Fronteira e integração territorial na escrita da história “didática” Oitocentista
DOI:
https://doi.org/10.22264/clio.issn2525-5649.2016.34.1.do.96-119Palavras-chave:
Fronteira, Território, IHGB, Colégio Pedro II, Escrita da HistóriaResumo
Durante o período regencial, em 1838, entravam em funcionamento duas instituições que objetivavam criar e legitimar escritas históricas para forjar uma nação para o recém-emancipado Estado brasileiro: o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e o primeiro Colégio em que a História se tornaria disciplina escolar. Para atingir os objetivos de consolidação da nação, a integração territorial e a delimitação de suas fronteiras tornavam-se fundamentais. Objetiva-se, no presente texto, analisar o IHGB e o Colégio Pedro II, enquanto entidades ligadas ao Estado imperial, organizadoras de um projeto de construção nacional em que se fazia necessária a ratificação de suas fronteiras, buscando legitimações discursivas, fundamentadas nas explorações do território realizadas em séculos anteriores, nas quais o desenho do território, resultado histórico da política expansionista lusitana, constituiu-se em uma espécie de tradição.
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