As Tupi que comem e as que são "comida": Antropofagia e representações femininas em crônicas dos séculos XVI e XVII
Palavras-chave:
Antropofagia, Mulheres Tupi, CrônicasResumo
Com foco nas experiências históricas das mulheres dos povos Tupi na antropofagia, este artigo proveio da exploração das representações, construídas entre finais do século XVI e início do XVII, em textos de cronistas colonos e viajantes, leigos e religiosos que escreveram a respeito das indígenas da faixa litorânea situada entre a Capitania de Ilhéus e a Ilha do Maranhão. Durante a elaboração deste trabalho, foi percebido que tais nativas não foram somente representadas agindo na prática antropofágica, existindo também indicativos de que as índias poderiam ser destinadas a serem imoladas nela. Constatada a existência de registros nas crônicas que sugeririam as indígenas como passíveis de serem vitimadas nesse tipo de repasto, se notou que essa constatação indicaria a necessidade de revisão das interpretações mais aceitas sobre o sentido – ou sentidos – do exercício do “comer o outro”.
Referências
ABBEVILLE, Claude D’[1614]. História da missão dos padres Capuchinhos na Ilha do Maranhão. Tradução de Sérgio Milliet. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Universidade de São Paulo, 1975.
BRANDÃO, Ambrósio Fernandes [1618]. Diálogo das grandezas do Brasil. 3ª Edição. Recife: FUNDAJ, Massangana, 1997.
C. das Artes, 1713. Disponível em: <http://purl.pt/13969/4/l-2774-a/l-2774-a_item4/l-2774¬a_PDF/l-2774-a_PDF_24-C-R0090/l-2774-a_0000_capa-capa_t24-C-R0090.pdf>. Acesso em: 21 mai. 2013.
BLUTEAU, Raphael. Vocabulario portuguez & latino: áulico, anatômico... vol. 4. Coimbra:
CARDIM, Fernão. [1625?]. Tratado da terra e gente do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Universidade de São Paulo, 1980.
CASTRO, Eduardo Batalha Viveiros de. Araweté: os deuses canibais. 1ª Edição. Rio de Janeiro: J. Zahar, 1986.
CHARTIER, Roger. A História Cultural: entre práticas e representações. Tradução de Maria Manoela Galhardo. 2ª Edição. Miraflores-Portugal: Difel, 2002.
CUNHA, Manuela Carneiro. Imagens de índios do Brasil no Século XVI. In: CUNHA, Manuela Carneiro. Índios no Brasil: História, direitos e cidadania. 1ª Edição. São Paulo: Claro Enigma, 2012, p. 26-53.
EVREUX, Yves D’ [1613-1614]. Viagem ao Norte do Brasil. Tradução de César Augusto Marques. 3ª Edição. São Paulo: Siciliano, 2002.
FERNANDES, Florestan. A função social da guerra na sociedade Tupinambá. 3ª Edição. São Paulo: Globo, 2006.
FERNANDES, João Azevedo. De cunhã a mameluca: a mulher Tupinambá e o nascimento do Brasil. João Pessoa: Universitária da UFPB, 2003.
GÂNDAVO, Pero de Magalhães [1573?; 1576]. Tratado da Terra & História do Brasil. 3ª Edição. Recife: FUNDAJ, Massangana, 1995.
GINZBURG, Carlo. Sinais: raízes de um paradigma indiciário. In:______. Mitos, emblemas e sinais: morfologia e história. Tradução Federico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. p. 143-180.
MARTIN, Gabriela. Pré-História do Nordeste do Brasil. 2ª Edição. Recife: UFPE, 1997.
RAMINELLI, Ronald. Eva Tupinambá. In: PRIORE, Mary Del (org.); BASSANEZI, Carla (coord.). História das mulheres no Brasil. 7ª Edição. São Paulo: Contexto, 2004, p. 11-43.
SALVADOR, Vicente do [1627]. História do Brasil: 1500-1627. 7ª Edição. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Universidade de São Paulo, 1982.
SILVA, Sérgio Francisco S. Monteiro da. Arqueologia das práticas funerárias: resumo de uma estratégia. Canindé: Revista do Museu de Arqueologia de Xingó, Aracaju -SE, n. 10, p. 99¬142, dez/2007.
SILVA, Sérgio Francisco S. Monteiro da. Arqueologia e Etnografia das práticas funerárias: informações sobre o tratamento do corpo em contextos rituais e de morte. Canindé: Revista do Museu de Arqueologia de Xingó, Aracaju -SE, n. 11, p. 111-160, jun/2008.
SOIHET, Raquel. História das mulheres. In: CARDOSO, Ciro Flamarion; VAINFAS, Ronaldo. (orgs.). Domínios da História: Ensaios de teoria e metodologia. Rio de Janeiro: Elsevier, 1997, p. 275-296.
SOUZA, Gabriel Soares de [1587]. Tratado Descritivo do Brasil em 1587. Belo Horizonte: Itatiaia, 2000.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Ao submeter um artigo à CLIO: Revista de Pesquisa Histórica, o autor garante que o artigo é original, e que não contém declarações caluniosas ou difamatórias, que não infringe quaisquer direitos de propriedade intelectual, comercial ou industrial de terceiros, bem como ressarcir prontamente a Universidade Federal de Pernambuco/CLIO: Revista de Pesquisa Histórica por quaisquer indenizações, prejuízos ou despesas que possam ocorrer em razão da quebra destas garantias.
O autor mantém os direitos autorais sobre o artigo, autorizando, no entanto, a Universidade Federal de Pernambuco/CLIO: Revista de Pesquisa Histórica, a utilizar o referido artigo, no todo ou em parte, editado ou integral, em língua portuguesa ou qualquer outro idioma, em versão impressa, ou qualquer outro meio de divulgação, ficando assim, a referida instituição isenta de qualquer pagamento de direitos autorais ao autor.