Editorial
Resumen
Entre os dias 26 e 29 de abril de 2021 aconteceu o evento internacional intitulado Conflitos Territoriais e a Covid-19: Economia, Ambiente e Educação, promovido pelo Observatório de Políticas Territoriais e Educacionais – OPTE/UFT; pelo Grupo de Estudos Espaço, Sujeito e Existência “Dona Alzira/UFG; pelo Centro Integrado de Pesquisa em Planejamento Geográfico – CIPGEO/UFG; pelo Laboratório de Estudos e Pesquisas das Dinâmicas Territoriais – LABOTER/UFG; pelo Laboratório de Geografia Cultural e Turismo – LACULT/UFU; e pelos programas de pós-graduação em Geografia: PPGG/UFT; PPGG/UFAM e PPGeo/UEG.
Esse evento exprimiu a convergência de três seminários internacionais realizados por esses espaços acadêmicos e de pesquisa, que foram: o III Colóquio Internacional BrasilCuba – CUBRA; o III Seminário Internacional Meio Ambiente, Dinâmicas Regionais e Planejamento Territorial na Amazônia e no Cerrado – MADREPLAC; e o II Congresso Internacional de Geografia e Desenvolvimento Regional – CIGEO-DR.
As seguintes instituições foram apoiadoras desse evento: Universidad de Granma – UDG (Cuba); Universidad de Cartagena (Colômbia); Universidade Pedagógica de Moçambique e Universidade Eduardo Mondlane (Moçambique); Universidad Autónoma de Madrid – UAM (Espanha); Universidad Nacional Autónoma de México – UNAM (México); Universidade Estadual Paulista – Unesp; Programa de Pós-Graduação em Revista Mutirõ (Recife) V. II, No . III, 2021 OLIVEIRA, Adão F. de. 2021 ISSN 2675-3472 3 Geografia – PPGeo/UNIR; Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente – PGDRA/UNIR; Instituto Federal Goiano; Instituto Federal de Goiás; Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ; Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional – IPPUR/UFRJ; Programa de Pós-Graduação em Geografia – PPGeo/UFPE; Associação dos Geógrafos Brasileiros – AGB, Seção Goiânia; Associação Nacional de PósGraduação em Geografia – ANPEGE; Fundação Perseu Abramo – FPA; e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES (Brasil).
Nesta edição, estiveram presentes professores, pesquisadores e estudantes dos seguintes países: Cuba, México, Peru, Colômbia, Chile, Portugal, Espanha, Moçambique e Brasil e dos 11 grupos de trabalho do evento, 3 nos serviram os textos que compõem essa edição especial da Revista Mutirõ: o GT-5: Campesinato e Dinâmica Agrária no Contexto da Pandemia; GT-6: Agrohidronegócio, Mineração e Configurações da Fronteira Capitalista frente a Pandemia e GT-11: Comunidades Tradicionais, Conflitos Territoriais e a Covid-19.
O evento partiu do entendimento de que a década de 2010, especialmente a partir de sua segunda metade, testemunhou no mundo inteiro a partir da Europa, dos EUA e da América Latina uma grande reviravolta política de caráter conservador e liberal. Após o século XXI ter se iniciado com importantes avanços na implementação de direitos humanos e sociais em todo o globo terrestre, revelando força e vitalidade da social democracia e do socialismo democrático, uma guinada de direita começou a se configurar frente aos reflexos das ações imperialistas conduzidas pelos EUA e pela Rússia, diretamente no Oriente Médio (com destaque para as intervenções no Afeganistão, na Síria e no Iraque) e indiretamente no continente africano.
As disputas políticas nacionais violentas, a fome e as epidemias resultantes da destruição e do desequilíbrio das ações imperialistas têm provocado ondas emigratórias nessas regiões, principalmente em direção à Europa, o que tem desafiado seus governos. As alterações paisagísticas com a presença de tantos estrangeiros confinados em campos de refugiados e nas periferias urbanas, bem como o relativo desequilíbrio das economias Revista Mutirõ (Recife) V. II, No . III, 2021 OLIVEIRA, Adão F. de. 2021 ISSN 2675-3472 4 nacionais e dos esquemas de segurança, colocaram em xeque as lideranças progressistas frente ao discurso xenofóbico, racista, sociofóbico e eurocêntrico produzido pela direita e veiculado pelos grandes meios de comunicação.
Por outro lado, esses incansáveis conflitos no Oriente Médio e na África, embasados principalmente no interesse pelo controle sobre o petróleo enquanto fonte energética e sobre as riquezas minerais e vegetais, têm movimentado alianças internacionais estratégicas e usurpadoras, fazendo com que as grandes potências capitalistas se estranhem e retornem a perigosa corrida armamentista assistida no final do século XIX. Não longe disso, os países emergentes, especialmente os representados pelo BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (dispostos nos quatro grandes continentes), disputam com os EUA a liderança da produção de valor agregado, de potencial bélico e de articulação política e econômica internacional. Cabe observar que a força desse bloco de países se fragilizou bastante após o “golpe legitimado” contra a presidente Dilma Rousseff, do Brasil.
A ascensão de governos “progressistas” a partir do ano de 2001 em nações importantes dos continentes americano e europeu, dos quais os governos petistas no Brasil têm uma importância fundamental, trouxe, pelo menos em discurso, um vislumbre de superação das desigualdades sócio-territoriais e étnico-raciais: no Brasil, na Argentina, no Uruguai, na Venezuela, nos EUA (em certa medida, com Barack Obama) e em alguns países influentes da Europa a partir da redistribuição de renda. O efeito disso sobre a elite capitalista internacional, pautada pelo capital financeiro, a fez reagir a partir de suas nações de origem, seja articulada internacionalmente ou não. O primeiro grande passo para tanto foi retomar, a partir das fragilidades inerentes de cada um desses governos, o controle ideológico sobre as novas gerações, tendo como especial ferramenta os meios de comunicação de massa e a veiculação das chamadas “fakenews”. A segunda ação foi reconquistar os governos, mas com plataformas discursivas que fossem radicalmente contrárias àquela perspectiva, fazendo ressurgir em todos os recantos do planeta governos populista-nacionalistas, especialmente de extrema-direita.
Nesse cenário, a condição humana de mulheres e homens, assim como o estágio Revista Mutirõ (Recife) V. II, No . III, 2021 OLIVEIRA, Adão F. de. 2021 ISSN 2675-3472 5 civilizatório ficaram ameaçados por uma onda neoconservadora que tem como fundamento o projeto ultraliberal dirigido pelo capital financeiro, provocando uma crise nas democracias que se agrava com a pandemia do Coronavírus em 2020.
Mais do que nunca, os territórios estão em conflito!
Adão Francisco de Oliveira é Doutor e pós-doutor em Geografia pelo IESA-UFG. Professor do Programa de PósGraduação em Geografia da UFT. Coordenador do OPTE e coordenador geral do evento.
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