A ansiedade da influência e os limites da crítica
DOI:
https://doi.org/10.51359/2357-9986.2024.264259Palavras-chave:
escuta, imaginação crítica, liberdade, escrita impossívelResumo
O lugar da escuta é a posição de partida de Filipe Campello em sua obra Crítica dos
Afetos. Essa é a chave interpretativa do empreendimento teórico e metodológico de Campello, que abordo já nos primeiros movimentos do texto. Em seguida, proponho apresentar até que ponto essa escolha posiciona a obra no espaço conceitual e normativo estabelecido por Judith Shklar, adotado, de maneiras distintas, por Iris Young e Miranda Fricker. Na sequência, de uma perspectiva menos interpretativa, ofereço uma análise sobre o que considero ser um dos limites desta abordagem, além de explorar possíveis caminhos que permitam a expansão da nossa imaginação crítica por uma escrita impossível das experiências de liberdade. Esses caminhos, argumento, devem situar-se além dos limites impostos pela ansiedade da influência para que possamos, enfim, ampliar o horizonte semântico da liberdade, imaginando conjuntamente formas de sentir, estar juntas e compartilhar o que é comum.
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