“Servir a Deus e ao santo tribunal”: poderes e cooperação entre inquisição e igreja na América Portuguesa Colonial (casos de Pernambuco, Grão-Pará e Maranhão)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22264/clio.issn2525-5649.2023.41.1.11

Palavras-chave:

Bispados, Santo Ofício, Grão-Pará, Pernambuco

Resumo

O artigo objetiva promover reflexões sobre as habilitações e os papéis desenvolvidos pelos comissários na atuação como agentes inquisitoriais. Além disso, busca-se entender como se deu a realização das trocas administrativas a partir dos bispados de Pernambuco, especialmente do Ceará, do Grão-Pará e do Maranhão, na América Portuguesa com a Inquisição em Lisboa, já que não houve esse tribunal fixo no Brasil. Esse processo de trocas feito pelas instituições, a episcopal e a inquisitorial, eram feitas mediante a cooperação entre os agentes de ambas, com o propósito comum de defender a ortodoxia católica no Ultramar. Dessa forma, o trabalho permite compreender o diálogo constante estabelecido entre elas para que conseguissem cumprir o papel doutrinário do catolicismo.

Biografia do Autor

Adson Rodrigo Silva Pinheiro, Universidade Federal Fluminense - UFF

Doutorando em História Social pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Licenciado em História pela Universidade Estadual do Ceará (UECE), é mestre em História Social pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com especialização em História do Brasil pela Universidade Vale do Acaraú (UVA), Especialista em Gestão e Políticas Culturais da Universidade de Girona (Espanha) em colaboração com o Observatório Itaú Cultural - SP e MBA em Gestão Cultural: cultura, desenvolvimento e mercado (UVA). Além disso, é especialista em Arqueologia Social Inclusiva da URCA / Universidade de Coimbra / UFPI e especialista em Políticas Culturais de Base Comunitária no Posgrado Internacional en Políticas Culturales de Base Comunitaria pela Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales - Argentina. É membro do grupo de pesquisa História do Ceará Colonial: economia, memória e sociedade da UFC, membro do grupo de pesquisa PRAETECE (Prática de Edição de Textos do Estado do Ceará), membro do Grupo de Estudos e Pesquisa em Patrimônio e Memória (UFC), membro associado do Comitê Brasileiro do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS-BRASIL) e membro da Associação de Arquivistas do Estado do Ceará - Arquiva-se. Atua em pesquisas na área de Gestão Cultural, sobretudo no campo do Patrimônio Cultural na área de Educação Patrimonial e Patrimônio Imaterial e no campo da Cultura Tradicional e Popular. Também tem experiência em História do Brasil, com ênfase em História do Brasil Colônia, atuando principalmente com os seguintes temas: Inquisição, Família, Cotidiano, Casamento, Igreja Católica, População, Sociedade, Sexualidade, Cultura, Ceará no século XVIII. Além disso, também leciona disciplinas na área do Ensino de História, sobretudo no campo da educação para o patrimônio.

João Antônio Fonseca Lacerda Lima, Universidade Federal do Pará - UFPA

Professor substituto da Escola de Aplicação da Universidade Federal do Pará (EA-UFPA). Professor da Faculdade Católica de Belém (FACBEL). Doutor em História Social pela Universidade Federal do Pará (UFPA), com estágio no Centro de História da Universidade de Lisboa (CH-UL). Mestre em História Social da Amazônia pelo Programa de Pós-Graduação em História da UFPA. Licenciado e Bacharel em História pela UFPA. Realizou estágio Doutorado-Sanduíche e foi investigador visitante no Centro de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa/Portugal (FLUL). Apresentou comunicações e coordenou simpósios temáticos em eventos científicos no Brasil e no exterior (Portugal e Espanha). Possui trabalhos publicados em livros, periódicos científicos e Anais de congressos, no Brasil e no exterior. Atua como professor colaborador nos cursos de Licenciatura Plena em História, Artes Visuais e Pedagogia, ofertados pela Universidade Federal do Pará no âmbito do Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (PARFOR/MEC) e do Programa FORMAPARÁ (SECTET-PA). 

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Publicado

02-05-2023

Edição

Seção

Artigos Livres