COR, SABOR, ODOR: AS SINESTESIAS DO CAMINHO DA ESCOLA NA INFÂNCIA

Autores

  • Myrcéia Carolyne Guimarães da Costa Universidade Federal do Pará Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará
  • Cleonilson Rosário da Costa Secretaria Estadual de Educação do Pará
  • Daniel dos Santos Fernades Universidade Federal do Pará

Resumo

Ao longo da vida, os sujeitos são constituídos de centenas de milhares de acontecimentos que compõem sua existência. Muitos se diluem pela ação do tempo e da relevância, outros porém, ficam guardados na memória e, quando provocados, emanam com tamanha força, que trazem consigo sentimentos, sensações, lembranças que refazem toda uma narrativa sobre o que acontecera.

Variados são os fatores que geram esta provocação, neste trabalho serão evidenciadas pessoas desconhecidas e que, pelas atividades que desempenham são capazes de traduzir um recorte da infância de quem observa com esta intenção. Seus labores quotidianos e as atividades diárias dos outros, aparentemente só se entrecruzam numa relação comercial esporádica, no entanto, serviram de mote para se construir uma narrativa imagética que exprimisse um texto coerente e coeso, desencadeando, dessa forma, numa aproximação entre os desconhecidos e o sujeito observador.

A fim de se engendrar um texto narrativo constituído de imagens que contam, dizem, relatam, utilizou-se a fotografia sob a perspectiva etnográfica, em que deve ser obtida uma sequência de informações visuais provenientes de uma série de fotografias que mantenham uma relação entre si. Nessa perspectiva, a fotografia aproxima-se da poesia por traduzir de modo simbólico e metafórico ideias sobre o mundo que requerem do leitor o exercício da sensibilidade e da capacidade de manejar as imagens mentais que residem em sua memória.

A narrativa deste trabalho remete à lembrança evocada por pessoas que trabalham informalmente com guloseimas em espaços abertos e que rememoram o traslado corriqueiro de uma criança do interior que perfaz o trajeto casa-escola-casa caminhando, impresso na memória do sujeito observador – aflorado quando este está em contato com a situação em questão e se coloca na condição de depreender as coisas que o outro tem a dizer para outros que querem ver, ouvir e sentir.

À memória dá-se a capacidade de criar e modelar um acontecimento partindo-se de um fragmento pelo qual passou, pois este (fragmento) sintetiza e simboliza o todo do tempo recuperado pelas lembranças, para assim compreender o caráter universal e particular das experiências humanas através das quais o sujeito realmente reintegra um tempo perdido recuperando e restituindo vida e matéria.

Nesse sentido, os profissionais retratados neste ensaio, remetem-nos, além de recordações de fatos arquivados no acervo de nossa memória, a sinestesias nas quais as cores, os sabores e os odores das guloseimas estão impressos em nossos interiores despertando as saborosas lembranças infantis do velho passeio de casa para a escola.

Biografia do Autor

Myrcéia Carolyne Guimarães da Costa, Universidade Federal do Pará Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará

Licenciada Plena em Letras-Português - UFPA

Especialista em Ensino e Aprendizagem de Língua Portuguesa e Literaturas - UFPA

Professora Efetiva de Língua Portuguesa - IFPA/Abaetetuba

Mestranda em Linguagens e Saberes na Amazônia - UFPA

Cleonilson Rosário da Costa, Secretaria Estadual de Educação do Pará

Licenciado Pleno em Letras

Licenciado Pleno em Pedagogia

Especialista em Educação

Gestor Escolar

Daniel dos Santos Fernades, Universidade Federal do Pará

Doutor em Ciências Sociais∕Antropologia

Professor do PPG em Linguagens e Saberes na Amazônia 

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Publicado

2017-12-27

Edição

Seção

Ensaio Visual