Physis e cosmotécnica: um desenvolvimento na filosofia da tecnologia a partir de Yuk Hui

Autores

DOI:

https://doi.org/10.51359/2357-9986.2022.250050

Palavras-chave:

cosmotécnica, tecnologia, natureza, técnica, Gestell.

Resumo

Pode-se dizer que o texto “A Questão da Técnica” de 1953 deu o primeiro passo na consolidação da filosofia da tecnologia enquanto disciplina. Partindo de uma apresentação do conceito de phýsis, desenvolve-se o conceito de cosmotécnica, assim como apresentado pelo Yuk Hui. O termo cosmotécnica faz alusão aos dois conceitos centrais de natureza e de técnica, o que leva a uma tentativa de explicação que dê conta de um âmbito total do ente. Dessa forma, pautado em uma leitura crítica do texto heideggeriano de 1953, o presente artigo aponta para o trabalho de Yuk Hui como um exemplo notável de um pensador que segue de maneira sui generis a trilha posta pelo relato heideggeriano.

Biografia do Autor

Bruno Lemos Hinrichsen, Universidade de Coimbra

Doutorando em filosofia pela Universidade de Coimbra, mestre em filosofia pela Universidade Federal de Pernambuco, Especialista em ensino de filosofia pelo Contemporâneo – Centro de Ensino e Pesquisa, bacharel em filosofia pela Universidade Federal de Pernambuco, com período sanduíche na Eberhardt Karls Universität Tübingen, bacharel em direito pela Universidade Católica de Pernambuco e licenciando em matemática pela UFPE. É, também, atualmente pesquisador no Grupo Hegel da UNICAP, coordenador do GHF – Grupo Heidegger e Fenomenologia, tradutor de textos acadêmicos e professor de alemão. Tem-se dedicado atualmente a temas de filosofia contemporânea, incluindo ontologia, metafísica, fenomenologia, estética, design, técnica e tecnologia.

Matheus Vilaverde Lazzarotto, Universidade Federal de Pernambuco

Graduando pela Universidade Federal de Pernambuco em Filosofia, com pesquisas em Filosofia da Tecnologia. Coordenador do Centro de Pesquisas Cibernéticas, um grupo de estudos com enfoque em Filosofia da Tecnologia. Desenvolvendo monografia a respeito do diálogo entre Yuk Hui e Martin Heidegger. Graduando em direito pela Universidade Católica de Pernambuco, interessado em sociologia jurídica e direito digital. Interessado em inumanismo, neo-racionalismo, aceleracionismo, realismo especulativo, pós-estruturalismo, marxismo e fenomenologia.

Referências

ARISTÓTELES. Metafísica: texto grego com tradução ao lado. Tradução de Marcelo Perine. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2005. v. 2.

ARISTÓTELES. Física I-II. Tradução de Lucas Angioni. Campinas: Editora da Unicamp, 2010.

AUBENQUE, Pierre. Desconstruir a metafísica?. Tradução de Aldo Vannuchi. São Paulo: Edições Loyola, 2012.

BONAZZI, Mauro. “Antígona contra o sofista”. Archai, n. 7, jul. 2011, p. 75-85. Disponível em: http://periodicos.unb.br/index.php/archai/article/view/8253/6764. Acesso em 25 mar. 2021.

BRAGUE, Remi. The Wisdom of the World: The Human Experience of the World in Western Thought. Chicago: University of Chicago Press 2006.

COPLESTON, Frederick. History of philosophy: Greece and Rome. New York: Image Books, 1993. v. 1.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. O que é a filosofia?. São Paulo: Editora 34, 2010.

DESCOLA, Phillipe. Beyond Nature and Culture. Chicago: University of Chicago Press, 2013.

FERRANDO, Francesca. “The body”. In: RANISCH, Robert (ed.); SORGNER, Stefan Lorenz (ed.). Post- and transhumanism: an introduction. Frankfurt am Main: Peter Lang, 2014, p. 149-162.

FOGEL, Gilvan. “Martin Heidegger, et coetera e a questão da técnica”. O que nos faz pensar, v. 2, n. 10, out. 1996, p. 37-67.

FÖRSTER, Eckart. “The hidden plan of nature”. In: RORTY, Amélie Oksenberg (ed.); SCHMIDT, James (ed.). Kant’s idea for a universal history with a cosmopolitan aim: a critical guide. Cambridge: Cambridge University Press, 2009, p. 187-199.

GADAMER, Hans-Georg. “Parmenides und das Sein”. In: GADAMER, Hans-Georg. Der Anfang der Philosophie. Traduzido do italiano por Joachim Schulte. Stuttgart: Reclam, 2000, p. 149-175.

GUTHRIE, W. K. C. The sophists. Cambridge: Cambridge University Press, 1977.

HAYLES, N. Katherine. How we became posthuman: virtual bodies in cybernetics, literature, and informatics. Chicago, Londres: The University of Chicago Press.

HEGEL, G.W.F., Enciclopédia das Ciências Filosóficas: II - A Filosofia da Natureza. São Paulo: Edições Loyola, 2016.

HEIDEGGER, Martin. Die Grundbegriffe der Metaphysik: Welt – Endlichkeit – Einsamkeit. Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 1983. (GA, 29/30).

HEIDEGGER, Martin. Aristoteles, Metaphysik θ 1-3: von Wesen und Wirklichkeit der Kraft. 2. ed. Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 1990. (GA, 33).

