Livros escolares e ensino de escrita: selecionando material entre a linguística e a história
DOI:
https://doi.org/10.51359/2175-294x.2018.237536Resumo
Este artigo defende que dados editoriais de livros didáticos são enunciados em ruína. Seu estado deruína, ao invés de excluí-los do horizonte da pesquisa, permite uma articulação entre análise do discurso francesa e história. Considerada a operação historiográfica (DE CERTEAU, 1982), pode-se, assumindo a posição do analista de discurso, conceber o livro didático comoparte de um acontecimento discursivo (PÊCHEUX, 2015). Os dados em ruína seriam enunciados que se entrecruzam no encontro de uma atualidade e de uma memória. Exemplificando esse procedimento, analiso o Método de redação, de Carlos Góes (1930).
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