Ampliando o conceito de identidade a partir das cosmovisões indígenas
Palavras-chave:
identidade, cosmovisões indígenas, práticas ancestrais, interculturalidadeResumo
O artigo procura destacar como as visões de mundo indígenas podem ampliar os conceitos de identidade propostos por Antônio da Costa Ciampa (1989). A identidade é vista por ele como uma rede de representações, em que cada pessoa é moldada por suas relações sociais e culturais. Discutimos então algumas características dos modos de pensar dos povos Mbya Guarani, Nasa, Tapuya-Kariri, Karão-Jaguaribaras e Pitaguary, com os quais temos conversado e trabalho nos últimos anos, a fim de demonstrar como cada um deles possui uma compreensão única de identidade que está intrinsecamente ligada às suas culturas, territórios e práticas coletivas. O artigo também aborda a importância dos rituais, das cerimônias e da conexão espiritual com a natureza na constituição dessas definições. A resistência histórica desses (e de outros) povos à colonização (também epistêmica) é destacada como forma de afirmar suas identidades, permitindo que essas comunidades recuperem sua (re)existência em seus próprios termos.
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