O trabalhismo brasileiro em reabilitação: os limites explicativos do populismo

Autor/innen

DOI:

https://doi.org/10.51359/2317-5427.2025.266412

Schlagworte:

trabalhismo, populismo, esquerdas, desenvolvimentismo

Abstract

Tomando como base as reflexões de autores como Reis (2007), Gomes (2001, 2005, 2014b) e Ferreira (2005), o presente artigo tem o objetivo de analisar o Trabalhismo Brasileiro como uma expressão da esquerda brasileira; fato não muito evidente dentro de uma literatura específica como Konder (2003) e Chacon (1981). Na verdade, tomo o termo esquerdas no plural tendo em vista a multiplicidade de projetos em torno deste campo político. Defendendo um projeto nacional-desenvolvimentista, os trabalhistas dos anos 1930 até os anos 1960 desenvolveram características como o nacionalismo, o estatismo, o reformismo e o anti-imperialismo. Tais características, dentro da realidade brasileira marcada por um capitalismo dependente, pode ser considerada como um projeto político de esquerda. Dentro de um arcabouço metodológico baseado na pesquisa teórica, reflito sobre uma experiência política com intensa atuação no passado e consequentes repercussões no presente. Sendo assim, me distancio de abordagens sociológicas e historiográficas que não consideraram e/ou ocultaram os trabalhistas como parte integrante das esquerdas brasileiras, limitando o fenômeno a mera manipulação de tipo populista. Entre esses autores, destacarei Weffort (2003). Para a realização dos objetivos expostos, tomo como base a atuação do antigo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e seus principais líderes (Getúlio Vargas, João Goulart e Leonel Brizola).

Autor/innen-Biografie

Itamá Winicius do Nascimento Silva, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Universidade Federal de Pernambuco. Doutorando pelo Programa de Pós-graduação em Sociologia (PPGS/UFPE). Graduado em Ciências Sociais (UFPE) e História (UNINTER). Mestre em Sociologia (PPGS/UFPE).

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Veröffentlicht

2025-07-01