Notas sobre o corpo em Frantz Fanon

a epidermização do racismo anti-negro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.51359/2357-9986.2024.259273

Palavras-chave:

Frantz Fanon, corpo, epidermização do racismo

Resumo

Sendo particularmente conhecido por conta dos seus escritos acerca da questão do colonialismo e de suas implicações para as populações periféricas, em especial para os negros, Frantz Fanon deixou um legado enquanto obra que já denunciava as mazelas que o imperialismo havia engendrado para toda uma população. Dos estudos sobre a dimensão psicológica do sujeito assimilado pela brancura, passando pelos escritos sobre a questão clínica e chegando sobre a crítica ao colonialismo no âmbito político, econômico e subjetivo, sua obra perpassa por uma série de discussões contemporâneas, donde destacamos o problema do racismo como marcador diverso. Só que, uma questão que é abordada pelo autor, mas ainda pouco explorada em literatura, diz respeito a dimensão corpórea do racismo, em especial à compreensão de corpo no texto fanoniano. O corpo negro naturalizado já era atravessado na realidade pelos maniqueísmos de branco e negro, superior e inferior e tantos outros criados pelo eurocentrismo narcísico desde a consolidação da prática da violência racial e colonial dotadas de lógica própria. Tendo isso em vista, este é um artigo que tem o objetivo de trazer notas sobre o corpo nos estudos fanonianos, crítico original a esse estado de coisas. Em poucas palavras, o que é o corpo em Fanon? Qual a dimensão da corporeidade para realização do sujeito na sociedade frente ao que se apreende de seu corpo? No intermédio disso, é proposta a hipótese de que Fanon tem dois patamares distintos em seu desenvolvimento argumentativo: o da descrição maniqueísta e o do humanismo radical. Para tanto, foi feita pesquisa bibliográfica das obras consolidadas de Fanon e da literatura especializada a seu respeito. 

Biografia do Autor

Glauber Franco de Oliveira, Universidade Federal de Alagoas (UFAL)

Mestrando em Filosofia na Universidade Federal de Alagoas com um projeto de pesquisa acerca da natureza da contradição em Arthur Giannotti. Vice-coordenador do Projeto de Extensão "Entendendo a crise brasileira atual" registrado na Universidade Federal de Mato Grosso. Bacharel em Serviço Social na Universidade Federal de Mato Grosso com um Trabalho de Curso sobre as classes médias no ciclo das mobilizações entre 2013-2018.

Guilbert Kallyan da Silva Araújo, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Guilbert Araújo, psicólogo clínico e mestrando em filosofia pelo PPGFil – UFPE. Coordenador do Grupo de Estudos Frantz Fanon (GEFF – UFPE), integrante do Coletivo Pontes da Psicanálise e colaborador da Revista Quarta Parede.

Pedro Henrique Ciucci da Silva, Faculdade de São Bento de São Paulo (FSB-sp) / Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Formado em filosofia pela faculdade de São Bento SP. Mestre em filosofia pela PUC de SP. Doutor em educação pela PUC. Pós doutorado em filosofia pela UFPE

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Publicado

2024-11-21

Edição

Seção

Numero especial: Filosofia da Raça