Música e primeiras letras no Recife Colonial: Luís Álvares Pinto, mulato, músico e professor régio
Resumo
Luís Álvares (ou Alves) Pinto foi o primeiro brasileiro a receber uma formação musical na Europa seguindo os cânones eruditos. De singular trajetória, o músico e professor mestiço nasceu no Recife em 1719, onde também morreu em 1789. Em 1740, com a ajuda da família e o auxílio mutualista de companheiros pardos, de ofício e da Irmandade de N. Sra. do Livramento, instalou-se em Lisboa para estudar com Henrique Negrão, renomado organista da Sé, chegando a músico da Capela Real. No Reino se tornou requisitado nos salões para entreter os nobres e ensinar seus filhos na arte da composição e da performance musical. Sua carreira ascendente na corte lusa só foi bruscamente interrompida pela penúria econômica e cultural instaurada na Metrópole após o catastrófico terremoto de 1755, que o deixou sem trabalho e o obrigou a retornar à terra natal, onde seguiu carreira militar como o pai e tornou-se, anos depois, mestre-de-capela das Igrejas de N. Sra. do Livramento e de São Pedro dos Clérigos. Em 1784 publicou o ‘Dicccionario Pueril Para o Uso dos Meninos, ou dos que principião o ABC, e a soletrar dicções’, obra voltada ao ensino das primeiras letras e que complementava sua atuação como mestre no campo da música, já que também são de sua autoria dois manuscritos dedicados ao ensino do solfejo. O presente artigo pretende abordar, através de uma trajetória peculiar, as estratégias de inserção e afirmação social utilizadas, na segunda metade do XVIII, por membros das camadas subalternas para fazerem-se partícipes de uma sociedade colonial marcada pelo estigma da escravidão, mas na qual se mostravam brechas pelas quais surgiam indivíduos mestiços como Luís Álvares Pinto, rompendo os limites pré-delimitados a ele como sujeito histórico e construindo um lugar de fala privilegiado a partir do campo das artes e da cultura.
Palavras Chave: Brasil Colonial; Século XVIII; Mestiçagem; Primeiras Letras; Música.
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