Necropolítica na resposta às primeiras catástrofes climáticas do capitalismo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22264/clio.issn2525-5649.2022.40.2.11

Palavras-chave:

Necropolítica, Seca, Grande Fome, Crise do capitalismo

Resumo

Este artigo analisa o contexto em que ocorreu a Grande Seca de 1877-1879 no Semiárido nordestino, a partir de eventos ocorridos simultaneamente na escala global, naquela que é considerada uma das primeiras crises do capitalismo — resultante do efeito conjugado do clima e internacionalização da produção capitalista. Nesse recorte histórico alterações na produção mundial de algodão e no setor de transportes resultaram no abandono das plantações e na perda de emprego no Semiárido, com a seca tornando-se um agravante da condição de vulnerabilidade das comunidades. Para cumprir os objetivos faremos revisão da literatura, coleta de material de arquivo e de notícias.

Biografia do Autor

José Gomes Ferreira, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasil.

Professor visitante no Departamento de Políticas Públicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, atuando na graduação em Gestão de Políticas Públicas e na pós-graduação em Estudos Urbanos e Regionais.

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Publicado

29-12-2022