Sontag/Ricœur: metaforicidade, patologia e disputas retóricas

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.51359/2357-9986.2023.251032

Palabras clave:

metáfora, retórica, poética, Ricœur, Sontag

Resumen

O objetivo deste artigo é comparar a defesa do discurso poético que Paul Ricœur faz em sua teoria da metáfora “viva” e a crítica de Susan Sontag ao uso de metáforas na descrição de patologias. Ao retirar a produtividade das metáforas do âmbito de análise do discurso poético e colocá-la no âmbito da disputa retórica pela doença, Sontag questiona tal produtividade sem negá-la. Enfatizar a manipulabilidade de metáforas aponta a raiz comum da produtividade que Ricœur e Sontag partilham ao escolher Aristóteles como ponto de partida, respectivamente, para a defesa e para a crítica de figuras poéticas e retóricas do discurso. Este artigo analisa como essas interpretações do poder e uso de metáforas estão relacionadas com um conflito entre ontologia e epistemologia encontrado na obra filosófica de Ricœur e na obra filosófica e literária de Sontag. O artigo também aborda uma modelo de compreensão metafórica que aponta o uso nocivo de metáforas como causa de situações de injustiça hermenêutica.

Citas

ABEL, Olivier. “La différence entre le normal et le pathologique comme source de respect”. In: Actes du XIème colloque de la Fondation J. Bost. Dordogne: La Force, 2000, p. 15-22. Disponível em: http://olivierabel.fr/ethique-et-politique/la-difference-entre-normal-et-pathologique-source-de-respect.php. Acesso em: 19 maio 2021.

ARISTÓTELES. Poética. Trad. Ana Maria Valente. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2004.

ARISTÓTELES. Retórica. Trad. Manuel Alexandre Jr., Paulo Farmhouse Alberto, e Abel do Nascimento Pena. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 2005.

FRASER, Rachel Elizabeth. “Illness as Fantasy”. The Point, 22, Summer, 2020. Disponível em: https://thepointmag.com/criticism/illness-as-fantasy/. Acesso em: 19 maio 2021.

FRASER, Rachel Elizabeth. “The Ethics of Metaphor”. Ethics, 128, 2018, p. 728–755.

FRICKER, Miranda. Epistemic injustice. Power & the Ethics of Knowing. Oxford: Oxford University Press, 2007.

HARDWICK, Elizabeth. Susan Sontag Reader. New York: Farrar, Straus and Company, 1982. Primeira edição do E-book: Agosto 2014.

MOSER, Benjamin. Sontag: vida e obra. Tradução de José Geraldo Couto São Paulo: Companhia das letras, 2019 (EPUB).

RICŒUR, Paul. “Existence et herméneutique”, In: RICŒUR, Paul. Le conflit des interprétations. Paris: Éditions du Seuil, 1969, p. 7-28.

RICŒUR, Paul. La Métaphore Vive. Paris: Éditions du Seuil, 1975a.

RICŒUR, Paul. “Parole et symbole”. Revue des Sciences Religieuses, v. 49, n. 1-2, 1975b, p.142-161.

RICŒUR, Paul. “Puissance de la parole: science et poésie. In: BRODEUR, J.-P. e NADEAU, R. (eds.). La philosophie et les saviors. Montréal-Paris-Tournai: Bellarmin-Desclée, 1975c, p. 159-177.

RICŒUR, Paul. Lectures on ideology and utopia. New York: Columbia University Press, 1986a.

RICŒUR, Paul. Du texte à l’action: essais d’herméneutique II. Paris: Seuil, 1986b.

RICŒUR, Paul. Do texto a acção: ensaios de hermenêutica II. Trad. Alcino Cartaxo e Maria José Sarabando. Porto: RÉS-Editora, 1989.

RICŒUR, Paul. “Word, polysemy, metaphor: creativity in language”. In: VALDES, Mario J. (ed.). A Ricœur Reader: reflection and imagination. Toronto: University of Toronto Press, 1991, p. 65-85.

RICŒUR, Paul. A metáfora viva. Tradução de Dion Davi Macedo. São Paulo: Edições Loyola, 2000.

RICŒUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Tradução de Alain François [et al.]. Campinas: Editora da Unicamp, 2007.

SONTAG, Susan. The Benefactor New York: Farrar, Straus and Company, 1963.

SONTAG, Susan. Against Interpretation and Other Essays. New York: FS&G, 1966.

SONTAG, Susan. Illness as Metaphor. New York: FS&G; Toronto: McGraw-Hill Ryerson, 1978.

SONTAG, Susan. Contra a interpretação. Tradução de Ana Maria Capovilla. Porto Alegre: L&PM, 1987.

SONTAG, Susan. AIDS and Its Metaphors. New York: FS&G; Toronto: Collins Publishers, 1989.

SONTAG, Susan. Doença como metáfora/Aids e suas metáforas. Tradução Paulo Henriques Britto e Rubens Figueiredo. São Paulo: Companhia das letras, 2007.

TAYLOR, George H. Taylor e NASCIMENTO, Fernando do. “Digital Ricœur”. Études Ricœuriennes/Ricœur Studies, vol. 7, n. 2, 2016, p. 124-145.

Publicado

2023-03-08

Número

Sección

Dossiê temático sobre Filosofia Hermenêutica