Pensamento algébrico nos anos iniciais: o que pensam os professores?
DOI:
https://doi.org/10.51359/2177-9309.2021.250366Palabras clave:
álgebra, educação matemática, formação de professores, fenomenologia, pensarResumen
Neste artigo discutimos o que se compreende por pensamento algébrico considerando o que se evidencia nas pesquisas em Educação Matemática. A revisão teórica mostra que, embora não haja consenso entre os autores sobre o que se assume como pensamento algébrico, a perspectiva da História e da Filosofia da Educação Matemática nos dá possibilidade de dizer que, na sala de aula, a álgebra pode ser trabalhada a partir de situações nas quais se exploram o sentido numérico, as propriedades das operações e a identificação de regularidade em sequências, enfatizando o modo de pensar e não o conteúdo. Para entender o que se efetiva na sala de aula dialogamos com professores dos anos iniciais em um curso de extensão oferecido em parceria entre a Universidade Estadual Paulista, Unesp e a Secretaria Municipal de Educação de Guaratinguetá. A vivência no curso foi registrada em áudio e vídeo para constituir os dados de uma pesquisa de doutorado em desenvolvimento. Assumimos a pesquisa qualitativa de abordagem fenomenológica para a análise desses dados. Neste artigo trazemos, além da discussão teórica, a análise de uma situação vivida com os professores em um dos encontros do curso. Damos destaque aos diálogos, pois eles nos permitem identificar que o professor, ao ensinar Matemática nos anos iniciais, propõe tarefas que têm características do que se nomeia pensamento algébrico.
Citas
BICUDO, M. A. V. Pesquisa Qualitativa: significados e a razão que a sustenta. Revista Pesquisa Qualitativa, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 07-26, 2005. Disponível em: <http://rpq.revista.sepq.org.br/index.php/rpq/article/view/7/7>. Acesso em: 23 dez. 2016.
BICUDO, M. A. V. Filosofia da Educação Matemática segundo uma perspectiva fenomenológica. In: BICUDO, M. A. V. (Org.). Filosofia da Educação Matemática: fenomenologia, concepções, possibilidades didático-pedagógicas. São Paulo: Editora da Unesp, 2010. p. 23-47.
BICUDO, M. A. V. A pesquisa qualitativa olhada para além dos seus procedimentos. In: BICUDO, M. A. V. (Org.). Pesquisa Qualitativa Segundo a Visão Fenomenológica. São Paulo: Cortez, 2011. p. 11-28.
BICUDO, M. A. V. Sobre história e historicidade em Edmund Husserl. Cadernos da EMARF, Fenomenologia e Direito, Rio de Janeiro, v.9, n.1, p.21-48, 2016. Disponível em: <http://www.mariabicudo.com.br/artigos-em-peri%C3%B3dicos.php> Acesso em: 11 fev. 2019.
BICUDO, M. A. V. Pesquisa fenomenológica em Educação: possibilidades e desafios. Revista Paradigma (Edición Cuadragésimo Aniversario: 1980-2020), Ribeirão Preto, v. XLI, p. 30 – 56, jun. 2020.
BLANTON, M. L.; KAPUT, J. J. Characterizing a classroom practice that promotes algebraic reasoning. Journal for Research in Mathematics Education, v. 36, n. 5, 2005, p. 412-443. Disponível em: <http://mathed.byu.edu/kleatham/Classes/Fall2010/MthEd590Library.enlp/MthEd590Library.Data/PDF/BlantonKaput2005CharacterizingAClassroomPracticeThatPromotesAlgebraicReasoning-1974150144/BlantonKaput2005CharacterizingAClassroomPracticeThatPromotes Algebraic Reasoning.pdf>. Acesso em: 11 maio 2020.
BOYER, C. B. História da Matemática. Tradução de Elza F. Gomide. Ed da Universidade de São Paulo. São Paulo: Editora Edgard Blücher, 1974. 496 p.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa: Cadernos de Formação. Brasília: MEC, SEB, 2014. Disponível em: < http://pacto.mec.gov.br/2012-09-19-19-09-11>. Acesso em: 2021.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Brasília, 2017. 470 p. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf > Acesso em: 01 fev. 2020.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: matemática. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro03.pdf>. Acesso em: 07 jun. 2021.
CANADÁ. Paying Attention to Algebric Reasoning. p. 1-24. 2013. Disponível em: <http://edu.gov.on.ca/eng/literacynumeracy/PayingAttentiontoAlgebra.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2021.
CANAVARRO, A. P. O pensamento algébrico na aprendizagem Matemática nos primeiros anos. Revista Quadrante, Portugal, v. 16, n. 2, p. 1 – 81, 2007. Disponível em: <https://dspace.uevora.pt/rdpc/bitstream/10174/4301/1/_Quadrante_vol_XVI_2-2007-pp000_pdf081-118.pdf>. Acesso em: 11 out. 2018.
