A PROBLEMÁTICA DO ENSINO DA HISTÓRIA NOS TEXTOS E NAS IMAGENS DOS LIVROS DE DIDÁTICOS
Resumo
Um dia, no meu curso de Metodologia do Ensino de Estudos Sociais, discutíamos um tema muito caro a essa área, quando Márcia (aluna) me relata uma situação de ensino vivida por ela com seu grupo-classe de primário numa escola privada do Recife. Era o mês de abril e, segundo o calendário cívico, era o momento
de trabalhar o Descobrimento do Brasil. Como ocorre a inúmeras professoras em situações análogas, Márcia recorre ao livro didático, buscando inspiração para organizar suas aulas. Ao examinar o texto proposto pelo livro, a professora se depara com um relato já clássico, desses que transformam o professor em
transmissor de idéias dos "catadores de detaJhes" e que costumam reduzir a história a um anedotário fácil no qual se atribui os grandes acontecimentos a causas insignificantes e mesquinhas. Isto, no entanto, não lhe causou estranheza. Afinal seus estudos históricos na escola primária foram feitos sob esta mesma perspectiva, explorando a memorizão das datas e dos feitos dos
"cabrais", dos "caminhas" e dos "henriques-soares" (o oficiante da primeira missa). Não há nada mais reconfortante a um professor do que poder reencontrar-se, seja no momento de programar o ensino seja quando da sua execução, com os modelos e estilos que constituem de alguma forma sua "fortuna" existencial em termos de experiência escolar. Porém, algo lhe chamou a atenção, informações referentes a nomes de personagens e datas dos eventos apareciam em negrito. Márcia, que já havia realizado em algum momento uma crítica dessa forma de abordar o tema em questão, resistiu a transmitir o tema da forma que o livro propunha e decidiu explorar uma outra versão. Com esta decisão, lá se foi a professora para a sala de aula.
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