Indiscernibilidade & desmaterialização: teses contemporâneas sobre a modificação da obra de arte e a emergência do contextualismo
DOI:
https://doi.org/10.51359/2357-9986.2022.256180Palabras clave:
arte contemporânea, contextualismo, desmaterialização, filosofia da arte, indiscernibilidadeResumen
O artigo procura indicar que, pelo menos do ponto de vista filosófico, tanto a tese da indiscernibilidade avançada por Danto em 1964, quanto a tese da desmaterialização avançada por Lippard & Chandler em 1968, assumem uma concepção compartilhada, a saber: a do deslocamento do a priori artístico, canonicamente assentado pela tradição nos objetos físicos e suas formas, para o a posteriori relativo ao contexto da arte e suas muitas práticas artísticas. Isso significa que a produção contemporânea não poderá mais ser apreendida, identificada ou debatida sem que esse contexto seja fundamentalmente reconhecido. Para gerar tal diagnóstico, o artigo faz (i) uma breve retomada genealógica da arte contemporânea, sobretudo a de cariz conceitual; (ii) uma análise dos argumentos de Lippard & Chandler e de Danto; e (iii) uma discussão sobre o conceito de contexto da arte, noção que, portanto, fundamentaria qualquer abordagem contextualista em filosofia da arte e, em especial, qualquer pretensão filosófica que considera de modo sério a produção artística contemporânea.Citas
ARASSE, Daniel. Nada se vê: seis ensaios sobre pintura. São Paulo: Edi-tora 34, 2020.
BASBAUM, Ricardo. Introdução: Cica & sede de crítica. In ___ (Org.).Arte Contemporânea Brasileira (1970 – 1999): texturas, dicções, ficçõese estratégias. São Paulo: Editora Circuito, 2021, p. 33.
BEARDSLEY, Monroe. Aesthetics: Problems in the Philosophy of Criti-cism(2ª edição). Indianapolis: Hackett, 1981.
BECKER, Howard. Art Worlds. Berkeley e Los Angeles: University of Ca-lifornia Press, 1982.
BOURDIEU, Pierre. Esquisse d’une théorie de la pratique. Éditions duSeuil, 2000.
BULHÕES, Maria Amélia Bulhões (Org.). As novas regras do jogo: o sis-tema da arte no Brasil. Porto Alegre: Editora Zouk, 2014.
BYSTRYN, Marcia. Art Galleries as Gatekeepers: The Case of the AbstractExpressionists. Social Research, v. 45, n. 2, p. 390-408, 1978.
CABANNE, Pierre. Conversations with Marcel Duchamp. Boston: DeCapo Press, 1987, p. 39. Tradução minha.
CARROLL, Noël. Beyond Aesthetics: Philosophical Essays. Cambridge:Cambridge University Press, 2001.
CAUQUELIN, Anne. Arte Contemporânea. São Paulo: Martins Fontes,2005, p. 92.
CAUQUELIN, Anne. Teorias da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
DANTO, Arthur. The Artworld. The Journal of Philosophy / AmericanPhilosophical Association, v. 61, n. 19, p. 571-584, out. 1964.
DANTO, Arthur. A transfiguração do lugar comum. São Paulo: Cosac &Naify, 2010.
DARRIGOL, Oliver. A History of Optics: From Greek Antiquity to theNineteenth Century. Oxford: Oxford University Press, 2012, p. 21.
DA VINCI, Leonardo. Tratado de Pintura. 2013.
DICKIE, George. Defining Art. American Philosophical Quaterly. Chica-go/Illinois, v. 6, n. 3, p. 253-256, jul. 1964.
DUARTE, Rodrigo (Org.). O belo autônomo – Textos clássicos de estéti-ca. Belo Horizonte: Autêntica, 2014.FABRIS, Annateresa. O desafio do olhar: fotografia e artes visuais no pe-ríodo das vanguardas históricas. Volume I. São Paulo: WWF MartinsFontes, 2016, p. 73-92.
FRASCINA, Francis. Institutions, Culture, and America's 'Cold War Years':The Making of Greenberg's 'Modernist Painting'. Oxford Art Journal, v.26, n. 1, p. 71-97, 2003.
