Igualdade para além dos direitos: interseccionalidade e descolonialidade nas reivindicações de mulheres por justiça

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.51359/2357-9986.2021.249345

Palabras clave:

descolonialidade, direitos, ecofeminismo, feminismo, interssecionalidade, mulheres

Resumen

Este artigo busca incrementar as discussões sobre igualdade de direitos a partir da configuração de grupos sociais subalternizados nas sociedades, com destaque para as mulheres e os intercruzamentos entre os sistemas de opressão que as afetam. Mesmo em sociedades democráticas, indivíduos pertencentes a grupos sociais oprimidos têm suas vidas precarizadas de maneira estrutural por estarem submetidos a formas de exploração e dominação. As abordagens ecofeministas, por recorrerem à interseccionalidade para compreender o funcionamento da lógica da dominação, e o pensamento descolonial, que reflete sobre as condições existenciais de sujeitos situados no Sul Global a partir do sistema moderno colonial, auxiliam no aprofundamento da compreensão dos limites da estratégia de direitos para suplantar os sistemas de opressão.  Reivindica-se a necessidade de uma reconfiguração social a partir do reconhecimento das interdependências entre as formas de vida, ressaltando-se as subjetividades distintas agenciadas pelas mulheres do Sul Global, a fim de construir uma sociedade que priorize práticas de cuidado e de sustentação de todas as vidas concretas.

Biografía del autor/a

Tânia Aparecida Kuhnen, Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), Pós-Graduação em Ciências Humanas e Sociais

Professora adjunta no Centro das Humanidades/UFOB. Integra o Programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas e Sociais (PPGCHS - UFOB) e coordena o Grupo de Pesquisa "Marginais: Grupo Interdisciplinar de Pesquisa sobre Minorias e Exclusões".

Citas

ARRUZZA, Cinzia; BHATTACHARYA, Tithi; FRASER, Nancy. Feminismo para os 99%: um manifesto. São Paulo: Boitempo, 2019.

BALLESTRIN, Luciana. América Latina e o giro Decolonial. Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, n. 11, mai./ago., 2013, p. 89-117.

CONTAG – CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES NA AGRICULTURA. Documentos Marcha das Margaridas. Disponível em: http://www.contag.org.br/index.php modulo=portal&acao=interna&codpag=615&dc=1&nw=1 Acesso em: 10 jan. 2020.

CRENSHAW, Kimberlé. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Revista Estudos Feministas, v. 10, n. 1, 2002, p. 171-188.

CUDD, Ann E. Analyzing oppression. Oxford: Oxford University Press, 2006.

GAARD, Greta. From ‘cli-fi’ to critical ecofeminism: narratives of climate change and climate justice. In: PHILLIPS, M.; RUMENS, N. Contemporary perspectives on ecofeminism. London: Routledge, 2016, p. 169-192.

GLAZEBROOK, Trish. Climate adaptation in the Global South: funding women’s farming. In: PHILLIPS, M.; RUMENS, N. Contemporary perspectives on ecofeminism. London: Routledge, 2016, p. 111-131.

HOOKS, bell. Teoria feminista: da margem ao centro. Trad. Rainer Patriota. São Paulo: Perspectiva, 2019.

KHEEL, Marti. From heroic to holistic ethics: The ecofeminist challenge. In: STERBA, James P. (Org.). Earth ethics: introductory readings on animal rights and environmental ethics. 2 ed. Upper Saddle River: Prentice Hall, 2000, p. 199-212.

KHEEL, Marti. Nature ethics: an ecofeminist perspective. Lanham: Rowman & Littlefield, 2008.

KING, Y. Curando as feridas: feminismo, ecologia e dualismo natureza/cultura. In: JAGGAR, A. M.; BORDO, S. R. Gênero, corpo, conhecimento. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1997, p. 126-154.

KO, Aph; KO, Syl. Aphro-ism: essays on pop culture, feminism, and black veganism from two sisters. New York: Lantern, 2017.

KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. 2 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2019. E-book.

KUHNEN, Tânia A. Marcha das Margaridas: apontamentos para um (eco)feminismo latino-americano. Revista Sul Sul, Barreiras, v. 1, n. 1, 2020, p. 124-147.

LINDEMANN, Hilde. An invitation to feminist ethics. New York: McGraw Hill, 2006.

LORDE, Audre. Disponível em: <https://rizoma.milharal.org/2013/03/03/nao-existe-hierarquia-de-opressao-por-audre-lorde/> Acesso em: 28 fev. 2018.

LORDE, Audre. Idade, raça, classe e gênero: mulheres redefinindo a diferença. In: In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de. Pensamento feminista: conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019a, p. 239-249.

LORDE, Audre. Não existe hierarquia de opressão. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de. Pensamento feminista: conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019b, p. 235-236.

LUGONES, María. Rumo a um feminismo decolonial. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 22, n. 3, p. 935-952, set./dez. 2014.

MACKINNON, Catherine. Difference and dominance: on sex discrimination. In: CUDD, Ann E.; ANDREASEN, Robin O. Feminist theory: a philosophical anthology. Malden: Blackwell, 2005, p. 392 402.

MIES, Maria; SHIVA, Vandana. Ecofeminismo. Lisboa: Piaget, 1993.

OKIN, Susan M.. Gênero, o público e o privado. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 16, n. 2, mai./ago., 2008, p. 305-332.

PHILLIPS, Mary; RUMENS, Nick. Introducing contemporary ecofeminism. In: PHILLIPS, M.; RUMENS, N. Contemporary perspectives on ecofeminism. London: Routledge, 2016, p. 1-16.

PLUMWOOD, Val. Feminism and the mastery of nature. London: Routledge, 1993.

ROSENDO, Daniela; OLIVEIRA, Fabio; KUHNEN, Tânia A. ‘Locus fraturado’: resistências no Sul global e práxis antiespecistas ecpfeministas descoloniais. In: DIAS, Maria Clara et al. Feminismos decoloniais: homenagem a María Lugones. Rio de Janeiro: Apeku, 2020. E-book.

SALLEH, Ariel. Naturaleza, mujer, trabajo, capital: la más profunda contradiccion. Ecología Política, n. 7, 1994, p. 35-47.

TRONTO, Joan. Assistência democrática e democracias assistenciais. Sociedade e Estado, Brasília, v. 22, n. 2, mai./ago., 2007, p. 285-308.

WARREN, Karen J. Ecofeminist philosophy: a western perspective on what is and why it matters. Lanham: Rowman & Littlefield, 2000.

YOUNG, Iris M. Five Faces of Oppression. In: CUDD, Ann E.; ANDREASEN, Robin O (Eds.). Feminist theory: a philosophical anthology. Malden: Blackwell, 2005, p. 91-104.

Publicado

2021-11-01

Número

Sección

Dossiê temático Filósofas no Nordeste