Sangue entre projetos de vida
uma trajetória com a Síndrome de Mayer Rokistansky-Kuster-Hauser (MKRH)
Schlagworte:
sangue, infertilidade, saúde sexual, Síndrome de RokitanskyAbstract
Neste artigo, apresentarei os itinerários terapêuticos e a trajetória de vida de uma mulher com a síndrome de Mayer-Rokitansky-Kuster-Hauser (MKRH), evidenciando a centralidade do sangramento em sua vida. A ausência da menstruação evidencia-se como um marco disruptivo de um diagnóstico de uma condição reprodutiva, possibilitando a análise deste fenômeno como algo que se atribui à normalidade em corpos lidos como feminino, bem como a possibilidade de criação de projetos de vida que espera-se de mulheres, atrelados à maternidade. Contudo, neste caso também veremos como a síndrome traz outro tipo de sangramento, vinculado à dilatação do canal vaginal, e como o sangue é significado e vivenciado em relação à outros corpos e sujeitos, e como ele torna-se passível de moldar as subjetividades. O material no qual essas análises se baseiam são de uma entrevista semiestruturada realizada com essa mulher, a qual faz parte da minha pesquisa de mestrado em andamento, e me permite refletir sobre as conexões entre os processos da doença, as práticas e os discursos biomédicos e as noções de gênero e normalidade.
Literaturhinweise
BELAUNDE, Luisa Elvira. 2006. A força do pensamento, o fedor do sangue. Hematologia e gênero na Amazônia. Revista de Antropologia, ano 49.
BUTLER, Judith. 2014. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
CARSTEN, Janet. 2011. Substance and relationally: blood in contexts. Annual Review of Anthropology, v. 40:19–35.
HÉRITIER, Françoise. 1996. Masculino/feminino: O Pensamento da Diferença. Lisboa: Instituto Piaget.
JOHNSTON-ROBLEDO, I.; CHRISLER, J. C. 2020. The menstrual mark: menstruation as social stigma. In BOBEL, C. et al. (eds.): The Palgrave Handbook of Critical Menstruation Studies. Palgrave Macmillan.
MARTIN, Emily. 2006. A Mulher no Corpo: Uma análise cultural da reprodução. Rio de Janeiro: Garamond.
MEDIÅ, L. M.; SIGURDARDOTTIR, S.; FAUSKE, L.; WAEHRE, A. 2023. Understanding sexual health concerns among adolescents and young adults with differences of sex development: a qualitative study. International Journal of Qualitative Studies on Health and Well-being, v. 18, n. 1. (https://doi.org/10.1080/17482631.2023.2204635)
MENDES, Luna. 2020. Relações e substâncias: apontamentos sobre corporalidade e concepção Mbya-Guarani. Aceno – Revista de Antropologia do Centro-Oeste, v. 7, n. 14:119-136.
PAEZ-LOPEZ, Guillermo et al. 2013. Manejo laparoscópico de miomatosis uterina en pacientes con Síndrome de Rokitansky: Reporte de un caso y revisión de la literatura. Rev Colomb Obstet Ginecol, v. 64, n. 4:469-474. (http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-74342013000400007&lng=en&nrm=iso; acesso em 13/10/2023)
RABELO, Miriam Cristina. 1994. Experiência de doença e narrativa. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz. pp. 11-20.
ROBERTS, Tomi-Ann. 2020. Introduction: Menstruation as embodied. In BOBEL, C. et al. (eds.): The Palgrave Handbook of Critical Menstruation Studies, pp. xx-xx. Palgrave Macmillan.
SAHLINS, Marshall. 2011. What kinship is (part one). Journal of the Royal Anthropological Institute (N.S.), v. 17:2-19.
SAHLINS. 2011. What kinship is (part two). Journal of the Royal Anthropological Institute (N.S.), v. 17:227-242.
SABIDO RAMOS, Olga. 2021. The social form of secret: Gendered bodies, senses and menstruation. Digithum, n. 28:1-11.
SANTOS, Caynnã de Camargo. 2023. Doing infertility. Matter: Journal of New Materialist Research, v. 8:1-21.
WAGNER, A.; BRUCKER, S. Y.; UEDING, E. et al. 2016. Treatment management during the adolescent transition period of girls and young women with Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser syndrome (MRKHS): a systematic literature review. Orphanet Journal of Rare Diseases, v. 11:152.
Downloads
Veröffentlicht
Ausgabe
Rubrik
Lizenz
Copyright (c) 2025 Clarissa Cavalcanti

Dieses Werk steht unter der Lizenz Creative Commons Namensnennung - Nicht-kommerziell - Keine Bearbeitungen 4.0 International.
Direitos Autorais para textos publicados na Revista de Estudos e Investigações Antropológicas são do autor, com direitos de primeira publicação para a revista. No caso de submissão paralela a outro periódico, o texto em questão será excluído imediatamente do processo de avaliação e não será publicado na Revista de Estudos e Investigações Antropológicas.