O Reverbero Constitucional Fluminense e as interpretações do tempo no contexto da Independência (1821-1822)
DOI:
https://doi.org/10.22264/clio.issn2525-5649.2021.39.1.13Palavras-chave:
Século XIX, Identidade nacional, Narrativa historiográfica, IndependênciaResumo
Este artigo tem como objetivo analisar as formas de interpretação do tempo e da trajetória histórica do Brasil e da América presentes nas discussões do periódico Reverbero Constitucional Fluminense (1821-1822). Tenciona-se verificar que argumentos, exemplos históricos e referências pautaram a ação dos editores àquele momento marcado por conflitos entre grupos que disputavam a direção do processo de Independência. Argumenta-se, assim, que certa concepção civilizatória em torno da persona de D. Pedro pautou as interpretações do tempo, inserindo o Brasil em uma lógica na qual o passado recente americano serviria de base direta para a construção de caminhos a se seguir e a se evitar nos rumos políticos do Brasil.
Referências
ANDERSON, Benedict. Comunidades Imaginadas. São Paulo: Cia das Letras, 2008.
ARAÚJO, Valdei Lopes de. A experiência do tempo: conceitos e narrativas na formação nacional brasileira (1813-1845). São Paulo: Aderaldo & Rothschild, 2008.
ARIÈS, Philippe. O Tempo da História. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1989.
BARMAN, Roderick J. Brazil: the forging of a nation (1798-1852). Stanford: Stanford University Press, 1988.
CARVALHO, José Murilo de et alii (orgs.). Às armas, cidadãos! Panfletos manuscritos da Independência do Brasil (1820-1823). São Paulo: Cia das Letras; Belo Horizonte: Editora UFMG, 2012.
CHIARAMONTE, José Carlos. Metamorfoses do conceito de nação durante os séculos XVII e XVIII. In: JANCSÓ, István (org.). Brasil: formação do Estado e da Nação. São Paulo: HUCITEC, 2003.
DOLHNIKOFF, Miriam. O Pacto Imperial: origens do federalismo no Brasil. São Paulo: Globo, 2005.
FANNI, Rafael. Temporalização dos discursos políticos no processo de Independência do Brasil (1820-1822). Dissertação (Mestrado em História). São Paulo: USP, 2015.
GÉRARD, Alice. A Revolução Francesa. 2ª edição. São Paulo: Editora Perspectiva, 1999.
GRAMSCI, Antonio. Cadernos do Cárcere. Vol. 5: o Risorgimento. Notas sobre a História da Itália. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
GUERRA, François-Xavier. A nação moderna: nova legitimidade e velhas identidades. In: JANCSÓ, István (org.) Brasil: Formação do Estado e da Nação. São Paulo: Editora HUCITEC, 2003, p. 33-60.
GUERRA, François-Xavier. Modernidad e independências: ensayos sobre las revoluciones hispânicas. 3ª Ed. México: FCE, MAPFRE, 2000
HARTOG, François. Regimes de historicidade: presentismo e experiências do tempo. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2013.
HOBSBAWM, Eric. Nações e Nacionalismo desde 1780. 4ª edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2004.
JANCSÓ, István & PIMENTA, João Paulo G. Peças de um mosaico (ou apontamentos para o estudo da emergência da identidade nacional brasileira). MOTA, Carlos G. (org.). Viagem incompleta: a experiência brasileira. Formação: histórias. São Paulo: Senac, 2000, p. 127-175.
JANCSÓ, István. A construção dos estados nacionais na América Latina – apontamentos para o estudo do Império como projeto. In: SZMRECSÁNYI, Tamás & LAPA, José Roberto do Amaral. História Econômica da Independência e do Império. 2ª ed. revista. São Paulo: HUCITEC/ABPHE/Edusp/Imprensa Oficial, 2002, p. 3-26.
JANCSÓ, István. A sedução da liberdade: cotidiano e contestação política no final do século XVIII. In: SOUZA, Laura de Mello e (org.). História da Vida Privada no Brasil, vol. 1: Cotidiano e Vida Privada na América Portuguesa. São Paulo: Cia das Letras, 1997. p. 387-437.
KANTOR, Iris. Esquecidos e Renascidos: historiografia acadêmica luso-brasileira (1724-1759). São Paulo: HUCITEC; Salvador: Centro de Estudos Baianos / UFBA, 2004.
KOSELLECK et alii, O Conceito de História. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2013.
KOSELLECK, Reinhart. Crítica e crise: uma contribuição à patogênese do mundo burguês. Rio de Janeiro: EDUERJ: Contraponto, 1999.
KOSELLLECK, Reinhart. Futuro Passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto/Ed. Puc-Rio, 2006.
LUSTOSA, Isabel. O nascimento da imprensa brasileira. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003.
MARTINS, Maria Fernanda Vieira. A velha arte de governar: um estudo sobre política e elites a partir do Conselho de Estado (1842-1889). Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2007.
MATTOS, Ilmar. O Tempo Saquarema. 5ª edição. São Paulo: HUCITEC, 2004.
