Estórias de João Guimarães Rosa e Mia Couto: fogueiras na longa noite ocidental

Autores

DOI:

https://doi.org/10.51359/2175-294x.2025.260264

Palavras-chave:

Guimarães Rosa e Mia Couto, tradução de mundos, universais ocidentalistas, experiência da aisthésis

Resumo

João Guimarães Rosa e Mia Couto traduzem mundos quando performam narrações de estórias que formam nação, intervindo em universais ocidentalistas. Esse gesto político tem escapado ao campo crítico brasileiro quando se compara os dois autores, considerando o cânone regional-universal como testemunho biográfico e síntese literária da modernização, pensada como um oposto dualista de formas culturais supostamente anacrônicas e inativas. Ao focarmos esse gesto político, notamos que Rosa e Mia Couto proporcionam uma experiência da aisthésis, que traduz mundos em suas variantes da língua portuguesa, evocando uma formação multilíngue e substratos linguísticos derivados dela.

Biografia do Autor

Maryllu de Oliveira Caixeta, Universitat Autônoma de Barcelona

Universidade Autônoma de Barcelona. Graduação em Letras e Mestrado em Teoria Literária pela UFU, Doutorado em Teoria da Literatura pela UNESP e Pós-Doutorado na USP, intitulado “A ficção do nome do autor em Tutaméia de Guimarães Rosa”, com apoio da FAPESP. Atualmente, desenvolve Pós-Doutorado na Universidade Autônoma de Barcelona, intitulado “Mia couto, crítico de seu precursor, Guimarães Rosa”, com apoio do CNPq . E-mail: maryllucaixeta007@gmail.com.

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Publicado

07-02-2025

Como Citar

Caixeta, M. de O. (2025). Estórias de João Guimarães Rosa e Mia Couto: fogueiras na longa noite ocidental . Revista Investigações, 38(1). https://doi.org/10.51359/2175-294x.2025.260264

Edição

Seção

Artigo - Literatura (seção livre)

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