Políticas públicas de formação médica no Brasil: um estudo a partir do modelo das coalizões de defesa

Autores/as

Palabras clave:

Formação profissional em saúde. Educação de graduação em medicina. Avaliação curricular das faculdades de medicina.

Resumen

Este artigo analisa o processo de formação de coalizões de defesa em torno do subsistema de políticas públicas relativas à formação médica no Brasil, demonstrando as origens dos grupos envolvidos, suas alianças e seus conflitos e as crenças que as subsidiam. Utilizamos o conceito de coalizões de defesa para compreender como grupos se organizam em torno de ideias e como agem para vê-las impressas nas políticas públicas. Foram identificadas duas coalizões no referido subsistema de políticas públicas, calcadas em diferentes crenças sobre como deve ser a formação médica, uma defendendo uma formação inovadora e outra uma formação tradicional. Estas irão se constituir desde a Reforma Universitária de 1968, que irá determinar os currículos mínimos, de caráter tradicional, para os cursos de medicina no país. Será no período de redemocratização no país, com o surgimento do movimento de reforma sanitária, que a coalizão que defende uma formação inovadora, calcada nos pressupostos da saúde coletiva, ganhará força.

Biografía del autor/a

Vinicius Rauber e Souza, Universidade de Passo Fundo

Graduado em Ciências Sociais pela pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), especialista em Saúde do Trabalhador pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mestre em Ciências Sociais pela PUCRS e doutor em Políticas Públicas pela UFRGS. Professor Adjunto da Área de Ciências Sociais, da Residência Multiprofissional em Saúde e da Especialização em Ciências Sociais da Universidade de Passo Fundo (UPF). Foi coordenador da Área de Ciências Sociais da UPF entre 2014 e 2016. Na UPF, integrou a Comissão de Extensão e Assuntos Comunitários de 2016 a 2019 e a Comissão Integrada de Área de Saúde - CIAS entre 2015 e 2018. Coordenou o projeto de extensão Cenários em Saúde da Família entre 2015 e 2020.

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Publicado

2022-12-27

Número

Sección

Artigos