MEDEIROS, Bruno Franco. Plagiário, à maneira de todos os historiadores: Alphonse de Beauchamp e a escrita da história na França nas primeiras décadas do século XIX. Dissertação de mestrado. São Paulo, SP: PPGHS/USP, 2011.
MELLON, Stanley. The Political Uses of History, Stanford University Press, 1958.
MOREL, Marco. As transformações dos espaços públicos: imprensa, atores políticos e sociabilidades na cidade imperial (1820-1840). São Paulo: HUCITEC, 2005
NEVES, Lúcia Maria Bastos Pereira das. Corcundas e Constitucionais: a cultura política da Independência (1820-1822). Rio de Janeiro: Revan/FAPERJ, 2003.
NEVES, Lúcia Maria Bastos Pereira das. Liberalismo Político no Brasil: ideias, representações e práticas (1820-1823). In: GUIMARÃES, Lúcia Maria Paschoal (org.). O liberalismo no Brasil imperial: origens, conceitos e prática. Rio de Janeiro: Revan: UERJ, 2001, p.73-101.
NOVAIS, Fernando. Portugal e Brasil na Crise do Antigo Sistema Colonial. 5ª edição. São Paulo: HUCITEC, 1989.
OLIVEIRA, Cecília Helena L. de Salles. A Astúcia Liberal: relações de mercado e projetos políticos no Rio de Janeiro (1820-1824). Bragança Paulista, SP: EDUSF & ÍCONE, 1999.
PALTI, Elías José. Koselleck y la idea de Sattelzeit. Un debate sobre modernidad y temporalidad. In: Ayer, nº. 53, Historia de los conceptos (2004)
PALTI, Elías. La nación como problema: los historiadores y la “cuestión nacional”. Buenos Aires: Fonde de Cultura Economica, 2003.
PARRON, Tâmis. A política da escravidão no Império do Brasil, 1826-1865. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.
PIMENTA, João Paulo Garrido. Estado e Nação no fim dos Impérios Ibéricos no Prata. São Paulo: HUCITEC, FAPESP, 2002.
PIMENTA, João Paulo G. & ARAÚJO, Valdei Lopes de. História. In: FERES JÚNIOR, João. Léxico da história dos conceitos políticos do Brasil. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009, p. 119-140.
PIMENTA, João Paulo Garrido. Tempos e espaços das independências: a inserção do Brasil no mundo ocidental (c.1780-c.1830). Tese de livre docência. São Paulo: USP, 2012.
SALLES, Ricardo. Segunda escravidão, liberalismo de classe e a matriz política imperial. c. 1815-1860. In: SALLES, Ricardo (org.) Ensaios gramscianos: política, escravidão e hegemonia no Brasil imperial. Curitiba: Editora Prismas, 2017, p. 15-82.
SANTOS, Cristiane Alves Camacho dos. Escrevendo a história do futuro: a leitura do passado no processo de Independência do Brasil. Dissertação (Mestrado em História). São Paulo: USP, 2010.
SCHULTZ, Kirsten. Versalhes Tropical: império, monarquia e a corte real portuguesa no Rio de Janeiro, 1808-1821. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.
SILVA, Ana Rosa Cloclet da. Inventando a Nação: intelectuais ilustrados e estadistas luso-brasileiros na crise do Antigo Regime português (1750-1822). São Paulo: HUCITEC: FAPESP, 2006
SILVA, Virgínia Rodrigues da. O Reverbero Constitucional Fluminense, constitucionalismo e imprensa no Rio de Janeiro da Independência. Dissertação de mestrado. Niterói, UFF: 2010.
SLEMIAN, Andréa. Vida política em tempo de crise: Rio de Janeiro (1808-1824). São Paulo: HUCITEC, 2006.
SMITH, Anthony D. O nacionalismo e os historiadores. In: BALAKRISHNAN, Gopal (org.). Um mapa da questão nacional. Rio de Janeiro: Contraponto, 2000.
SOUZA, Iara Lis Carvalho. Pátria Coroada: O Brasil como corpo político autônomo, 1780-1831. São Paulo: Fundação Editora da Unesp, 1999.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Ao submeter um artigo à CLIO: Revista de Pesquisa Histórica, o autor garante que o artigo é original, e que não contém declarações caluniosas ou difamatórias, que não infringe quaisquer direitos de propriedade intelectual, comercial ou industrial de terceiros, bem como ressarcir prontamente a Universidade Federal de Pernambuco/CLIO: Revista de Pesquisa Histórica por quaisquer indenizações, prejuízos ou despesas que possam ocorrer em razão da quebra destas garantias.
O autor mantém os direitos autorais sobre o artigo, autorizando, no entanto, a Universidade Federal de Pernambuco/CLIO: Revista de Pesquisa Histórica, a utilizar o referido artigo, no todo ou em parte, editado ou integral, em língua portuguesa ou qualquer outro idioma, em versão impressa, ou qualquer outro meio de divulgação, ficando assim, a referida instituição isenta de qualquer pagamento de direitos autorais ao autor.