“A nova-seita não irá prosperar”:
o discurso antiprotestante no Jornal A Fé Christã (Penedo/AL) (1902-1907)
DOI:
https://doi.org/10.51359/2525-5649.2024.257897Palavras-chave:
imprensa, religião, catolicismo, antiprotestantismoResumo
O início do Regime Republicano brasileiro testemunhou a consolidação dos órgãos de imprensa como um dos principais meios de comunicação e difusão cultural em massa. Compreendida como um meio de intervenção social e de legitimação das relações de poder na sociedade, a imprensa, através de sua materialidade, passou a ser reconhecida como uma ferramenta para a circulação de discursos e ideias nas diversas esferas sociais. No campo religioso, em particular, ocorreram transformações intensas, incluindo a separação entre a Igreja e o Estado, assim como o estabelecimento jurídico da liberdade religiosa, permitindo a manifestação de diferentes crenças além do catolicismo. Nesse cenário, surgiu em 1902 o Jornal A Fé Christã na cidade de Penedo, no agreste do estado de Alagoas. Voltado para os "interesses católicos", conforme declarado em suas primeiras edições, o periódico se destaca por ilustrar o alinhamento do corpo eclesiástico alagoano com a política ultramontana. Portanto, este texto tem como objetivo analisar os discursos antiprotestantes católicos presentes no jornal de Penedo, com o intuito de compreender as práticas discursivas utilizadas para reforçar as representações sobre os movimentos protestantes e demarcar as suas posições na sociedade.
Referências
Ana Luiza Martins e Tania Regina de Luca (orgs.), História da imprensa no Brasil, São Paulo: Contexto, 2008.
Alceu Ravanello Ferraro, “Analfabetismo e níveis de letramento no Brasil: o que dizem os censos?”, Educação & Sociedade, v. 23, n. 81 (2002), pp. 21-47.
Álvaro Queiroz, Notas sobre a história da Igreja nas Alagoas, Maceió: Edufal, 2015.
André Luiz Caes, “As Portas do Inferno não prevalecerão: A espiritualidade Católica como estratégica Política (1872-1916)”, Tese (Doutorado em História), Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2002.
Asa Routh Crabtree, História dos Batistas no Brasil: até 1906, Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1962.
Carlos Barros Gonçalves, “Unun corpus sumus in Cristo?: Iniciativa de fraternidade e cooperação protestante no Brasil (1888-1940)”, Tese (Doutorado em História), Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2015.
César Leandro Santos Gomes, “Por mercê de Deus e da Santa Sé: as representações do projeto de reestruturação católica no bispado de Dom Antônio Manoel Castilho Brandão, Alagoas (1901-1910)”, Dissertação (Mestrado em História), Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2019.
Cícero Péricles de Carvalho, Formação histórica de Alagoas, Maceió: EDUFAL, 2015.
Craveiro Costa, História de Alagoas: resumo didático, Rio de Janeiro/Maceió: Melhoramentos/Sergasa, 1983.
Diego Omar Silveira, “A peleja pela Boa Imprensa: reflexões sobre os jornais da Igreja, a Romanização dos costumes e a identidade Católica no Brasil”, in Anais do IX Encontro de História de Mídia da Universidade Federal de Ouro Preto (UFPO), Minas Gerais, 2013, pp. 1-14.
Edgar da Silva Gomes, “O catolicismo nas tramas do poder: a estadualização diocesana na Primeira República (1889-1930)”, Tese (Doutorado em História Social), Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 2012.
Eliana de Almeida, “Discurso religioso: um espaço simbólico entre o céu e a terra”, Dissertação (Mestrado em Letras), Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem, Campinas, 2000.
Érica Aprígio de Albuquerque, “Do adro à praça: desenhos e significados da presença franciscana nas cidades de Marechal Deodoro e do Penedo – AL”, Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo: Dinâmicas do Espaço Habitado), Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2012.
Francisco Reinaldo Amorim de Barros, ABC das Alagoas: dicionário biobibliográfico, histórico e geográfico das Alagoas, Brasília: Senado Federal, 2005.
George Duby, “Heresias e sociedade na Europa pré-industrial, séc. XI – XVIII”, in Idade Média, Idade dos Homens: de amor e outros ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, pp. 206-216.
