Da formação socioeconômica à formação territorial: as reivindicações epistemológicas do sul global enquanto necessidade metodológica para a análise social
DOI :
https://doi.org/10.51359/2238-6211.2024.262233Mots-clés :
formação territorial, categoria de análise, geografia, Milton Santos, epistemologiaRésumé
A análise das formações, no âmbito das ciências humanas, é confrontada com uma complexa dinâmica social, o que requer constantes redefinições operacionais para o diagnóstico das práticas insurgentes que a compõem. Nesse sentido, torna-se pertinente investigar a formulação epistemológica da formação territorial, com ênfase nos trunfos operacionais que guiaram sua constituição enquanto categoria de análise geográfica capaz de embarcar uma amplitude de acepções no campo da prática política. Metodologicamente, nosso ponto é de que o recurso da ideia de formação consiste em um fio condutor epistemológico que permite sistematizar o refinamento do território enquanto categoria social de analise, pois oferece uma síntese histórica de sua operacionalidade enquanto tal. Assim, o texto oferece uma revisão bibliográfica que parte da teoria da formação socioeconômica que, perpassada pela formação socioespacial, se refinou como uma categoria chave para a investigação das contradições implicadas na realidade social. É a ideia da formação, e a totalidade de usos que a conformam, recurso que permite agregar à categoria do território, os avanços epistemológicos da teoria crítica. Não obstante, nutrida por práticas políticas insurgentes, o território oferece aos estudos das formações, alternativas críticas e propositivas que partem de r-existências situadas, responsáveis pelo emergir de uma outra ordem espacial centrada na reprodução da vida em seu amplo sentido.
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