Entre a permissão e a restrição: Madre Teresa de Jesus e a escrita feminina da primeira Modernidade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22264/clio.issn2525-5649.2023.41.1.12

Palavras-chave:

Teresa de Jesus, escrita feminina, espiritualidade, catolicismo

Resumo

A primeira Modernidade assinalou uma Europa em transformação, que foi atravessada pelo encontro com o outro desconhecido, pelos medos herdados do medievo e que vivenciou as mudanças tecnológicas, cuja cultura escrita impressa é um de seus fenômenos. No campo da religiosidade, a difusão de livros místicos marcou uma prática espiritual de característica mais íntima, interiorizada, pessoal e afetiva, em que Deus poderia ser acessado de modo direto e sem intermediários. Este artigo, portanto, tem como objeto o estudo da escrita de Madre Teresa de Jesus, Carmelita Descalça, que deixou registrado, em meio a Espanha católica do século XVI, uma vasta obra de literatura mística/espiritual.

Biografia do Autor

Marcella de Sá Brandão, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)

Doutoranda em História pela UFRRJ, na linha de pesquisa "Relações de poder, linguagem e história intelectual" sob a orientação da professora Drª Margareth de Almeida Gonçalves. É integrante do grupo de pesquisa "Núcleo de Estudos da Política e História Social - NEPHS" da UFRRJ; do grupo de estudos "Gênero e Sexualidade: abordagens em teoria e historiografia" do PPGHIS / UFRRJ e do grupo de pesquisa "A Experiência Mística e o Conhecimento - Amor, Desejo, Sofrimento e Êxtase" do Labô PUC SP. Mestrado concluído em História pela UFMG (2015 - linha de pesquisa "História Social da Cultura"), possui especialização em Ciência da Religião pela UFJF (2016) e graduação em História pela UFV. Tem interesse nos temas: religião e gênero; Mística cristã e Santa Teresa de Jesus; espiritualidade cristã, religiosidade feminina; História Moderna; História dos livros, da escrita e da leitura.

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Publicado

02-05-2023

Edição

Seção

Artigos Livres