FREITAS, Artur. Arte de guerrilha – vanguarda e conceitualismo noBrasil. São Paulo: EDUSP, 2013.
FREIRE, Cristina. Arte Conceitual. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.
FERREIRA, Glória; COTRIM, Cecilia (Orgs.). Clement Greenberg e o de-bate crítico. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.
FERREIRA, Glória & COTRIM, Cecília (Org.). Escritos de artistas – anos60/70. Rio de Janeiro: Zahar, 2013.
GRAYSON, Cecil. Introdução ao De Pictura de Alberti. In ALBERTI,Leon. Da Pintura. Campinas: Editora da UNICAMP,1999, p. 58 a 59.
GREENBERG, Clement. Estética Doméstica. São Paulo: Cosac & Naify,2002.
HAUSER, Arnold. A história social da arte e da literatura. São Paulo:Martins Fontes, 2010.HEGEL, G. W. F.. Cursos de Estética. Tradução de Marco A. Werle. 2ª ed.São Paulo: EDUSP, 2001.
HEINICH, Nathalie; SHAPIRO, Roberta. When is Artification?. Contem-porary Aesthetics. Barrington/Illinois, v. 4, n. 9, 2012.
HERWITZ, Daniel. Estética: conceitos-chave em filosofia. Porto Alegre:ARTMED, 2010.
JAREMTCHUCK, Dária. Anna Bella Geiger – passagens conceituais, SãoPaulo: EDUSP, 2007.
JOHNSON, Mark. The Aesthetics of Meaning and Thought: the BodilyRoots of Philosophy, Science, Morality and Art. Chicago: The Universityof Chicago Press, 2018.
JOSEPH, Branden. Robert Rauschenberg. Cambridge: MIT Press, 2002.
KOSUTH, Joseph. A arte depois da filosofia. In FERREIRA, Glória; CO-TRIM, Cecília (Orgs.). Escritos de artistas: anos 60/70. Rio de Janeiro:Zahar, 2006.
LAKOFF, George; JOHNSON, Mark. Philosophy in the Flesh: The Em-bodied Mind and its Challenge to Western Thought. New York: BasicBooks / Perseus Book Group, 1999.
LESSING, Gotthold Ephraim. Laocoon, or the Limits of Poetry and Pain-ting. Miami: Hardpress, 2018.
LIPPARD, Lucy. Changing: Essays in Art Criticism. Nova Iorque: DuttonPublisher, 1971.
LIPPARD, Lucy. Six Years: The dematerialization of art object. Califor-nia: University of California Press, 1997.
MAMMÌ, Lorenzo. O que resta: arte e crítica de arte. São Paulo: Compa-nhia das Letras, 2012.
MAUTONE, Guilherme. Descredenciamento estético e habilitação narra-tiva: a construção de um novo modelo para a filosofia da arte em NöelCarroll. 2016. 180 f. Dissertação de Mestrado (Mestrado em Filosofia), Ins-tituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Gran-de do Sul, Porto Alegre, 2016.
MAUTONE, Guilherme. Intenção & Contexto: filosofia da arte e estéticano elogio da arte contemporânea. 2021. Tese de Doutorado em Filosofia(Estética e Filosofia da Arte) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas,Universidade Federal X, Cidade, p. 50-93.
NOË, Alva. Action in Perception. Cambridge: MIT Press, 2004.
NOË, Alva. Strange Tools – Art and Human Nature. Nova Iorque: Hill &Wang, 2015
SHAPIRO, Roberta. Que é artificação? Sociedade e Estado. Brasília, v. 22,n. 1, p. 135-151, abr. 2007.
WOOD, Paul. Arte Conceitual. São Paulo: Cosac & Naify, 2002, p. 17.
Descargas
Publicado
Número
Sección
Licencia
A Revista Perspectiva Filosófica orienta seus procedimentos de gestão de artigos conforme as diretrizes básicas formuladas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). http://www.cnpq.br/web/guest/diretrizesAutores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Os autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt_BR que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista, com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista (Consultar http://opcit.eprints.org/oacitation-biblio.html).

Esta revista está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.