Mulheres migrantes na fronteira Brasil/Venezuela: casamentos, cuidados e poderes de práticas familiares
Mots-clés :
mulheres, casamentos, cuidados, migração, fronteira, poderRésumé
A migração entre países fronteiriços se caracteriza por deslocamentos de tempos variados de pessoas que transitam entre fronteiras de um país e outro, casam com estrangeiros(as) e constroem famílias transnacionais. Mantêm vínculos com o lugar de origem e reorganizam vínculos afetivos e familiares nos lugares de trânsito/residência, onde oportunidades de trabalho figuram nas estratégias de vida. A família, neste cenário, torna-se um projeto constantemente construído e reavaliado, atualizando práticas diferentes de proximidade e distância entre “pessoas consideradas ‘da família’”. Descrevemos a fronteira entre Brasil e Venezuela, na região de Pacaraima e Santa Elena de Uairén, observando a ocorrência de casamentos interculturais/transnacionais nos quais predomina mulheres brasileiras casando com homens venezuelanos; as buscas transnacionais de trabalho, educação e saúde nessa condição; a inserção em programas de transferência de renda; e a maneira pela qual mulheres migrantes reorganizam as suas vidas. Examinando casos específicos, identificamos uma variedade de configurações de relações de gênero que mostram o exercício de práticas associadas à aproximação e distanciamento das que designam e pensam como família, formando palcos de conflito e negociação de poder sobre essas representações e vivências que resultam restritivas às mulheres ao tentaram estabelecer uma imagem positiva da sua experiência e de si mesmas.
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