas regionais passadas, mas para entendê-las como fruto de estruturas coloniais geradoras de contextos e processos vigentes até os dias atuais.