HEIDEGGER, Martin. “Die Frage nach der Technik”. In: HEIDEGGER, Martin. Vorträge und Aufsätze. Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 2000, p. 5-36. (GA, 7).

HEIDEGGER, Martin. “A questão da técnica”. Scientiae Studia, São Paulo, v. 5, n. 3, p. 375-398, jul.-set. 2007. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-31662007000300006. Acesso em 21 mar. 2021.

HEIDEGGER, Martin. “A questão da técnica”. In: HEIDEGGER, Martin. Ensaios e Conferências, Tradução: Emmanuel Carneiro Leão, Gilvan Fogel, Márcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 2012, p. 11-38.

HINRICHSEN, Bruno L,. O sentido da transcendência na fenomenologia hermenêutica de Martin Heidegger. Dissertação (Mestrado em filosofia) – Programa de Pós-graduação em Filosofia, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2017. Disponível em: xxxxx. Acesso em 26 mar. 2021.

HUI, Yuk. The question concerning technology in China: na eassy in cosmotechnics. Falmouth: Urbanomic, 2016.

HUI, Yuk. “Cosmotechnics as Cosmopolitics”. e-flux, n. 86, 2017a, p. 1-11. Disponível em: https://www.e-flux.com/journal/86/161887/cosmotechnics-as-cosmopolitics/. Acesso em: 16 Mar. 2021.

HUI, Yuk. “On the Unhappy Consciousness of the Neoreactionaries”. e-flux, n. 81, 2017b, p. 1-12. Disponível em: https://www.e-flux.com/journal/81/125815/on-the-unhappy-consciousness-of-neoreactionaries/. Acesso em: 7 Abr. 2021.

HUI, Yuk. Recursivity and Contingency. Londres: Rowman & Littlefield, 2019.

HUI, Yuk. “What Begins After the End of the Enlightenment”. e-flux, n. 86, 2019, p. 1-10. Disponível em: https://www.e-flux.com/journal/86/161887/cosmotechnics-as-cosmopolitics/. Acesso em: 16 Mar. 2021.

HUI, Yuk. “For a Planetary Thinking”. e-flux, n. 114, 2020a, p. 1-7. Disponível em: https://www.e-flux.com/journal/114/366703/for-a-planetary-thinking/. Acesso em: 16 Mar. 2021.

HUI, Yuk. “Machine and Ecology”. Angelaki, v. 25, n. 4, 2020b, p. 54-66.

HUI, Yuk. “Prefácio a esta edição”. In: HUI, Yuk. Tecnodiversidade. Tradução de Humberto do Amaral. São Paulo: Editora Ubu, 2020c.

HUI, Yuk. Variedades da experiência de arte. In: HUI, Yuk. Tecnodiversidade. Tradução de Humberto do Amaral. São Paulo: Ubu, 2020d, p. 127-156.

KANT, Immanuel. “Idee zu einer allgemeinen Geschichte in weltbürgerlicher Absicht”. In: KANT, Immanuel; VON DER GABLENTZ, Otto Heinrich (ed.). Politische Schriften. Köln: Springer Fachmedien Wiesbaden, 1965a, p. 9-24. (Klassiker der Politik, 1).

KANT, Immanuel. “Zum ewigen Frieden. Ein philosophischer Entwurf”. In: KANT, Immanuel; VON DER GABLENTZ, Otto Heinrich (ed.). Politische Schriften. Köln: Springer Fachmedien Wiesbaden, 1965b, p. 104-150. (Klassiker der Politik, 1).

KIRK, G. S. Heraclitus: the cosmic fragments: a critical study. Londres, Nova York: Cambridge University Press, 1954.

KIRK, G. S.; RAVEN, J. E.; SCHOFIELD, M. Os filósofos pré-socráticos: história crítica com selecção de textos. 7. ed. Tradução de Carlos Alberto Louro Fonseca. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2010.

LYRA, Edgar. “A Atualidade da Gestell Heideggeriana ou a Alegoria do Armazém.”. In: MACDOWELL, João A. (ed.). Heidegger: a questão da verdade do ser e sua incidência no conjunto do seu pensamento. Rio de Janeiro: Via Verita, 2014, p. 138-158.

MANNSPERGER, Dietrich. Physis bei Platon. Berlin: Walter de Gruyter & Co., 1969.

ONISHI, Bradley B. “Information, bodies, and Heidegger: tracing visions of the posthuman. Sophia, n. 50, 2011, p. 101-112. Disponível em: https://link.springer.com/content/pdf/10.1007/s11841-010-0214-4.pdf. Acesso em: 29 mar. 2021.

PETERS, Gabriel. “Explicação e compreensão: incompatíveis ou complementares? (parte 1)”. Blog do Socioflo, 2018, p. 1-14. Disponível em: https://blogdolabemus.com/wp-content/uploads/2018/04/verbete-explicac3a7c3a3o-e-compreensc3a3o-parte-1-por-gabriel-peters.pdf. Acesso em: 30 mar. 2021.

VON BERTALANFFY, Ludwig. Teoria geral dos sistemas: fundamentos, desenvolvimento e aplicações. Tradução de Francisco M. Guimarães. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 2009.

Downloads

Publicado

2022-08-11

Edição

Seção

Dossiê temático A physis em uma filosofia da técnica pós-heideggeriana