Variedades do enativismo: propostas radicais e cognição superior

Autores

  • Jeferson Diello Huffermann Universidade Federal do Rio Grande do Sul

DOI:

https://doi.org/10.51359/2357-9986.2019.248072

Palavras-chave:

Filosofia das ciências cognitivas, enativismo autopoiético, enativismo sensório-motor, enativismo radical, cognição superior

Resumo

Desde os anos noventa do século XX um programa de pesquisa interdisciplinar que transpassa a filosofia, a psicologia cognitiva, a inteligência artificial, robótica corporificada e a linguística vem ganhado espaço sob a alcunha de Enativismo (Enactvism). Apresentar e contextualizar abordagens enativistas mais radicais à cognição superior é o objetivo do presente texto. Uma motivação significativa para uma atitude positiva ao enativismo é o sucesso de explicações do fenômeno perceptual da visão que enfatizam o caráter ativo da percepção. A partir de uma certa leitura enativista pode-se defender que a percepção visual é um tipo de cognição básica (não-representacional), que pode ser explicada de modo relacional, a partir das habilidades do agente cognitivo engajado em um determinado ambiente e suas características. De modo que a percepção é deveras aproximada, senão identificada, com um saber-fazer. Um panorama do enativismo e suas variedades é traçado de modo a entender as perspectivas anti-representacionalistas; com isso é possível abordar o tratamento dado, de uma perspectiva radical, aos contextos que a princípio demandam apelo à noção de representação em sua explicação (contextos do que se pode chamar cognição superior). As variedades são o autointitulado enativismo radical (REC), o enativismo autopoiético e o enativismo sensório-motor. Após a exposição, encerra-se discutindo alguns problemas e possibilidades de avanço da agenda radical à explicação da cognição superior.

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Publicado

2020-08-27