CARDOSO, C. L. Um estudo fenomenológico sobre a vivência em família: com a palavra a comunidade. 2007. 212f. Tese (Doutorado em Psicologia) - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/11321/11321_1.PDF. Acesso em: 24 abr. 2021.
COLTRO, A. A fenomenologia: um enfoque metodológico para além da modernidade. Caderno de pesquisas em administração, São Paulo, v. 1, n. 11, p. 37-45, 1º trim. 2000. Disponível em: < http://www.regeusp.com.br/arquivos/C11-art05.pdf >. Acesso em: 23 dez. 2016.
EVES, H. Introdução à História da Matemática. Traduzido por Hygino. H. Domingues. São Paulo: Editora da UNICAMP, 1995. 843 p.
FERREIRA, M. C. N.; RIBEIRO, M.; RIBEIRO, A. L. Conhecimento matemático para ensinar Álgebra nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Revista Zetetiké, Campinas, v. 25, n. 3, p. 496-514, set-dez. 2017. Disponível em: < https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/zetetike/article/view/8648585>. Acesso em: 13 jan. 2018.
FURLAN, R.; BOCCHI, J. C. O corpo como expressão e linguagem em Merleau-Ponty. Estudos de Psicologia, Campinas, v. 8, n. 3, p. 445-450, 2003.
HEIDEGGER, M. Que é isto – A Filosofia? In: HEIDEGGER, M. Conferências e escritos filosóficos. Traduzido por: Ernildo Stein. São Paulo: Nova Cultural, 1996.
HEIDEGGER, M. O que quer dizer pensar? Ensaios e conferências. Traduzido por: Emmanuel Carneiro Leão, Gilvan Fogel, Marcia Sá Calvacante Schuback. 8. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.
KAMPFF, V. L. Heidegger e o outro pensar: uma breve leitura de Que chamamos pensar?. Revista Análogos. Rio de Janeiro, n. 1, 2017. p. 76-85. Disponível em: <https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/31512/31512.PDF>. Acesso em: 10 abr. 2021.
KAPUT, J. Teaching and learning a new algebra. In: FENNEMA, E.; ROMBERG, T. A. (Orgs.). Mathematics classrooms that promote understanding. Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum, 1999. Disponível em: < http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/jponte/DA/DA-TEXTOS%5CKaput_99AlgUnd.pdf>. Acesso em: 08 nov. 2018.
KLUTH, V. S. Pesquisando a construção do conhecimento algébrico: um mergulho na História. In: V Seminário de História da Matemática, 2003, Rio Claro. Anais... Rio Claro, p. 453-464, 2003.
KLUTH, V. S. Uma visão filosófica do pensar algébrico. In: VII Encontro Nacional de Educação Matemática: Educação Matemática: um compromisso social, 2004, Pernambuco. Anais... Pernambuco, p. 1-14, 2004. Disponível em: <http://www.sbembrasil.org.br/files/viii/pdf/15/PA10.pdf>. Acesso em: 28 abr. 2017.
MACHADO, A. P. Do Significado da Escrita da Matemática na Prática de Ensinar e no Processo de Aprendizagem a Partir do Discurso de Professores. 2003. 291 f. Tese (Doutorado em Educação Matemática) – Instituto de Geociências e Ciências Exatas Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2003. Disponível em: <http://www.mariabicudo.com.br/resources/TESES_e_DISSERTA%C3%87%C3%95ES/Ant%C3%B4nio%20P%C3%A1dua%20Machado_T.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2020.
MACHADO, A. P.; BICUDO, M. A. V. Significados da escrita Matemática. In: MENEGHETTI, R. C. G. (Org.). Educação Matemática – vivências refletidas. São Paulo: Centauro, 2006, p. 105-120.
MELLO, A. M. Jogos Boole: o desenvolvimento do raciocínio através de histórias lógicas. In: XVI Encontro Regional de Estudantes de Matemática do Sul, 16. 2010, Porto Alegre, Anais ... Porto Alegre, 2010, p. 178-187. Disponível em: https://editora.pucrs.br/anais/erematsul/comunicacoes/18MELLO_ANA.pdf. Acesso em: 20 abr. 2021.
MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da Percepção. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
MILLIES, C. P. Breve História da Álgebra Abstrata. In: II Bienal da Sociedade Brasileira de Matemática, 2004, Salvador. Anais... Salvador, p. 1-58, 2004. Disponível em: <http://www.bienasbm.ufba.br/M18.pdf>. Acesso em: 11 fev. 2019.
MONDINI, F. Modos de conceber a álgebra em cursos de formação de professores de Matemática. 2009. 169 f. Dissertação (Mestre em Educação Matemática) – Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2019. Disponível em: <https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/91077/mondini_f_me_rcla.pdf?sequence=1&isAllowed=y> . Acesso em: 10 fev. 2019.
