“As flores do mal”: A experiência da denegação do outro generalizado na internet

Autores

  • José Manuel Resende
  • Lucas Freitas de Souza

DOI:

https://doi.org/10.51359/2317-5427.2019.244031

Palavras-chave:

acolhimento, hospitalidade, refugiados, internet, críticas

Resumo

Em proporções jamais vistas pela humanidade, a chegada da primavera árabe enfatizou o debate a respeito das migrações forçadas. O tema, agora em voga, são os refugiados. Fugindo do caos dos conflitos armados, são as flores de uma primavera de sangue e dor. Em busca de melhores condições de vida, mais de 68 milhões de pessoas migram de forma desordenada por todo o globo. A fuga deste conflito acaba por trazer à tona um novo conflito para seus atores. O partir, o chegar e o permanecer são agora o problema. Questões de acolhimento e hospitalidade são levantadas. Muito mais complexo que o simples receber, estas flores que agora habitam outros jardins não são vistas, muitas vezes, como tal, e sim, como ervas daninhas. O presente ensaio pretende “emoldurar”, com base na análise de comentários retirados do Web Mundo, a imagem do refugiado sírio contruída pelos nacionais portugueses. Pretende ainda analisar os confrontos enfrentados por estes refugiados durante o processo de socialização e sua experiência em relação ao chegar (acolhimento) e ao permanecer (hospitalidade), transpondo a instável ponte entre o “sejam bem-vindos” e os “refugiados de merda”.

 

Biografia do Autor

José Manuel Resende

Sociólogo. Professor catedrático de Sociologia em Évora. Investigador Integrado no CICS.NOVA, colaborador do PPGSP da UENF, consultor externo do INCT/InEAC da UFF e do Instituto Vladimir Herzog no Brasil, fundador e coordenador do coletivo Pragmaticus.

Lucas Freitas de Souza

Doutorando em Sociologia na Universidade de Évora, Portugal. Pesquisador colaborador no Grupo de Pesquisas Políticas Públicas e Dinâmicas Sociais e no coletivo Pragmaticus.

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Publicado

20-01-2020