Heloisa de Faria Cruz e Maria do Rosário Cunha Peixoto, “Na oficina do historiador: conversas sobre história e imprensa”, Projeto História, v. 35, n. 2 (2007), pp. 253-270.
Helena H. Nagamine Brandão, “Escrita, leitura, dialogicidade”, in Beth Brait (org.), Bakhtin, dialogismo e construção de sentido, Campinas: Editora UNICAMP, 1997, pp. 281-290.
Irene A. Machado, “Texto como enunciação: A abordagem de Mikhail Bakhtin”, Lín-gua e Literatura, v. 22 (1996), pp. 89-105.
Irinéia Maria Franco dos Santos, Imprensa Católica na Primeira República: uma história social do heddomadário A Fé Christã (Penedo/Alagoas), Maceió: EDUFAL, 2019.
Jacques Le Goff, História e memória, Campinas: Editora da UNICAMP, 1990.
Jérri Roberto Marin, “Reflexões sobre a imprensa católica no Brasil”, Religião e Sociedade, v. 38, n. 3 (2018), pp. 197-217.
João Craveiro Costa e Torquato Cabral (orgs.), Indicador Geral do Estado de Alagoas, Maceió: EDUFAL/Imprensa Oficial Graciliano Ramos, 2016.
José D'Assunção Barros, O jornal como fonte histórica, Petrópolis: Vozes, 2023.
José Luiz Fiorin, “Organização linguística do discurso: enunciação e comunicação”, in Roseli Figaro (org.). Comunicação e Análise do Discurso, São Paulo: Contexto, 2012, pp. 47-78.
Lyndon de Araújo Santos, “As outras faces do Sagrado: Protestantismo e Cultura na Primeira República Brasileira”, Tese (Doutorado em História), Universidade Estadual Paulista, Assis, 2004.
Márcia Abreu, “A liberdade e o erro: a ação da censura luso-brasileira (1769-1834)”, Fênix: revista de história e Estudos Culturais, v. 6, n. 3 (2009), pp. 1-23.
Maria Helena Rolim Capelato, A imprensa na História do Brasil. São Paulo: Contexto/EDUSP, 1988.
Michelline Reinaux Vasconcelos, “As Boas Novas pela palavra impressa: impressos e imprensa protestante no Brasil (1837-1930)”, Tese (doutorado em História), Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 2010.
Mikhail Bakhtin, Os gêneros do discurso, São Paulo: Editora 34, 2016.
Mônica Maria de Souza Melo (org). Reflexões sobre o discurso religioso. Belo Horizonte: Núcleo de Análise do Discurso, Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos, Faculdade de Letras da UFMG, 2017.
Norbert Elias, A sociedade dos indivíduos, Rio de Janeiro: Zahar, 1994.
Peter Burke, O que é história cultural, Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
Pierre Bourdieu, A economia das trocas simbólicas, São Paulo: Perspectiva, 2007.
Ruth Amossy, Apologia da polêmica, São Paulo: Editora Contexto, 2017.
Sérgio Miceli, A elite eclesiástica brasileira (1890-1930), São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
Sérgio Miceli, “Introdução: A força do sentido”, in Pierre Bourdieu, A economia das trocas simbólicas, São Paulo: Perspectiva, 2007, pp, VII-LXI.
Valentin Volóchinov (Círculo de Bakhtin), Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem, São Paulo: Editora 34, 2018.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 .

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Ao submeter um artigo à CLIO: Revista de Pesquisa Histórica, o autor garante que o artigo é original, e que não contém declarações caluniosas ou difamatórias, que não infringe quaisquer direitos de propriedade intelectual, comercial ou industrial de terceiros, bem como ressarcir prontamente a Universidade Federal de Pernambuco/CLIO: Revista de Pesquisa Histórica por quaisquer indenizações, prejuízos ou despesas que possam ocorrer em razão da quebra destas garantias.
O autor mantém os direitos autorais sobre o artigo, autorizando, no entanto, a Universidade Federal de Pernambuco/CLIO: Revista de Pesquisa Histórica, a utilizar o referido artigo, no todo ou em parte, editado ou integral, em língua portuguesa ou qualquer outro idioma, em versão impressa, ou qualquer outro meio de divulgação, ficando assim, a referida instituição isenta de qualquer pagamento de direitos autorais ao autor.