MONDINI, F. A presença da álgebra na legislação brasileira. 2013. 433 f. Tese (Doutorado em Educação Matemática) – Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2013. Disponível em: <https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/102139/mondini_f_dr_rcla.pdf?sequence=1>. Acesso em: 06 out. 2018.
PONTE, J. P. Números e Álgebra no contexto escolar. In: VALE, I.; PIMENTEL, T.; BARBOSA, A.; FONSECA, L.; SANTOS, L.; CANAVARO, P. (Orgs.). Números a álgebra na aprendizagem Matemática e nas formações de professores. Lisboa: SEM-SPCE, 2006. p. 5 – 7. Disponível em: < http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/4525/1/06-Ponte%28Caminha%29.pdf>. Acesso em: 11 maio 2020.
PONTE, J. P. Tarefas no ensino e na aprendizagem Matemática. In: PONTE, J. P. (Ed.). Práticas profissionais de professores de Matemática. Lisboa: Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, 2014, p. 13-27.
PONTE, J. P.; BRANCO, N.; MATOS, A. Álgebra no Ensino Básico. Lisboa: DGIDC. 2009. 181 p. Disponível em: < http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/7105/1/Ponte-Branco-Matos%20%28Brochura_Algebra%29%20Set%202009.pdf>. Acesso em: 11 out. 2018.
RADFORD, L. Algebraic thinking and the generalization of patterns: a semiotic perspective. PME, v. 1, p. 1-20, 2006. Disponível em: < http://www.luisradford.ca/pub/60_pmena06.pdf >. Acesso em: 11 maio 2020.
RADFORD, L. Sings, gestures, meanings: algebraic thinking from a cultural semiotic perspective. In: Proceedings of the Sixth Conference of European Research in Mathematics Education, 6. 2009, França, Anais... Lyon, 2009, p. 1-23. Disponível em: <http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.617.8010&rep=rep1&type=pdf>. Acesso em: 11 maio 2020.
SANTOS, L. A.; RIBEIRO, G. M. F. O fenômeno da abertura como modo de manifestação do ser. Revista Eletrônica do Grupo PET, São João Del Rei, n. 3, 2007, p. 1-10. Disponível em:< https://ufsj.edu.br/portal2-repositorio/File/existenciaearte/Edicoes/3_Edicao/FENOMENO%20DA%20ABERTURA%20COMO%20MODO%20DE%20MANIFESTACAO%20Leandro.pdf>. Acesso em: 18 maio 2020.
SÃO PAULO. Coordenadoria de Gestão da Educação Básica CGEB. Orientações Curriculares do Estado de São Paulo Anos Iniciais do Ensino Fundamental Matemática (versão preliminar). São Paulo: Secretaria da Educação, 2014. Disponível em: <http://www.educacao.sp.gov.br/a2sitebox/arquivos/documentos/962.pdf>. Acesso em: 12 jul. 2021.
SILVA, E. A.; SANTOS, C. A. B. Ensino de álgebra nos anos iniciais do ensino fundamental: uma reflexão sobre a BNCC e o currículo municipal. Revista de Educação Matemática e Tecnologia Iberoamericana, Recife, v. 11, n. 3. 2020, p. 1-19. Disponível em: <https://periodicos.ufpe.br/revistas/emteia/article/view/248057/pdf>. Acesso em: 10 abr. 2021.
STEIN, E. La estructura de la persona humana. Tradução de J. Mardomingo. Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos. (Originais de 1932-33), 2007.
ZILLES, U. Fenomenologia e teoria do conhecimento em Husserl. Revista da Abordagem Gestáltica, Goiânia, v. XIII, n. 2, p. 216-221, jul-dez 2007.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a. Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0).
b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
d. Os conteúdos da Revista Em Teia estão licenciados com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0). Esta licença permite que os reutilizadores distribuam, remixem, adaptem e desenvolvam o material em qualquer meio ou formato, desde que a atribuição seja dada ao criador. A licença permite o uso comercial.
Authors who publish with this journal agree to the following terms:
a. Authors retain copyright and grant the journal right of first publication with the work simultaneously licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International (CC BY 4.0) License.
b. Authors are able to enter into separate, additional contractual arrangements for the non-exclusive distribution of the journal's published version of the work (e.g., post it to an institutional repository or publish it in a book), with an acknowledgement of its initial publication in this journal.
c. Authors are permitted and encouraged to post their work online (e.g., in institutional repositories or on their website) prior to and during the submission process, as it can lead to productive exchanges, as well as earlier and greater citation of published work.
d. This license allows reusers to copy and distribute the material in any medium or format in unadapted form only, for noncommercial purposes only, and only so long as attribution is given to the creator.